Ateu convicto, distante de toda e qualquer religião ou crença,
nos últimos anos, porém e sempre mais, comecei a admitir e acreditar na
reencarnação.
Qual foi o raio de luz, o “milagre”, que me fez encontrar
Allan Kardec?
A viticultura brasileira.
Para poder explicar melhor e compreender o raio que iluminou
minha árida e escura existência, é preciso voltar no tempo, mais precisamente
na idade média e especificamente na França.
Uma pequena e breve incursão histórica....
Após a queda do “Imperium Romanum
Sacrum” a invasão barbárica destruiu, entre outras coisas, toda
a viticultura que foi praticamente abandonada até o IX século.
Foi mais que preciosa a
contribuição dos monges na recuperação das vinhas e a na retomada da produção
de vinho que, diga-se, foi e ainda é, símbolo da celebração eucarística.
Devemos reverenciar e agradecer aos frades o impressionante e
minucioso trabalho de seleção dos clones, primeiros estudos ampelográficos,
aperfeiçoamento do cultivo e da vinificação.
Os monges, durante quase um milênio e até o século XVIII, foram
os verdadeiros “pais
das vinhas”.
Não faltam exemplos famosos da obra dos monges.
Um dos mais ilustres e icônicos nos leva até o mosteiro de Saint-Pierre
d’Hautvillers onde encontramos o frade beneditino, Pierre Pérignon,
mais conhecido como Dom Pérignon, que nasceu em 1638 e após de sua
ordenação entrou no já mencionado mosteiro e nele permaneceu até sua
morte em 1715.
Pérignon, durante 47 anos, foi o gestor e responsável pelos vinhedos,
seleção das castas e métodos de cultivo das parreiras do mosteiro.
Nascia, ali e então, o mais famoso e na minha opinião, o melhor vinho do
mundo: Champagne.
Mais significativo e importante foi o trabalho minucioso, quase
obsessivo, dos frades Cistercienses
na Borgonha.
A abadia “vinícola” mais famosa da região foi, sem dúvida, a de Citeaux
que, desde o século XII e até a revolução francesa, foi a maior
produtora dos vinhos de altíssima qualidade que abasteciam as adegas
de Papas e Reis.
A história da moderna viticultura da Côte d’Or nasce, no final dos anos
1000, nas colinas da Côte de Beaune quando os Duques de Borgonha
doaram aos Cistercienses um vinhedo em Meursault.
Uma segunda e importante doação chegou, em 1110, através de Hugo
II.
O vinhedo desde sempre mais amados pelos Cistercienses: “Clos de
Vougeot”.
O “Clos de Vougeot” conservado e murado, desde então, continua
atraindo turistas do mundo todo.
As doações não pararam e o mosteiro chegou a ostentar 50 hectares de
vinhedos espalhados por Corton, Chambolle, Volnay, Fixin, Pommard,
Vosne.
De todas as magnificas vinhas aquelas às Margem do rio Vouge sempre
foram as preferidas e os frades lhes dedicaram os maiores cuidados e
lá buscaram, através de exaustivos experimentos, a perfeição.
Grandes observadores, os frades Cistercienses foram os primeiros a
idealizarem o “Cru”; um vinhedo homogêneo capaz de produzir, todos os
anos, vinhos de qualidade constante e identificável.
Rapidamente toda a Côte D’Or, ao norte de Meursault, se transforma
em um grande mosaico de vinhedos cintados por muros de pedra e
pasmem….... O panorama atual pouco mudou e lá está, quase
intacta,toda a herança deixada pelos Cistercienses apesar da bárbara
tentativa de um brasileiro idiota em escalar cruzeiros medievais.
Dionísio
Continua....
até desvendarmos a reencarnação
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