Sorrio, “monalisticamente”, quando leio nas revistas, blogs,
redes sociais etc., as pagas e patéticas reportagens que “endeusam” os vinhos
nacionais na tentativa de impô-los, finalmente, às mentes e taça de nossos
consumidores e enófilos.
Luta inglória!
Já não lembro quantas críticas B&B publicou sobre o tema e
não posso prever quantas ainda publicará: Nossos empresários do setor não param
de veicular propagandas mentirosas e nós continuaremos a denunciar.
A luta é quixotesca, mas nossa pele e grossa….
Todas as semanas há, na mídia, uma, duas ou até mais, notícias
alvissareiras que exaltam a qualidade de nossos vinhos, das medalhas
conquistadas em concursos picaretas, da excelência de nossos espumantes e do
crescimento “impressionante” do consumo.
Belas balelas.
Nada há de verdadeiro, sério, crível, nas propagandas pagas
que navegam nos jornais, revistas, redes sociais, blogs etc. e os consumidores
aos poucos vão percebendo a malandragem e sempre mais, se afastam buscando os
vinhos importados.
Minha opinião: O Brasil, nas próximas décadas, não
será um produtor importante, respeitado (ninguém respeita quem vinifica 80% de
seus quase-vinhos com uvas não viníferas) e o consumo continuará beirando o
ridículo.
Nunca me preocupei em apontar “os meus porquês” pois é notório
que a qualidade medíocre e os preços franceses são barreiras que nossos
produtores (e importadores) não conseguem, ou não querem, enxergar e derrubar.
Com a idade avançando perde-se força, reflexos, desejos,
paciência, cabelos, dentes, memória etc., mas alguns ganhos, há: Barriga, rugas,
dores etc.
Neste cenário, nada
animador, devo confessar que com a idade algo melhorou: observação mais apurada e análise mais
profunda.
Sentado em um wine-bar, na maravilhosa
Arezzo (esta cidade merece
uma matéria que prometo escrever, breve), consultei, como de costume, a carta
de vinhos em taça e pude notar que havia mais de vinte opções entre as quais nada
menos que cinco etiquetas de Champagne.
Até aí nada de extraordinário, pois todos os wine-bares italianos
exibem listas interessantes, mas poucos locais propõem 5 etiquetas de
Champagne.
Aproveitando da “fartura
francesa” ordenei uma taça de Champagne 1er Cru e iniciei
minhas costumeiras observações do local e das pessoas que me circundavam.
A pequena praça, guarda, orgulhosa, a basílica edificada no XIII
século em homenagem a São Francisco de Assis um dos mais icônicos santos da igreja
católica.
Pois bem, na praça, com aproximadamente 1.000 m², há sete
wine-bares e dois restaurantes.
O bar mais famoso (não o melhor) é o multicentenário “Caffè dei
Costanti”.
O “Caffè dei Costanti” nasce
em 1804, aparece em algumas cenas do filme, do toscano Roberto Benigni, “La Vita è Bella”, mas nos últimos anos
perdeu sua proverbial qualidade e já não é o que mais frequento.
Prefiro os ótimos “Casa di Piero”,
“Barberia” e “Sottopiazza”,
onde a há extensas e bem elaboradas listas de vinhos em taças além de várias
etiquetas de Champanhe que os garçons não relutam em abrir.
18,30 horas......Bares lotados, burburinho, alegria
contagiante pela quase liberdade pos-covid, taças sendo esvaziadas e reabastecidas…ambiente
alegre, mas não barulhento, regado a vinho.
Um detalhe chamou minha atenção: A grande presença de mulheres
elegantes, desacompanhadas e não tão jovens (viúvas?) bebendo seus Prosecco,
Franciacorta, Champagne, vinhos brancos e spritz (no verão somente turistas
chineses e russos bebem vinho tinto) na maior tranquilidade e alegria.
Não pense que as balzaquianas se limitam a beber apenas uma
taça: As senhorinhas esvaziam copos e mais copos com inusitado entusiasmo.
Além da baixa qualidade e dos preços absurdos de nossos
vinhos, ainda há o fator cultural: No Brasil há
cultura de cachaça e cerveja, mas não de vinho.
Exemplo?
Quantas canções de sucesso, mencionando cerveja e pinga, você
conhece?
Quer uma ajuda?
Camisa Amarela - Marvada Pinga – Um Chope
Prá Distrair, Cachaça Não é Água – Mudando de Conversa – Cachaça Mecânica-
Pinga Ni Mim – Mulher Patrão e Cachaça.....
Se pesquisar, um pouco, encontro mais 50.
Tente, agora, lembrar alguma música de sucesso mencionando
vinho...
Difícil, né?
Não há cultura, tradição e nem grana para beber vinho em taça
no Brasil.
Não acredita?
Abra um wine-bar na sua cidade e depois me conte.
Bacco
PS. Estava terminando a matéria quando um leitor de B&B me
enviou a foto da carta de vinhos de um hotel em Gramados.
Mais uma prova que não há remota possibilidade
de democratizar o consumo de vinho no Brasil
Mais uma coisa: Gostaria de conhecer pelo menos um eno-palerma
que teve a coragem de gastar meio salário mínimo para beber um quase-vinho
nacional e entregar-lhe o Oscar de enoloide do século.
Sempre me perguntei a razão dos locais no Brasil não servirem taças fartas (e baratas) do "segundo melhor espumante" do mundo. Já que dizem isso, por que não difundir e fazer as pessoas beberem a bons preços? Mas não. Preferem vender a preços absurdos, como aqueles da carta de vinho do hotel que você mostrou, que é um completo disparate.
ResponderExcluirSalu2
É a cultura da picaretagem , escárnio e desrespeito ao enófilo e não vai melhorar , creia.
ExcluirA razão é simples, se o cliente beber uma taça, ele não vira vítima da garrafa!
ExcluirEstimado pestis emeritvs: Continuando na parte cultural: Quantas horas por semana o homo bananicus devota a televisao e quantas horas a leitura? Quantas horas por dia o homo bananicus escuta musica classica, opera, jazz, boa mpb (rara, mas existiu), bom rock and roll (ingles) e quantas horas por semana o HB escuta funk, anita, jojo todinho, mc nao sei o que? Quantas refeicoes caseiras bem feitas tipicas da cozinha regional local (ainda que baratas) sao consumidas para cada big mcfezes (caro)? Quantos filmes otimos (nao ha limite agora com streaming de todo tipo) foram assistidos para cada bbb ou qualquer outro reality show? Quantas horas se gasta num shopping center caro, esteril, descartavel e quantas horas gastamos num museu (ainda que sejam mal conservados e pobres, esses existem em varias cidades)?
ResponderExcluirChega de comparacoes ruins. Hoje acordei com Ciro Nogueira de quase-primeiro ministro. Essa era a boa noticia.
Ja perdi todas as esperancas ha tempos.
Caro anônimo"ma non troppo" não perca as esperanças. Li que a UNESCO declarou o Aziz e o Calheiros patrimônios da imoralidade. È um avanço kkkkkkkk
ResponderExcluirO que esperar de um povo que agora tem como principal prioridade estraçalhar com a língua portuguesa? Agore, todes teremes que falar o lingue neutre.
ResponderExcluirhhahahahaha
ExcluirCaro Bacco, quem sou eu para recomendar alguma coisa para quem tem uma história no mundo do vinho como você, mas não pude deixar de perceber que na carta de vinhos do winebar que você esteve em Arezzo estava disponível o Rosato A Vita, que chega no Brasil pelo trabalho da Wines4U por honestos 116 reais. Um tinto leve e muito agradável. E sim, não é publipost não: apenas um registro de reconhecimento para quem tenta trazer alguma coisa para o Brasil em preços minimamente razoaveis. Saúde!
ResponderExcluirHá , sim, muitos importados com preços razoáveis, justos, mas há , também, incontáveis predadores. O Rosato A Vita por R$ 116 é barato, pois na Itália custa + ou- 15 Euros.
ResponderExcluirJá subiu para 129,00 :)
ResponderExcluirEsgotou no site!
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