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sábado, 27 de janeiro de 2024

SAUDADE DO RENATO MACHADO

 


Pode até parecer um melancólico “ataque” saudosista, mas quando ouço canções de Ary, Jobim, Cartola, Caymmi, Lira, Lupicínio, Adoniran, etc., interpretadas por João Gilberto, Lucio Alves, Rosa Passos, Dick Farney, Gal, Elis etc. e depois ter que conviver com os grunhidos de nossos atuais intérpretes, Pabllo Vittar, Jojo Todinho, Ludmilla, Anitta e Cia., sou acometido, invariavelmente, por graves problemas gastrointestinais.


Para realizar o presente desabafo escolhi o campo musical pois, normalmente, escrevo ouvindo música.

Quero deixar claro que não sou saudosista só musicalmente, creio que, exceto no campo da ciência e tecnologia, a humanidade está voltando à idade média cultural e o número de imbecis, que habitam a terra, atingiu níveis assustadores.



Feitas as minhas normais, costumeiras e provocações, vamos ao que interessa.....

Reafirmo que estamos regredindo e confesso que até os críticos eno-gastronômicos, com os quais tive memoráveis embates, quando iniciei a quixotesca jornada do “B&B”, eram mais preparados, seus conhecimentos vinícolas infinitamente superiores, mais interessante e menos declaradamente venais do que as dos atuais deploráveis e dispensáveis “influencers”.


Havia, então, os mundialmente famosos, Robert Parker, James Suckling, Jancis Robinson, Luigi Veronelli, Luca Maroni etc. e no Brasil, Renato Machado, era a referência mais badalada e seguida.

Renato, era um chato de nariz empinado, mas, e pelo menos, tinha cultura e conhecimentos vinícolas adquiridos em suas constantes viagens pela Europa e não parecia descaradamente venal (Danuza Leão, quando de sua separação, acusou Machado de somente falar de vinhos)

Jorge Lucki, que o substituiu, fez bonito, demonstrou preparo muito superior aos dos patetas da AB$, mas quando a grana “Global” murchou teve que abrir as pernas e rodar bolsinha para faturar.



Jorge foi obrigado a esquecer Côte D’Or, Langhe, Champagne, Bordeaux etc. e escrever patéticas matérias elogiando “Os Melhores Espumante Nacionais”, “50 Anos de Comemoração da Chandon no Brasil, “Os Melhores tintos Nacionais” e outras matérias visivelmente encomendada$.

 Jorge-de-pires-na-mão-Lucki, precisou até elogiar a tremenda-bosta-Sauvignon da Villa Francioni.....

Mas Jorge continua flutuando, nas ondas vinícolas, por sua inteligência, cultura e passado.



Da velha guarda, já caminhando para as escuras entranhas das eno-catacumbas, podemos ainda lembrar e mencionar, Didu Bilu Teteia, Diego Rebola, nosso eterno candidato a melhor sommelier do mundo (da lua?), Beato Salu dos cruzeiros medievais e exterminador de fundos de garrafas deixados como gorjetas pelos abonados clientes do Fasano, Sir Edward Motta, Aldo Assada e outros que já não recordo.

Os antigos críticos, como única herança, deixaram as teias de aranhas que envolvem seus sarcófagos.



É chegada a hora e a vez da picaretagem deslavada, sem barreiras e sem vergonha, dos youtubers, tiktokers .....

Qualquer um, que possua uma cara de pau bem lustrada e nenhum resquício de vergonha, pudor ou autocritica, pode “vender” desde vinhos e até pomada para hemorroidas....

Meia hora no Google, “estudando”, tomando algumas notas do vinho escolhido e já estão prontos para a filmar e falar um monte de tremendas-bostas comentando e descrevendo a garrafa para uma infinidade de eno-parvos de plantão.



Um “sádico” seguidor me enviou um vídeo de um dos novos expoentes da “moderna” comunicação vinícola: “Vinhos de Bicicletas”.



Já o nome desperta curiosidade, curiosidade que aumenta quando o rotundo e risonho “sommerdier”, apresenta, segundo ele, uma novidade piemontesa: “Selvaggia”, um blend das uvas Nebbiolo-Barbera.

O sommerdier, sobre suas duas rodas, percorre, alegre, desenvolto e falante, as terras piemontesas como se lá tivesse nascido.

https://www.youtube.com/watch?v=njvyzvxTITs

Não nasceu e se não fosse uma mãozinha do Google nem saberia quais as uvas produzidas naquela região italiana.



O youtuber, a serviço da importadora Mondoitaly, já de cara diz uma besteira do tamanho de sua alcoólica bicicleta: ao apresentar uma garrafa de vinho, blend de Nebbiolo e Barbera, afirma: “.... hoje eu te conto sobre um novo estilo que nasce por lá”.

Sem o mínimo de constrangimento e conhecimento, o nosso Pantani das uvas, continua, montado em sua bicicleta sem freios, desfiando um rosário de homéricas eno-cagadas.

Se nosso eno-ciclista tivesse pelo menos consultado um pouco mais o Google, teria verificado que o “novo estilo que nasce por lá…” foi pesquisado e realizado, por Giovanni Dalmasso, um dos pais da ampelografia italiana, que, em 1938, unindo em uma única variedade as características das duas principais castas piemontesas, Barbera e Nebbiolo, dava vida à uva “Albarossa” conhecida, também, como “Incrocio Dalmasso XV/31”.



Após um longo período de experimentos, em 2001, a “Albarossa” foi finalmente inscrita no livro das variedades das uvas idôneas para cultivo nas províncias de Asti, Alessandria e Cuneo.

Se tivesse deixado a bicicleta e alugado uma motocicleta, nosso $ommerdier teria chegado à essa informação e não começaria sua deslavada propaganda do “Selvaggia” já dizendo uma serie de idiotices.

Aliás são tantas as idiotices que é preciso escrever mais uma matéria sobre assunto.

Aproveito para pedir escusas por meu incomum e longo silêncio…a dengue que o digo.

Bacco

 

 

12 comentários:

  1. A loucura dos youtubbers do vinho não conhece limites. Já vi youtubber que recomenda colocar gelo em taça de chardonnay "pra dar uma quebrada", já vi um que recomenda misturar suco de maracujá em vinho tinto, e claro, a turma dos vinhos nacionais, em especial o do famoso narrador aposentado. Esse citado no texto já elogiou bastante os vinhos do Galvão e hoje tem a árdua missão de recomendar vinhos do pão de açúcar, árdua porque é, de longe, o pior custo benefício que conheço. Caríssimo.

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  2. Pegar dengue e chifre: Ninguém escapa disso ao menos uma vez na vida. Esse jorge unlucky nunca me enganou, mas reparo que essa sala de bate papo virtual curte o vivente, ao meu ler, mais que deveria.

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    1. Toma a vacina, pô! Pode até pegar, o que realmente é fácil, mas não vai sofrer.

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    2. Já era, não. Será se pegar novamente, pois tem a chance de vir a hemorrágica. Toma logo a vacina. Só verifique se tem um tempo a respeitar após ter tido a dengosa.

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  3. Um dos seus melhores textos, Baquito! Gostava do Menu confiance. Era divertido. Em relação à velha guarda, você se esqueceu do saudoso Saul Galvão.

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  4. Respostas
    1. Como ja foi dito em algum lugar os criticos de vinho da ilha do bananal nao tem identificacao com o lugar de onde os vinhos vem. Essa turma mora em cidades cosmopolitas e nao viaja alem de Foz de Iguacu...tirando os trens da alegria de outrora a mendoza ou santiago. Cidadao vai falar do que sem saber/conhecer a regiao? Da nisso que temos....grupo de gente com alcoolismo tentando falar bonito vindos de degustacao promovida por quem, quem quem? Por ele, raimundo nonato.

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  5. Renato desde sempre um chato de galhochas de informações enológicas dispensáveis

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  6. No Instagram do RM ele gasta 3 minutos num post pra explicar que um Champagne de 828 reais comercializado no Brasil é excelente. ? É julgar o interlocutor como cretino. O tempo vai passando e a coisa vai piorando

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  7. Não sei se foi coincidência, mas o mesmo sommelier acaba de soltar um vídeo falando tudo sobre prosseco "e suas polêmicas".

    https://youtu.be/mlD4huCN34o?si=fz1SNeJgizYONyPd

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  8. Desisti de ver e ouvir quando o Pantani não soube pronunciar corretamente Asolo. É um Google sommerdier

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