Bem que a redação de Bacco & Bocca tenta não bater na mesma tecla, mas a vida do enófilo brasileiro insiste em ser uma merda.
Faz uns dez anos que parei de ler notícias sobre política, economia e
cultura brasileiras, pelo simples fato de que, como dizem no Nordeste, o país
me dá gastura.
No caso dos vinhos, a alienação é
a mesma, exceto pelas matérias e temas que pipocam por aqui – e, vá lá, nem
sempre acesso as últimas novidades dos predadores que dominam o mercado
brasileiro.
Nos comentários à receita de “Ravioli al Vino Bianco”, postada por Bacco,
um comentarista, anônimo, deixou o link para a “Premium Tasting – Wine
Education”, degustação de nome pomposo e com a ambição de educar
seus participantes.
Não resisti e fui ver do que se tratava.
Pu#*C7#!§
Era melhor que não tivesse visto: o evento anuncia que seus participantes, durante quatro horas, no dia do encontro, “...terão a oportunidade de degustar 39 vinhos selecionados, apresentados em degustações às cegas divididas em 6 flights”. A experiência será acompanhada por minipratos harmonizados”.
Pela brincadeira, a ocorrer em 24 de abril, os organizadores
(aparentemente, três famosos sommeliers de São Paulo), da Premium Tasting – Wine Education, pedem nada módicos R$ 1.350 –
ou, ao câmbio de quando este texto foi escrito, 223 Euros....
Nada menos do que 90%
do recém-reajustado salário-mínimo brasileiro.
Melhor sorte (e menor gasto) têm os portugueses: entre os dias 21 e 23 de fevereiro, a Alfândega do Porto abriga a edição 2025 da “Simplesmente... Vinho”, que congregará 101 viticultores da Península Ibérica apresentando o melhor de suas produções e que, agora, terá um mini especial dedicado ao Jerez.
Para participar da “Simplesmente... Vinho”,
o enófilo lusitano terá de desembolsar entre 21 e 27
euros, a depender do dia escolhido, ou pode, por 54 euros, adquirir um passe para os três dias.
A comida não está inclusa, mas é
o de menos: os 27 euros do ingresso, do sábado, dia em que evento custa mais,
representa menos de 4% do salário mínimo líquido
português (774 Euros).
O risível mundo dos vinhos no Brasil é mesmo de dar gastura...
Zé
E ainda ganha uma taça Riedel por dia...
ResponderExcluirNo evento de SP ganha um nariz de palhaço (e água liberada).
ExcluirJose nao acompanha politica? Vai aqui uma atualizacao: jair bolsonaro (aquele um, das piadas sobre ele) virou presidente (foi horrivel, logico) e depois perdeu e sabe quem voltou? O LULE, aquele mesmo, pai dos pobres. Toma um lexotan agora com caipirinha.
ResponderExcluirO euro continua bem acima de R$ 6 no cambio Turismo. Tin tin.
imagino os bicos que a turma fica fazendo num degustação premium dessa, um verdadeiro espetáculo
ResponderExcluirQuando leio sobre “degustações de vinhos” , “reunião de confraria”, só me vêm 2 coisas no pensamento: bicos bisonhos e cefaléia.
ResponderExcluirQuem tá fora do Brasil siga fora, aqui a moda agora é beber café de milho. Sim, isso mesmo. Café tá caro. Tão vendendo café de milho. A new low.
ResponderExcluirIdeia pra um reality show: dar uma moeda para os escritores do site Bacco e Bocca jogarem pro alto. Se der cara, vão pra uma degustação paulista de vinho nacional cheio de influencers e sommeliers de Instagram. Se der coroa vão para uma sala vip de aeroporto com ex-bbbs regada a espumantes ruins e canapés mais duros que peso de papel.
ResponderExcluirsala VIP com queijo tipo mussarela, aquela salada de fruta vencida....velha....cafe frio... e a familia com crianca gorda no telefone assistindo a YouTube com volume mais alto que a turbina do aviao
ExcluirCaramba, descrição tão real que até arrepiei
ExcluirBacco e Dionísio passaram o final de semana pesquisando como fazer uma moeda cair em pé, para não terem a gastura que uma cara ou uma coroa (sem trocadilho) lhes dariam.
Excluiracho que vou tentar aqui em casa também...
Zé
Sala VIP (verdadeira indecente porcaria) pior do que a da Brasília não existe
ResponderExcluirSommelier Brasileiro explica tudo sobre vinhos Chianti e o Galo Nero.
ResponderExcluirhttps://youtu.be/uJQ3fnTY7ok?si=G6-XZ_1yoXljcfoe
O ciclista do vinho não conhece a Toscana, claro, sua fonte é o Google. As informações são banais, impessoais, e comerciais
ExcluirNossas caneta$ de aluguel estão a todo vapor: https://www1.folha.uol.com.br/comida/2025/02/produtores-no-brasil-investem-nas-culturas-de-vinho-e-azeite-como-na-europa.shtml (desabilite o javascript para ler a reportagem na integra)
ResponderExcluirNo mundo da enologia Brasileira temos apenas uma certeza: de tédio a gente não morre.
ExcluirSei que o foco deste blog é vinho e falamos mal do ridículo e patético ufanismo do vinho gaúcho, mas tenho que falar que outra área onde o ufanismo está torrando, literalmente, a paciência é no café. Sim, Brasil tem bons cafés, mas por alguma razão a nova moda é bater nos cafés colombianos e da costa rica alegando que o "três corações" ou o "café da serra do sei lá onde em MG" são muito melhores. Desculpa, não são. As grandes marcas comerciais de café que provei (gourmet e especiais) como 3 corações, Lor, e outras da "região blá-blá-blá e Serra do bliblibli" são inferiores aos desses países, ainda que muito superiors aos horrores de pilão, melita e afins. Ufanismo chato.
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