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domingo, 14 de julho de 2024

UMA PRAGA CHAMADA PROSECCO

 


Produzir vinho foi, gradativamente, se transformando em um ótimo negócio haja vista quantas multinacionais investiram e continuam investido no setor.

O mais importante de tudo, para os modernos produtores de vinho, é o lucro; custe o que custar o lucro é o a meta a ser alcançada.

Tradição, cultura, amor à terra, a figura do viticultor suado, mãos sujas, calejadas, assando ao sol é coisa do passado, faz parte do folclore.



Hoje qualquer vinícola, mesmo a de médio porte, possui departamento comercial, de marketing, de propaganda, enólogo, etc. etc.

 Nada é deixado ao acaso, tudo é planejado e sempre com as antenas ligadas às tendências e mudanças no mundo do “Vinho-Moda”.




A moda é parkeriana? Vamos produzir vinho “marmelada.

A tendência pende para os vinhos biodinâmicos? Comprem todos os chifres e bostas de vacas disponíveis e vamos fingir que os produzimos



O eno-tontos querem vinhos “ânfora”? Contatem todas as olarias da região.

A mais nova e terrificante moda: “Uma Praga Chamada Prosecco”.

O Prosecco, com seus números estonteantes e que não param de crescer, fez borbulhar o coração de incontáveis novos “Dom Pèrignon” que, sem o mínimo escrúpulo, pudor ou vergonha, resolveram inundar o mercado com intragáveis e horríveis espumantes.



Em todos os cantos do mundo as bolhazinhas seduzem e alegram (será?) taças, mentes e corações ...

 Na Itália, pátria da “Uma Praga Chamada Prosecco”, de norte a sul, de leste a oeste, a “mania espumante” tomou conta do mercado vinícola.

 Milhares de etiquetas anunciam bolhas vinificadas com as mais inimagináveis e menos recomendadas uvas com a esfarrapada desculpa de que “Espumantizar” é preciso.......

Quando a vinícola encontra alguma dificuldade, ou não possui capacidade técnica para produzir espumantes, recorre às indústrias especializadas (há muitas).



Troca de ideias, quantidades desejadas, faixa de preço, qual uva e....Voilá: Branco, Rosè, método clássico (será?), Charmat ou Martinotti, não tem problema.... basta assinar o contrato e em poucos dias o novo “espumantista”  receberá seu borbulhante vinho embalado, etiquetado e pronto para inundar o mercado com mais uma tremenda bosta.

A farsa das bolhas falsas.

Na Itália há incontáveis vinícolas que, nos últimos anos, inseriram em seus catálogos pelo menos, um espumante.

Uma verdadeira “Torre de Babel” borbulhante Espumantes produzidos com uva nem sempre as mais indicadas: Cortese, Barbera, Bianchetta Genovese, Ribolla Gialla, Vermentino, Verdicchio, Pinot Bianco, Pinot Grigio, Grechetto, Priè Blanc de Morgex, Torbato, Pecorino, Sorbara, Manzoni, Malbec, Aglianico, Albarola, Greco, Malvasia, Garganega, Trebbiano, Falanghina, Susumaniello.......E se mais casta houvera, lá chegara.

 


Não é preciso dizer que a esmagadora maioria desses espumantes é deplorável, mas há algumas denominações, como Franciacorta, Trento, Oltrepò Pavese, Alto Adige, que revelam garrafas de boa e até ótima qualidade.

O resto é o resto......

Dois dos piores espumantes, que provei nos últimos tempos, são típico exemplo de como, de norte a sul, é possível produzir tremendas-bostas.

“Alta Langa", pomposa denominação que os piemonteses inventaram para doar um ar de seriedade e qualidade aos espumantes que são produzidos em vinhedos acima dos 500 metros, onde antes somente havia avelãs, pastagens e bosques, oferece algumas garrafas interessantes, mas uma infinidade de porcarias.



Uma delas: “Passe Partout Brut”, espumante vinificado, com uvas Chardonnay e Pinot Noir, pela vinícola Barberis, é um belo exemplo de como não se deveria abandonar o cultivo de avelãs para se dedicar às bolhas em terrenos que nunca revelaram, antes, vinhos importantes.



Fui convidado, pelo proprietário do bar “Sun-Flower”, de Santa Margherita, para degustar e em seguida opinar sobre o espumante “Passe-Partout” da vinícola  Barberis sediada em Cortemilla.

Consegui repetir o primeiro gole apenas para me certificar que estava, pela enésima vez, bebendo mais um espumante ,“Alta Langa”, de qualidade mais que discutível e que nunca voltaria a beber.

Mais uma coisa: O “Passe-Partout” custa tanto quanto o “Ferrari Brut” e não vale nem a metade....Fuja.



Do Piemonte, estremo norte da Italia, voei, nas asas do “L’Archetipo Sussumante”, espumante, rosé, realizado com uvas Susumaniello, para o sul da Bota e constatei que sempre é possível piorar o que já é ruim: O “L’Archetipo Sussumante” consegue ser pior do que o “Passe-Partout”.

O proprietário da “Vineria Macchiavello”, que adora “descobrir” novas garrafas , com o lamentável L’Archetipo Sussumante”,  conseguiu o impossível: Encontrar uma vinícola “Sadim” (Midas ao contrário) que consegui transformar uma ótima uva, Susumaniello, em um espumante tremenda-bosta.



Graças à “Uma Praga Chamada Prosecco” os enófilos de todos os cantos do planeta assistem, impotentes e estupefatos, a um verdadeiro tsunami de espumantes deploráveis.

Minha nova “missão”: encontrar tremendas-bostas e revelar suas identidades aos leitores de B&B.



Meu paladar que aguente....

Bacco

 

  

19 comentários:

  1. O bananal é tão atrasado que enquanto vocês estão na praga do prosecco, nós estamos na praga Freixenet. Nada tão ruim que não possa piorar.

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    1. O Freixenet, também produz prosecco... até rosé

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    2. É injustiça comparar os horríveis Prosecco, com um Cava, mesmo que sejam feitos em carregação, como os Freixenet. Aliás, apesar de não ser barato, o Segura Viudas Reserva Heredad não é ruim. Apesar que lançaram um novo, em garrafa normal, mais barato e com nome parecido, que não está me cheirando bem,

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    3. Freixenet é tão ruim que é usado para drinks que usam vinho. É igual azeite ruim que se usa pra cozinhar.

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    4. Apesar de eu não ser grande apreciador de drinks, queria que vc me dissesse onde usam Seguras Viudas Reserva Heredad neles. Quero ir lá.
      Não se usa ingrediente ruim em nada. Isso vale para tudo. Quando eu faço Brasato al Barolo, no mínimo uso um Nebbiolo Perbacco na execução. Para mim não existe a máxima “vinho para cozinhar”. Geralmente, utilizo o mesmo que vou beber com a comida.

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    5. Tá aí mais uma figura recente do blog: o que cozinha com vinho bom.

      Tem o bebedor de Pera Manca, tem o que paga R$500 no evento da Mistral, tem o que cozinha com vinho bom. São os enostentadores.

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    6. A propósito, meus Cavas prediletos são o Mata Kripta, de Agustí Torello e os Gramona.

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    7. O anônimo que me criticou por usar vinhos bons para cozinhar se expôs ao ridículo e confirma que o B&B já teve melhores missivistas. Pergunte a um francês ou italiano se usam Pérgola em suas receitas. Por que você acha que o prato se chama Brasato al Barolo? Por que usam Sangue de Boi? Acha que usam vinho ruim para fazer um Bouef bourguignon? Provavelmente você é daqueles que usam vinho Palmeiras e similares para cozinhar, com a convicção que para cozinhar tem que ser vinho barato e/ou passado, né? Sinto te dizer, mas novamente você está equivocado. Pergunte ao anfitrião do blog o que ele acha de cozinhar com vinho ruim. Dá tempo de você mudar seus conceitos e começar a comer e beber melhor. A vida é curta.

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    8. BTW, anônimo muquirana que usa Chalise para cozinhar, sou leitor do B&B desde quando estava em outra plataforma. Portanto, você é quem deve ser o “novo” por aqui.

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    9. Você foi logo nos piores vinhos para tentar se justificar. Buscou refugio no extremo. Ninguém falou em pergola ou sangue de boi, mas se pode usar um vinho simples chileno de 50-60 reais para cozinhar, gastar um vinho bom, um italiano de qualidade, é enostentacao, mas se te faz feliz vai fundo... por mim você pode cozinhar com um chateau petrus

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  2. Lembrei do Alta Langa Enrico Serafino. Pretensioso?

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  3. Bacco precisa ver essa aqui kkkk

    "Barone" kkkkkk

    https://youtu.be/xt2XscDufNI?si=LnlaLhY-nN4MAZOi

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    1. Perdão , mas não consegui assistir até ao fim. Picareta de bicicleta, sommerdier de 3ª categoria, sorrisinho mais falso e irritante do que o Nebbiolo apresentado. A nova geração de picaretas do vinho supera facilmente, no quesito "despreparo-cara-de-pau" a anterior. Quase sinto saudade do Beato Salu, Marcelinho Pão e vinho, Bilu Tetéia, Clara Camimila, Gledson Salame.....

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  4. Pergunta: essa expansão na produção de espumantes é uma moda passageira, ou atende a alguma necessidade permanente de mercado, ditada, sobretudo, pelas alterações climáticas no continente europeu? Nos últimos verões que passei na Itália, Espanha e França, a canícula desestimulou o consumo de vinhos brancos mais, digamos, gustativos, estimulando o consumo de rosés ou espumantes de produção massificada. Que, de fato, são bem ruinzinhos.

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  5. Acredito que os tintos "vinhões parquerianos" , pesados, demasiadamente alcoólicos, caros, etc. cansaram. Os jovens vão de Sprtiz e outros coktails leves , as mulheres , que entraram de sola nos espumantes, e possivelemente o aumento das temperaturas, são alguns indicadores de que a "Moda-Espumante" não será passageira

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  6. em Budapeste, há uma loja e um wine bar (independentes um do outro) especializados em prosecco.

    socorro!

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    1. My Gosh. Depois me passa o endereço, para eu bloquear! 🤣🤣🤣 Deus me livre de Proseccos. E daqueles que dizem que vão beber um “Prosequinho” na piscina… rsrsrs.

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