Pode parecer exagero, mas se já era difícil escrever seriamente sobre vinho, no Brasil, hoje é tarefa quase impossível.
Uma miríade
de “wine
connoisseurs” aporta, todos os
dias, nas páginas das revistas, jornais, redes sociais, You Tube, Tick Tock e
sei lá mais o que aparecerá na próxima semana.
Surgem do
nada, sem nada saber, mal distinguem um tinto de um rosé, mas são endeusados e
venerados, como verdadeiros oráculos do vinho, por um exército de seguidores
abobados-deslumbrados ..... A vitória total e retumbante da mediocridade.
Sempre há um parvo-picareta elogiando um picareta-parvo: Caminha, assim, trôpega, cínica e venal, a crítica vinícola do Brasil.
Todas as manhãs,
ligo o computador, percorro rapidamente as notícias, mais importantes, consulto
alguns blogs europeus especializados em vinhos, leio os e-mails e no final,
quase automática e masoquistamente, visito o site do bolorento: “Correio Brasiliense”.
O
“automaticamente” fica por conta de um passado em que o “Correio” reinava, absoluto, na capital e sua leitura era quase obrigatória.
O “masoquistamente” nasce de minha incompreensível
insistência em acompanhar a inexorável decadência do periódico e suportar o
forte cheiro de naftalina que exala das matérias escritas por alguns de seus mais
antigos e ultrapassados colaboradores.
Uma das mais
“naftalínicas” colaboradora, do “CB”, é a vetusta Liana Sabo.
Liana Sabo, com
sua “Olivetti Lettera 22”, continua escrevendo, há mais de 55 anos, a coluna: “Favas Contadas”.
As “favas”,
da Liana, já são mal contadas há décadas, mas nenhum diretor tem coragem de
aposentá-las definitivamente.
Liana, não
entende absolutamente nada de vinhos e nem de
gastronomia, mas continua, sua
quixotesca caminhada, escrevendo patéticas e risíveis matérias (paga$?)
A Cristina Neves,
“especialista em vinhos”, a mais nova descoberta da Sabo, promove, sem demostrar
um leve rubor ou uma sombra de constrangimento, caríssimas garrafas das vinícolas Garzon e Concha Y Toro
As degustações, promovidas pela especial$ta em vinho$, “Cristina Garzon de La Concha Y Toro Neves”, são notórias e se caracterizam por induzir os eno-tontos a gastar os tubos em vinhos de preços superlativos e qualidade questionável.
Faturar é preciso,
mas informar, honestamente, jamais.
Nossa Liana “naftalínica”, com seus (des)conhecimentos vinícolas, poderia descrever os vinhos lembrando o “Samba do Crioulo Doido”: “taninos furtados”, “sabor-mídia-azeda”, “furtas vermelhas”.
Vinhos para
simples e comuns mortais?
Nem pensar!
Aa garrafas apresentadas, pela nossa “e$peciali$ta em Vinho$”, custam os olhos da cara...Todas bem acima de R$ 1.000
Nossa veneranda-vetusta Liana Naftalina Sabo
faz um dueto com “Cristina Garzon Concha Y Toro
Neves” nos elogios aos vinhos chilenos e argentinos, como se obras
primas fossem.
Não são obras primas, nem primarias.... São apenas garrafas dispendiosas-dispensáveis.
Ao ler a
matéria, rigorosamente paga, de nossa “naftalínica” jornalista, não pude deixar
de recordar uma degustação da qual participei, em Alba, no mês de maio de 2023.
O evento me pareceu muito interessante e não hesitei em gastar 15 Euros para comprar, na internet, um ticket da manifestação.
No dia 21 de
maio me apresentei, em uma das várias barraquinhas da “Go Wine”, espalhados
pela cidade, apresentei o recibo do pagamento e recebi uma pequena sacola de pano
contendo uma taça.
A sacola + taça era o passaporte para, a partir das 15 e até às 20 horas, frequentar e degustar os vinhos em todos os estandes espalhados pelo centro histórico de Alba.
Há centenas
de manifestações similares, em todos os cantos da Itália, mas o meu interesse,
naquele dia, era o de descobrir alguns vinhos piemonteses que ainda não
conhecia.
O evento, ”I vitigni autoctoni del Piemonte”, propunha a degustação de nada menos do que 42
vinhos, muito dos quais raros e quase desconhecidos.
Impossível
degustar todos, mas naquele dia tive a oportunidade de apreciar alguns que
jamais bebera anteriormente.
Reproduzo,
abaixo, a relação dos vinhos e dos produtores do evento do dia 21 de maio 2023.
Albarossa – Colle
Manora, La Tribuleira, Marenco
Arneis – Cascina del Pozzo, Raffaele Gili
Avanà – ‘L Garbin, Bosio Giuliano
Baratuciat – ‘L Garbin, Bosio Giuliano
Becuet – ‘L
Garbin, Bosio Giuliano
Barbera – Cascina Paladin, Crota Cichin, Torchio 1953
Bian Ver – L’Autin
Bonarda – Cascina Gilli
Brachetto – Cascina Bertolotto
Bussanello –
Crotin 1897
Cari – Terre dei Santi
Caricalasino – Marenco
Cortese – Molinetto Carrea
Croatina – Tenuta La
Pergola
Dolcetto – Ghera, Terrenostre, Luca Luigi Tosa
Erbaluce – Cieck, La Masera, L’Erm
Favorita –
Cantina Oriolo, Raffaele Gili
Freisa – Cascina Gilli, Tenuta Terre dei Santi
Furmentin –
Terrenostre
Gamba di Pernice – Cagnotto Marcello
Grignolino – Cantina
Sociale di Castagnole Monferrato, Nazzari Simone, Tenuta La Tenaglia
Malvasia – Cantina di Casorzo
Malvasia di
Schierano – Cascina
Gilli, Terre dei Santi
Malvasia
Moscata – Crotin 1897
Montanera – Roggero
Moretto (Lambrusca
di Alessandria) – Quila
Moscato – Simone Cerruti, Marenco, Terrenostre
Nascetta – La Tribuleira
Nebbiolo – Cascina Munesteu, Cascina Paladin, Manzone
Giovanni, Torraccia del Piantavigna
Nebbiolo di Dronero
(Chatus) – Mauro Vini
Neretto di San
Giorgio – Cieck
Nibiò – La Colombera
Pelaverga – Selezione dal Consorzio Colline Saluzzesi
Pelaverga piccolo – Associazione Verduno è uno
Quagliano – Selezione dal Cons. Colline Saluzzesi
Rossese bianco – Manzone
Giovanni
Ruchè Cantina
Sociale di Castagnole M.To
Slarina Cascina
Val Liberata
Timorasso – Vigneti Repetto
Vespolina– Torraccia del Piantavigna,
Uva rara – Vigneti Valle Roncati
Uvalino – Cascina Castlet
Vespolina– Torraccia del Piantavigna, Vigneti Valle Roncati
É fácil perceber que seria
impossível, mesmo para um
inveterado frequentador de bocas-livres (Didu Bilu Teteia?), degustar todos os
vinhos propostos naquele evento, mas o que chama mais a atenção é o preço: por 15 Euros,
além da taça e da sacolinha, todas as etiquetas estavam à disposição dos enófilos.
Enquanto isso, no Planalto Central, sob o sol de um
janeiro tórrido, a dupla “Naftalina-Garzonina” tenta convencer, os
eno-tontos, que comprar garrafas, de vinho tinto chileno e argentino, por
míseros 230
Euros é um ótimo negócio.
Resumindo: Na Itália o consumo de vinho é pouco mais
de 30 litros per capita
No Brasil, da dupla Sabo & Neves, é de 2,5
litros per capita.
Dionísio
Se excluídos fossem, os quase-vinhos-tremendas-bostas, Pérgola, Mioranza,
Cantina da Serra, Sangue de Boi, Dom Bosco e outros insultos à vinicultura, o
consumo per capita não alcaçaria 1 litro.
Aqui no RJ fazem um evento desses chamado "vinhos de Portugal". Cobram 200 janjas + estacionamento pra você tomar basicamente vinhos de entrada que custam R$60 no supermercado. Em Portugal, evento similar custa 10 euros e botam rótulos bons, como este da Itália. Não tem jeito, Brasil é o país do golpe, quase todas as profissões foram invadidas pela picaretagem dos "experts" das redes sociais. Da medicina a vinicultura, é um tsunami de picaretas online.
ResponderExcluirA cristina das neves promove eventos. Literalmente paga para falar de qualquer coisa, desde que paguem a empresa dela (nada de errado aqui). São eventos lotados de bêbados e famintos, mas as empresas produtoras parecem gostar dessas coisas. Ênfase na palavra empresas.
ResponderExcluirPaga para falar de qualquer coisa? Mas não é uma especialista em vinhos?
ResponderExcluirQuando se reduz o produto à sua realidade “corpórea” - simples resultado da fermentação da uva - toda essa sacralidade e gourmetização se torna ridícula. Por isso gosto deste blog, que tenta mostrar a realidade como ela de fato é, sem abrir mão do prazer de viver e de beber.
ResponderExcluirNo Brasil estes eventos hoje são direcionados a "influencers" indiferentemente de conhecimento, pois aqui em geral se bebe rótulo e não vinho. Basta ver o sucesso dos vinhos Catenas. Os bons são caros, 100 euros, e os baratos, aqui barato é 20 euros, são ruins. Garzon e outros no mesmo caminho.
ResponderExcluirCatena é isso mesmo, a linha boa custa um rim aqui no Brasil. Na ARG é acessível. A linha mais básica é fraquinha, cheia de defeitos. Concha y Toro é uma piada, a linha vai dos horrendos "reservado" que não serve nem pra temperar comida até o caríssimo Dol Melchor. A linha é tão absurdamente longa que só o vinho carro chefe deles (do demo) tem diversas versões e preços. Um zorra total do vinho. E tome termos inventados como "reserva privada, reserva de família, reserva do proprietário, reserva do raio que o parta". A Garzon dessas me parece a mais séria. Fica no Uruguai e vende seu Tannat. Acho bem decente o Tannat que eles, Bouza, Pizano e outros tem feito por lá, mas jamais pagaria uma fortuna, são vinhos bem feitos, especialmente os parcela unica, ótimos pra acompanhar uma carne e só.
ExcluirTagarela.
https://oglobo.globo.com/google/amp/blogs/saideira/post/2024/01/melhor-vinho-tinto-do-brasil-e-feito-em-minas-gerais-saiba-o-nome-e-os-segredos-de-sua-producao.ghtml
ResponderExcluirNem o pessoal de Minas acha esse vinho o melhor de lá... Tapia viajou muito...
ExcluirTapia não viajou, não. Apenas foi pago novamente pela importadora World Wine para dar nota máxima a um Vinho de seu portfólio. Coincidentemente, logo na primeira safra, esse vinho já nasceu cheio de estrelas e pontuações (por que $erá?).
ExcluirA maioria dos Vinhos de Alejandro Cardozo são muito bem pontuados. Certamente há um bom patrocinador investindo nessa máfia de pontos...
Realmente o texto e bem fraquinho. Mas devo confessar que ja bebi muito Don Melchor, la pros anos de 2006/2007. A superadega vendia esse vinho as caixas na epoca e custava +- 200,00. Faz muito tempo q nao bebo o vinho mas tenho uma memoria afetiva pelo mesmo.
ResponderExcluirOlha só, tem gente defendendo o indefensável e dizendo que tremendas-bostas como o Reservado tem "qualidade".
ResponderExcluirA quantidade de (des)influenciadores digitais que espalham mentiras e desinformam o consumidor é enorme! Pra que perder tempo em estudar, degustar, viajar e ler se temos tudo em vídeos de minutos? No último post, tudo o que você precisa saber sobre o Néctar dos Deuses Reservado! É o Bananal copiando o que o Chile faz de pior....
Chorei largado:
https://www.instagram.com/chorodavideira/reel/C18VdeUIxTr/
Reservado é uma piada (de mau gosto). O próprio nome é uma tentativa de ludibriar o consumidor já que os termos reserva e gran reserva possuem requisitos mínimos para serem utilizados como tempo em barrica, etc... ao usar o nome reservado, burlam essa regra e passam ao consumidor mal informado uma sensação de padrão de qualidade que simplesmente não existe.
ExcluirTaga.
Me borrei todo.....sem reserva
ExcluirEssa cristina neves trabalha como promotora. Pagou, levou. Provavel que com recibo. Mas a chamada jornalista geriátrica tem que pedir para sair. Já deu faz tempo. Sem trocadilho ou maldade com o verbo.
ResponderExcluirOlá amigos, aqui fala o seu colega connoisseur. Tenho um grupo de WhatsApp dos sommeliers da ABS formados na minha turma. Perguntei ao grupo o que acham da Concha y Toro que vocês tanto criticam, me disseram que tem vinhos excelentes a preços justos e recomendaram o "Marques de Casa Concha", segundo eles um vinhaço! O reservado sauvignon blanc gelado me disseram que é excelente para um dia de verão com ótimas notas cítricas. Temos que acabar com esse preconceito!
ResponderExcluirChile e Argentina poderiam ficar uns 10 anos sem produzir vinho que não faria falta..
ResponderExcluirAté dói em mim discordar do Tagarela, amante de vinhos da america do sul, mas os vinhos do novo mundo em geral são muito piores que os da europa. Ou dizendo de outra maneira; muito mais fácil encontrar vinho bom da europa por preco decente que fora da europa. Os vinhos americanos bons são caros e difíceis de serem encontrados fora da região produtora. Idem para RSA, NZ e AUS.
ExcluirJanjao Botelho.
Oi Janjao, que espero não ter relações com a primeira dama, não creio que pensamos muito diferente não. Os vinhos sul americanos que chegam ao Brasil abaixo de 100 reais são na enorme maioria um lixo. Você começa a achar vinhos bons do CHI ou ARG a partir de uns 150.. 200... acho caríssimo! Tem vinho Europeu muito razoável pro dia a dia que chega aqui por 60 reais, por exemplo o EA (Portugal), outro que chega por uns 80 e gosto é o Herdade do Rocim Mariana (Portugal). Fora isso há Espanhóis simples, mas honestos, que chegam também na faixa de 60-80. Sim, adoro alguns vinhos sul americanos de linhas superiores, mas só consumindo in loco ou trazendo na mala porque o custo beneficio não favorece nem com o merdasul, ops mercosul.
ExcluirTaga.
Tagarecha, você sabe que está num lugar melhor na vida quando começa a viajar sem mala especial para trazer vinho. Tem coisa boa em qualquer esquina. So GRU (passagem apenas de ida) salva. JJ B.
ExcluirJanjao Botelho lembrou os tempos da revista MAD.
ExcluirAQC
Bacco, ele está falando da sua área, sua especialidade. Quero saber se ele tá certo ou falando bobagem
ResponderExcluirhttps://youtu.be/njvyzvxTITs?si=VrJt6fUTpNlnKoaG
Fazendo fofoquinha? 🤦🏻♂️
ExcluirPicaretagem pura. O pilantra não reconheceria 1% dos aromas elencados. Groselha? Onde ele encontra groselha. Mais uma coisa: Barbera e Nebbiolo são assembladas por dezenas de vinícolas e há muitos anos.
ResponderExcluirDetesto tannat, e carmenere...
ResponderExcluirDionísio, quais os blogs mencionados que você costuma acessar diariamente?
ResponderExcluirIntravino, Winenews, Acqua Buona, I numeri del vino. Aristide, Lavinium
ResponderExcluirEm Brasília, ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão. Quem confraterniza, compra e participa dessas atrocidades está, basicamente, pagando um Karma.
ResponderExcluirEspumante Casa Valduga Blanc Des Blancs 75cl
ResponderExcluir39,00 €