Conclui, a primeira parte desta matéria, afirmando que, depois
de ter encontrado e comprado, em um supermercado, um bom Champagne 1er Cru “Michel
de Belvas”, por 24 Euros, outra garrafa despertou minha atenção: Ghemme “Santo Stefano” 2018.
Antes de continuar quero escrever um pouco sobre a aldeia
Ghemme que empresta seu nome ao vinho.
Ghemme passaria totalmente ignorada e despercebida, assim como
muitas outras aldeias do norte do Piemonte, não fossem duas importantes
diferenças: Seu grande vinho e o “RICETTO”.
Vamos começar pelo “RICETTO”.
Os “ricetti”, que surgem na idade média entre os séculos XI e
XIII, eram fortificações onde, em caso de assalto ou assédio, a comunidade se
refugiava, não sem antes armazenar mantimentos, colheitas, animais (aves,
ovinos, bovinos, caprinos) etc.
Os “ricetti” eram verdadeiros armazéns-fortalezas difíceis de conquistar.
Os “ricetti”, quase extensão
das próprias aldeias, tinham autonomia e podiam abrigar toda a população, mas não
por um período demasiadamente longo.
Há, espalhados pelo Piemonte, cerca de 200 “ricetti”, alguns
praticamente em ruinas e outros em bom estado de conservação.
Os dois mais interessantes, que conheço, são o de Candelo,
aldeia próxima a cidade de Biella, pátria do vinho Lessona e o de Ghemme.
O turista que escolher, como ponto de chegada à Itália, o aeroporto de
Malpensa, deveria, dedicar um ou dois dias para visitar o Lago Maggiore e
as cidades que o circundam (Arona, Sesto Calende, Stresa e Isola Bella, Pallanza,
Intra, Cannobio), o Lago D’Orta a incrível Orta San Giulio, seu Sacro Monte e Isola del Silenzio.
Os enófilos deveriam, também, aproveitar a oportunidade para
visitar Gattinara, Boca, Lessona, sem esquecer Ghemme, Candelo e seus belos e
quase intactos “ricetti”.
Tenho certeza que os “ricetti”, de Candelo e Ghemme, deixarão boquiabertos os admiradores da arquitetura e história da idade média.
Dica turísticas dadas, recomendadas e …. Vamos, finalmente, ao
nosso Ghemme “Santo Stefano 2018”.
O vinho “Ghemme” ganha a DOCG em 1997 e o disciplinar
prevê a vinificação com um mínimo de 85% de uva Nebbiolo e até 15% de Vespolina
e Uva Rara.
O disciplinar obriga, ainda, um afinamento de no mínimo 34 meses,
18 dos quais em toneis de carvalho.
A versão “Riserva” exige um afinamento mínimo de 46 meses,
sendo que 24 em toneis de madeira.
O território vinícola do Ghemme se estende por cerca de 100
hectares todos localizados nos limites do município homônimo.
Pouco mais de uma dúzia de produtores disputam o mercado e é
bom salientar que o “Ghemme Santo
Stefano”, da vinícola “Lorenzo Zanetta”, não é a “estrela” da
denominação e por esta razão e ainda bem, pode ser encontrado por preços
humanos.
A garrafa, comprada no supermercado, custou 12 Euros.
Na próxima matéria responderei ao comentário do Ado: Bacco, antes que você
continue a matéria, 12 euros foi um achado, pois os vinhos do Alto Piemonte
também estão ficando caros e muitos, até desconhecidos, estão mais caros que
Barolo e Barbaresco, mas óbvio que ainda se encontra ótimos vinhos na faixa de
20 a 30 euros. Na minha última viagem ao Piemonte em um restaurante em Stresa
bebemos um Ghemme (Il Motto) 2010 da vinícola La Torretta que estava
sensacional, tanto que no dia seguinte fomos até a vinícola e compramos uma
caixa do 2012 que estava à venda. Fica a dica para você visitar
Bacco.
Gemi.
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