Nas últimas matérias, de Bacco e Bonzo, percebi uma leve, mas
preocupante impressão de que ambos acreditam estar próximo e inexorável o
declínio dos bons e velhos tempos dos pequenos, tradicionais e bons produtores
e que suas heranças, tradições e culturas vinícolas, preservadas ao longo de
muitos séculos, estão com os dias contados e se aproximam ao inexorável fim.
Será?
Medo, tenho sim, mas um relatório estatístico e uma garrafa de “Verdicchio dei Castelli di Jesi” me fizeram recuperar o otimismo, discordar dos dois amigos “pessimistas” e acreditar que o “Apocalipse Vinícolas” italiano, francês, espanhol, português, não está tão próximo, assim.
A “UVI” (Unione Italiana Vini) informa que, em 2000, no panorama vinícola
italiano operavam nada menos do que 791.000 empresas e
que, em 2023, restam “apenas” 225.000 delas.
O fim está próximo, então?
Não!
A “UVI” e continua informando que, apesar da impressionante diminuição numérica, as empresas que “sobreviveram “ estão mais estruturadas, a superfície média das propriedades vinícolas italianas, no mesmo período, passou de 0,7 hectares a 2,5 hectares e que o valor das exportações aumentou 165%.
Muitas pequenas e médias vinícolas foram compradas por investidores, estrangeiros e italianos que, pela própria natureza empresarial, visam apenas lucro rápido e fácil.
O charme do vinho chamou a atenção de um sem número de
artistas, jogadores de futebol, influencers, etc. que nada entendem do assunto
e desejam apenas aparecer nas etiquetas famosas de seus vinhos.
O vinho agrega charme, sofisticação, elegância ...... Já
imaginaram o Brad Pitt produzindo suco de berinjelas ou de cenouras?
Ataque por todos os
lados, mas sobraram, ainda, 225.000 vinícolas na Itália (mesma realidade é
encontrada na Espanha, Portugal França etc.)
Uma das “sobreviventes”,
a “Vignamato”,
de quem jamais ouvira falar, produz um ótimo Verdicchio, em San Paolo di
Jesi, na Região Marche.
Semana passada, em um bar da belíssima Bobbio, resolvi beber,
antes do almoço, uma taça de vinho branco.
Um atencioso e competente garçom apresentou a carta de vinhos
e continuou: “Abri
agora mesmo uma garrafa de Verdicchio “Versiano”. O senhor quer provar?
”.
Conheço um considerável número de etiquetas, mas jamais ouvira,
antes, nominar o “Versiano” da “Agricola Vignamato”
e muito menos de seus vinhos.
Bingo! Sempre considerei a Verdicchio uma das castas brancas mais importantes da Itália (outras são: Carricante, Timorasso, Garganega, Trebbiano, Fiano...), mas o “Versiano”, da Vignamato, me surpreendeu pela sua ótima qualidade e preço convidativo (Euro 10 a garrafa).
Bela cor amarelo palha, aromas complexos e intrigantes, ótima
estrutura que sugere possa acompanhar até carnes não muito condimentadas.
Belo vinho, prova concreta que, apesar da invasão dos
predadores, picaretas e dos modismos, sempre é possível beber muito bem sem
estuprar o cartão, basta ter paciência e garimpar
La Vita è Bella......
Dionísio.
Parabéns, Dionísio, você achou algo muito raro esses dias e não estou falando apenas de vinhos. Tenho notado que quase todos os negócios (produtos ou serviços) tem seguido uma das duas lógicas:
ResponderExcluir1- Queda gradual e continua da qualidade para manter preços acessíveis mas entregando cada vez menos (ex: serviço de bordo de avião, caixa de bombom cada vez com menos e qualidade pior do chocolate, sorvetes em potes cada vez menores e ingredientes piores, prédios modernos construídos sem isolamento acústico entre unidades em que os vizinhos podem conversar pelas paredes, eletrodomésticos que duram 1/3 do tempo de antigamente e um longo etc)
2 - Serviços que mantém a qualidade ao longo do tempo, mas aumentam preços de forma completamente abusiva (streaming, servicos online, uber, revenda de vinhos, bons restaurantes, etc). Normalmente seguem o modelo de crescer a base com preços bons e depois "milk the cow" nos fidelizados.
O que é praticamente impossível encontrar e por isso parabenizo o colega é algo que mantenha uma boa qualidade e aumente os preços de forma aceitável ao longo dos anos. Parece ser o caso do belo vinho por 10 euros.
Abraço do tagarela.
Concordo, mas esqueceu o papel higiénico com menos metros...... kkkkkkk
ResponderExcluirO Taguinha limpa com lencinho umedecido. É outro patamá.
ExcluirA coisa está tão feia, que o pessoal já está achando barato, aqui no Brasil, vinhos entre 200-300 moluscos. Ou seja, 40-50 Bidens. Completo absurdo.
ResponderExcluirVinicola nacional desconhecida que vende imagem de qualidade já nasce com vinho nesse patamar. Vinhedo virgem, enólogo de primeira viagem, terroir insignificante, matéria prima insossa e tome R$250 pro nosso vinho de estreia porque é "tiragem muito limitada".
ExcluirTiragem limitada porque o resto estragou. Foi o que sobrou. 🤣🤣🤣
Excluir"muito limitada" é a inteligência de quem compra
ResponderExcluirO barone, que é a cópia do barolo Brasileiro, custa R$250.
ExcluirSabe aquelas marcas pequenas que tentam imitar marcas famosas? "Ardidas", "Naique". Temos o Barone.
É um vinho varietal nebbiolo com tanta madeira que parece que você tá mordendo uma árvore, mas tem medalinhas... kkkk
Você o bebeu? E como é?
ExcluirNão provei, mas fui ler algumas notas de degustação na Internet. Um disso que "é um vinho perfeito para o ralo da pia". Outro foi mais detalhado: "no palato pirulito de morango com chocolate galak, pouca ou nenhuma acidez". Estão no Vivino. Jamais gastarei R$250 com isso.
ExcluirOlha, eu não confio em revistas, e tampouco Vivino, onde um monte de gente escreve impressões depois de encher a cara. Passo longe de Vivino. Mas acredito piamente que este vinho não seja bom, pois nunca bebi Nebbiolo decente fora do Piemonte. E com 250 moluscos, garanto que consigo comprar, mesmo no Brasil, bons Langhe e até Barbaresco mais simples, que devem ser muito melhores.
ExcluirEsses 10 euros virariam quanto aqui... Difícil tomar vinho decente por estas bandas.
ResponderExcluirVirariam no mínimo 120. Garimpando dá sim para encontrar bons portugas nesta faixa.
ExcluirGarimpar, garimpar não rolou aí...o garçom esfregou na cara do Dionísio, o vinho. Queria ter um garimpo assim, com ouro brotando. Ja tomei esse vinho. Endosso-lho.
ResponderExcluirTenho dito, JJ Botelho.
Garimpo assim, no Brasil , por 10 Euros? O melhor que você encontrará para beber, na ilha da fantasia enológica, será uma tremenda bosta
ResponderExcluirOlha essa agora, Bacco...
ResponderExcluirhttps://www.estadao.com.br/amp/paladar/radar/produtores-vinho-lancam-merlot-conjunto/
Um grupo de produtores de vinho da denominação de origem (DO) Vale dos Vinhedos lançou em conjunto o tinto 10 Lotes DOVV Merlot. O projeto é um blend de nove barricas de merlot, das safras de 2020 e 2022, e uma barrica de cabernet sauvignon, de 2021. A edição é limitada, com 3 mil garrafas e preço sugerido de R$ 488, segundo a coluna Le Vin Filosofia, de Suzana Barelli, no Paladar.
Em resumo: junta um monte de vinho que deveria valor 50 janjas, mistura essa surub@ e cria um vinho de 488...
ExcluirSuzana Barelli = Monica Bergamo/Miriam Leitão do vinho. Inutil. Pensar...escrever algo novo? Nem ferrando.
ExcluirSuzana Barelli entende de vinho tanto quanto a Janja de discreção
ExcluirO bilu teteia, em que pese a fome e a sede enormes - como bebe, esse cidadao (e os merchants), sabe mais que essa jornalista de vinhos.
ExcluirOs caras da vinicola do Barone se passaram. Comprava esse vinho a 50 pratas...mas depois resolveram meter a mao! De início nao vinha com essa carga de madeira que comentaram, mas faz muito tempo que nao bebo! Vai ver a madeira fez o vinho custar tanto :)
ResponderExcluirA receita já é manjada, colega anônimo:
Excluir1- inscrever o vinho em uma porção de concursos que distribuem medalha até pra tang de uva.
2- colar as medalinhas no rótulo e "dar uma forma" de vários influencers/sommeliers falarem bem do vinho, com destaque pras "premiacoes"
3- Anunciar que são pouquíssimas garrafas para dar ainda mais sensação de valor e prestígio.
4- Aumentaram o preço de R$50 pra R$300