Facebook


Pesquisar no blog

domingo, 2 de abril de 2023

A DIFÍCIL ESCALADA

 


Quem, no Brasil, por profissão, paixão, ou simplesmente prazer, resolver aprofundar seus conhecimentos no mundo do vinho, deveria ser alertado, desde o início, que encontrará as mesmas enormes dificuldades de um islandês que decidir estudar flora equatorial no planalto de seu país.



No Brasil tudo e todos contribuem para dificultar o consumo, conhecimento e cultura do vinho.

Preços estrelares, qualidade medíocre, pouca ou nenhuma concorrência, inexistentes tradições e culturas vinícolas e consumo ridículo, são algum dos fatores que o profissional, ou enófilo, terá que enfrentar quando resolver se aventurar pelo mundo do vinho no Brasil.



O quase herói, que resolver se profissionalizar, desde o começo de sua carreira deverá superar, pelo menos, dois grandes obstáculos: baixa qualidade dos cursos disponíveis, incompetência e despreparo dos “professores”.



Sempre afirmei e repito, que qualquer garçom, de bons wine-bar ou restaurantes da Espanha, Portugal, França e Itália etc., possui maiores conhecimentos vinícolas do que a esmagadora maioria dos “professores” dos cursos existentes no Brasil.    

Outro fator negativo a enfrentar: A eterna e total dependência financeira de produtores e importadores.



Sem o suporte, dos setores acima, mencionados, AB$, $BAV, sommeliers, críticos, divulgadores etc. encontrariam enormes dificuldades para sobreviver.



A dependência é a mãe da subserviência, assim é ridículo verificar como alguns de nossos mais badalados e consagrados “profi$$ionai$”, do setor, se prostituem para poder ganhar algum.

Os mais patéticos?



1º) Nariz se palhaço, gravatinha borboleta, posar pelado, puxar o saco do Ciro Lilla para ganhar o papel de “Coroa-Propaganda” da Mistral e conseguir um emprego, na “Vinci”, para um filho desempregado.



2º) Bajular ricos paulistas para conseguir beber fundos de garrafas de etiquetas caras e famosas, escalar cruzeiros medievais e, em final de carreira, ser “obrigado” a classificar um vinho do cerrado goiano, “...uma aberração de tão bom”.



3º) Puxar o saco de importadores e produtores nacionais até, pasmem, ser obrigado a classificar o quase (arghhh) Barbera da Perini como: “…. ótimo suculento e equilibrado” e assim conseguir patrocínio para poder participar “sei-lá-quantas-vezes-e-perder outras-tantas”, de um dos “trocentos” e fajutos concursos de “Melhor Sommelier do Mundo”.



4º) Deixar de ser “sortudo”, despencar do “Olimpo Global”, dos vinhos da Borgonha, Itália, Portugal Espanha e, já na fase “azarado”, ser obrigado a publicar listas dos melhores brancos, tintos e espumante nacionais.

Se a vida de algumas de nossas “estrelas” vinícolas não e nada fácil, imagine a dos simples mortais.....




Resumindo: Caso você decida se aventurar, iniciar a percorrer o difícil caminho das “vinhas & vinhos”, para abraçar a profissão de sommelier, aqui vai a primeira dica:  aprenda inglês, economize o quanto puder, compre uma passagem para a Europa, arrume um trabalho de garçom (é fácil pois falta mão de obra) e, depois de estabilizado, matricule-se em um curso em um dos países escolhido.



Caso suas finanças não gozem de razoável saúde vá de Google.

O Google é grátis, melhor e mais confiável do que a imensa maioria dos cursos caça-níqueis que andam por aí. 

Dionísio

 

 

13 comentários:

  1. Nunca fora de tempo, aspirantes precisam de publicações como essa

    ResponderExcluir
  2. Mas vou lhe dizer, Dionísio, aspirantes do caminho enolóide não têm acesso ao blog, mundo restrito, não teria como expor as matérias de forma mais engajada? Tenho o bacco e bocca como um bibelô das minhas leituras mas sempre com o desejo de q o conteúdo fosse mais adiante

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. nossas limitações na net são antigas e notórias e não temos saco nem grandes desejos de nos expor muito mais. Quem quiser e puder , compartilhe, divulgue . Abraço

      Excluir
  3. O engajamento do marketing ( Mistral, outras..) é avassalador e prestam desserviço demais

    ResponderExcluir
  4. Até parece que não conhecem o Brasil. Olhem para o atual estado das nossas cidades, para a pobreza galopante, para a nossa política, aquela breguice rica no poder ditando gostos, lembrem da nossa música, nossa literatura, que deixaram de existir. Queriam o que com os vinhos?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Endosso.

      Os poucos museus que existem "pegam" fogo. O perfil falso da Clarice Lispector no facebook escreve melhor e mais que a turma atual.

      De legiao urbana a Pablo Evittar. De Carlos Gomes /Villas Lobos a caneta azul. De chapéu panama ao bone de hélice na ponta do Sergio Malandro. De Lula a Lula (com bolsocorno fujão para por cereja no bolo entre os Lulas). De plano real a arcabouco fiscal liderado pelo Retarddad. De Pele a Neymar Jr. De Senna a Pietro Fittipaldi. De Jo Soares a Whindersson Nunes. De Gal Costa a Anitta. De perdidos na noite a Faustao na band.

      Excluir
  5. As vezes rola "free lunch" sim...

    "Rega-bofe no RS chama de ‘erro’ crime de escravidão na produção do vinho.

    Vinhos da Aurora, Garibaldi e Salton foram servidos intencionalmente em um jantar oferecido por uma família de empresários a seus pares e políticos durante o South Summit, em Porto Alegre, um evento global de inovação e tecnologia. Semanas atrás, 207 trabalhadores haviam sido resgatados da escravidão na produção das três vinícolas. "

    ResponderExcluir
  6. Leia a matéria "Filipa Pato quer alçar a baga na Bairrada ao patamar da pinot noir na Borgonha" em https://neofeed.com.br/finde/felipa-pato-quer-alcar-a-baga-na-bairrada-ao-patamar-da-pinot-noir-na-borgonha/

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Quando alcançar, em 2557, poderá iniciar nova escalada e superar o Champagne

      Excluir
    2. Em 2557 a Borgonha já vai ter voltado para a Gamay, pois a Pinot Noir não vai resistir ao aquecimento...

      Excluir
    3. Voltado? Quando a Borgonha deixou a Gamay ?

      Excluir
  7. A RUÍNA DE SHERRY-LEHMANN

    http://www.revistagula.com.br/noticias/a-ruina-de-sherry-lehmann?fbclid=PAAabnbdypMYmp-AjutFEU21WVQ6EfXcqnnU74VXngYQ4qx66ejj2sstoys60

    ResponderExcluir
  8. "há clientes estrangeiros que “não compram vinhos portugueses porque são superbaratos”"

    https://www.publico.pt/2022/08/19/terroir/entrevista/claudio-martins-ha-clientes-estrangeiros-nao-compram-vinhos-portugueses-sao-superbaratos-2017435

    ResponderExcluir