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segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

HÁ CHARDONNAY E CHARDONNAY 2

 
Se os italianos (a crítica serve, também para espanhóis e portugueses), mesmo se esforçado, suando, praguejando, sabem que jamais conseguirão produzir Merlot, Cabernet Sauvignon, Chardonnay, Syrah etc., com a mesma qualidade dos franceses, por qual motivo continuam insistindo em plantar castas “internacionais”?

Minha opinião: Comodismo, preguiça, malandragem, oportunismo....


Comodismo + preguiça: Tendo à disposição um universo de 80 castas autóctones e mais outras 370 “na reserva”, a opção de vinificar com as internacionais, indica que as Merlot, Cabernet Sauvignon, Chardonnay etc. da vida, dão menos trabalho, são mais resistentes, mais produtivas, rentáveis (nem sempre) do que as autóctones.

Malandragem + oportunismo:  os rígidos disciplinares italianos não permitem que se plante onde, quando e como se quer.

 Há normas severas que devem ser seguidas.

Exemplo: O disciplinar, do Barbaresco DOCG, exige, entre outras coisas “......as condições do plantio dos vinhedos devem obedecer aos requisitos que seguem; terrenos: argilosos, calcários e eventuais combinações; localização: em colinas excluído categoricamente terrenos de fundo-vale, úmidos, planos e não suficientemente ensolarados; altitude: não superior a 550m: exposição: apta para assegurar uma idônea maturação das uvas, mas excluindo o lado norte”  


Deu para perceber as dificuldades e a origem das malandragens?

 As castas internacionais fogem dos controles mais rígidos e podem ser locadas até nos brejos que ninguém dá a mínima.

 Aproveitando as brechas, os oportunistas (ói eles aqui travéis...), podem cultivar vinhas em qualquer canto, em terrenos nem sempre os mais apropriados, pouco valorizados e quase livres dos controles do estado.

Foi exatamente através das mencionadas, malandragens, oportunismo e comodismo, que nasceram os “Supertuscans” (Sassicaia, Ornellaia, Masseto, Solaia etc.) que se tornaram famosos somente quando todas as canetas de vida fácil foram devidamente azeitada$.

Mas, ainda bem, nada é eterno; os enófilos, que ninguém pode iludir e enganar para sempre, acordaram.

Qual a diferença entre um Cabernet Sauvignon chileno e um produzido na Toscana?

Sim, sim, eu sei... O terroir é diferente, o ambiente, também, as técnicas de vinificação idem etc., mas nada disso interessa, realmente, pois quando falta a “tipicidade” o consumidor opta pelo preço e tanto faz se a garrafa é chilena, italiana, argentina, australiana, portuguesa......

O exemplo, do Cabernet-Sauvignon “apátrida”, serve para todas as outras castas internacionais.

 Quando meu cartão dá claros sinais de profunda anemia e percebo quão temerário seria comprar um Chardonnay da Côte D’Or, deixo em um canto meu “eno-orgulho” e, armado de R$ 40, compro uma garrafa de um razoável e honesto Tarapacá chileno.


Não sou eno-idiota completo e nem por um instante passa pelo mais escuro corredor da minha mente o desejo de gastar os tubos para beber um Chardonnay tremenda-bosta italiano.

Sem querer ser radical ao extremo, confesso: ou abro um Meursault, Puligny-Montrachet, Chassagne-Montrachet, Charlemagne, Poully-Fuissè, Chablis etc., ou compro um honesto, barato e modesto Tarapacá Cosecha deixando os Gaja & Rey, Coppo Riserva della Famiglia, Chardonnay Planeta, Ca’ del Bosco etc., para os eno-tontos-abonados de plantão.

Dionísio

Continua

9 comentários:

  1. Um amigo comentou, no Face, se eu não livraria a cara nem do Cervaro della Sala do Antinori. Antinori, predador calejado há 7 séculos, produz um Chardonnay umbro que é vendido por 50 Euros. Cervaro della Sala? Pelo mesmo preço compro um Chablis 1er Cru que pulveriza o vinho do Antinori

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  2. Como já te disse outra vez,você é louco, por falar a verdade. Só não comentou uma coisa: tais vinhos citados, ao menos para mim,não são propriamente ruins. O problema maior é que não valem o que custam. Já o citado Tarapacá é satisfação garantida, dentro do preço.

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    1. Na mosca! Não são ruins , mas por muito menos R$ bebo bem melhor.

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  3. Essa é a primeira vez que uma imagem do Zé Pilintra aparece em B&B?

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  4. O dilema surge para mim de forma mais dramática. A Pinot Noir não é tão fraternal quanto a Chardonnay. Meu estoque da Cote D’Or vai diminuindo, e ainda não me convenci a vender meu patrimônio para repor. Minhas filhas podem me ameaçar com a interdição. Gagá ou pródigo. E Tarapacá honesto neste caso não resolve… é péssimo ter bom gosto. Tem tanta gente feliz com o Chalise!

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    1. Mas o Brasil tem excelentes Pinot Noir. Dizem que alguns até ganharam de borgonhas às cegas. hahahahahaha

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  5. sim, especialmente o pessoal da Salton que produz aquela merda

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  6. Poxa fiquei aliviado, tenho o hábito de beber o Tarapacá, aliás com certa regularidade.

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