Facebook


Pesquisar no blog

terça-feira, 11 de abril de 2023

A LONGA ESTRADA DO VINHO

 


Coincidência incrível!

“A Difícil Escalada”, de Dionísio, antecipou uma matéria similar que há algum tempo tenho em mente, a qual, sem nenhuma razão plausível, continuo a postergar.

Mas não foi apenas a matéria, escrita por Dionísio, que me fez voltar ao teclado e escrever sobre o mesmo assunto.... Uma taça de “Il Bacco”, um Verdicchio dei Castelli di Jesi, da vinícola “Coroncino”, que bebi durante um almoço no restaurante “Nanin”, de Chiavari, deu o empurrão final que precisava para revelar, pela enésima vez, minha opinião sobre o assunto.



A história do “Il Bacco”, “Verdicchio dei Castelli di Jesi”, começa nos anos 1990 quando resolvi aprofundar meus conhecimentos vinícolas.

Vários livros, muitas revistas e uma adega, com boa quantidade de garrafas, de origem europeia, não foram suficientes para saciar minha sede de saber.



Qual outro caminho poderia me levar ao reino dos brancos, tintos e espumantes?

A resposta mais lógica..... ABS!



 Pesquisei o telefone, endereço, consegui as informações necessárias, paguei a taxa de inscrição e aguardei, cheio de entusiasmo e ansiedade, o primeiro encontro com os mestres da famosa associação, mestres que me revelariam, finalmente, os mais misteriosos e recônditos conhecimentos vinícolas.

Já na aula inaugural meu entusiasmo arrefeceu um pouco, na segunda o entusiasmo deu espaço à desconfiança, na terceira broxei de vez e na quarta dei adeus para sempre à ABS.



O motivo?

Percebi que os “mestres” possuíam conhecimentos vinícolas comparáveis aos meus quando o assunto era mecânica quântica....

Soberbos, presunçosos e despreparados, aqueles “professores” da ABS, não seriam aceitos para trabalhar nem em um boteco das periferias de Lisboa, Paris, Milão, Barcelona, Beaune etc.

Voltei aos meus livros e revistas, mas já pensando e programando algumas viagens pela Europa vinícola dedicando especial atenção às regiões que sempre me fascinaram: Borgonha e Piemonte.

Em 1995 o dólar ainda “humano” e uma herança inesperada, deram o empurrão que precisava para começar aquela que seria uma longa série de viagens vinícolas pela Itália e França.





Nada do apressado turismo tipo “pit–stop” em que se visitam 20 cidades em 20 dias; minha intenção previa longas permanências nas capitais dos grandes vinhos da Côte D’Or e Langhe.



Se alguém, no Brasil, acredita que adquirir reais e profundos conhecimentos, sobre vinhos, é tarefa fácil e barata, pode tirar todos seus cavalos da chuva e voltar para os cursos picaretas que infestam todo o território nacional: Sem uma razoável soma no bolso, bons conhecimentos do francês, italiano, inglês, a missão é impossível.

Sem grana, sobra uma opção: trabalhar no setor vinícola, mas aí reaparece obstáculo da língua.

Não foi meu caso......Falo português, italiano, piemontês, espanhol e me comunico “macarronicamente”, mas sem vergonha ou complexos, em francês e inglês.

Não vou alongar a lengalenga, mas após uma década já havia visitado, várias vezes, a Borgonha, Champagne, Alsácia, Provença, Languedoc, Piemonte, Lombardia, Veneto, Ligúria, Friuli, Emilia Romagna, Val D’Aosta etc. (o “etc.” significa todas as outras regiões italianas).



Resultado?

Todos os vinhos que comentei e recomendei, no B&B, salvo raríssimas exceções (Viña Tondonia e Château Musar são duas delas) foram, rigorosamente, degustadas na origem.

 Uma das primeiras lições que aprendi é que há dois tipos de vinho e que visam diferentes perfis de consumidores.


  1º) Caríssimos Vinhos “griffe”, produzidos, visando aliviar bolsas e bolsos dos enófilos  “deslumbrados-abonados-abobados” os quais acreditam ,piamente, que , por exemplo ,um uma garrafa de Barolo  Monfortino (1.500 Euro) possua qualidades excelsas e celestiais que justifiquem  preços 3.000% , 4.000%  até 5.000%, a mais , do que o  ótimo Barolo menos badalados e pouco  conhecido “Gramolere” de Giovanni Mazzone, “Briccolina” de Tiziano Grasso, “Pernanno” de Sobrero, “San Lorenzo” de Fratelli Alessandria, “Marcenasco” de Renato Ratti, “Rocche” de Aurelio Settimo, “Bussia” de Franco Conterno, “Cannubi” de Giacomo Brezza, “Monvigliero” de Sordo....Poderia continuar escrevendo meia hora elencando mais e mais produtores de ótimos e acessíveis Barolo.



2º) Vinho normal, para simples mortais e conscientes enófilos



Resumindo: Nada justifica, a não ser a imbecilidade humana, que uma garrafa de vinho custe tanto quanto, ou mais, do que um carro.




Domaine de la Romanée Conti

Montrachet Grand Cru

75cl - 2006 - Blanc - Montrachet

15 531,48 € 


Continua

Bacco

 

13 comentários:

  1. Típico rótulo comprado na maioria das vezes com o dinheiro público PMlf adorava desses em suas gestões

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. O lelé também gosta. Ou alguém acha que ele passa a 51?

      Excluir
  2. Na França fui pouco, mas tenho a felicidade de visitar Lopez de Heredia sempre, pois meu filho e família vivem en San Sebastian.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Irei em breve a rioja e euskadi. Duro aguentar mau humor de espanhol (povo com problema serio), mas a natureza, a comida, os vinhos e os museus compensam la chusma.

      Excluir
    2. Concordo com você. Os caras são mal humorados. Mas eu não ligo para os espanhóis. Gosto mesmo é das espanholas!

      Excluir
    3. Não sei atualmente, mas já alguns anos que para adquirir um branco era necessário levar 5 tintos…o branco é realmente inacreditável…

      Excluir
  3. Bacco.. estou indo para Alsacia mes que vem. Poderia me passar alguns dicas de locais ou produtores a visitar. Obrigado

    ResponderExcluir
  4. Faz anos que não viajo para a Alsácia , então é possível que muitos locais que conheci já não existam (herança covid....), mas recomendo hospedar na linda Colmar e percorrer todas as belíssimas aldeias próximas. Algumas matérias poderão lhe ajudar: https://baccoebocca-us.blogspot.com/2015/03/grand-cru-wiebelsberg.html Xxxxx

    ResponderExcluir
  5. Bacco, imagina a quantidade de enoloide imbecil que vai desembolsar rios de dinheiro por isso aqui:

    https://www.google.com/amp/s/revistaadega.uol.com.br/amp/artigo/michel-rolland-cria-blend-com-uvas-de-5-paises-diferentes.html

    ResponderExcluir
  6. INACREDITÁVEL!!!!!!!. Os picaretas são donos do mundo.....dos idiotas

    ResponderExcluir
  7. Saberia me dizer se pela TAP é possível trazer vinho na bagagem? Sei que uma delas não permite,porém nao me lembro qual. Abcs

    ResponderExcluir
  8. Todas as companhias permitem vinho na bagagem

    ResponderExcluir