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sábado, 10 de julho de 2021

CANETAS DE ALUGUEL

 


Não sei o porquê, mas todas as vezes que leio uma reportagem, rigorosamente paga, sobre vinhos nacionais, lembro do cenário político brasileiro: Há sempre e apenas, um quinto de verdades (meias verdades já eram....).

Nossos produtores consideram e tratam os consumidores tupiniquins como se fossem perfeitos idiotas.

Há, sim, uma boa parcela de eno-patriotas-tontos, que acredita e considera o Pérgola, Country Wine, Chalise, Espuma de Prata, Cantina da Serra, Sangue de Boi e outros insultos à enologia, “vinhos”, mas há, também, incontáveis enófilos que sabem reconhecer boas garrafas e não se deixam enganar pela limitadíssima qualidade e o desproporcional preço de nossos vinhos.

Os produtores nacionais, tentando desviar as atenções da baixa qualidades e caros preços de suas garrafas e garrafões, “descobrem” a todo momento e em todos os cantos, do imenso Brasil, a “Terra das Vinhas Prometidas”.


Produzir vinhos, no Brasil, deve ser um ótimo negócio, pois desde o Rio Grande do Sul, até Pernambuco, passando por Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Bahia, há videiras e vinícolas.

Nossos “Moisés” das “Vinhas Prometidas”, em pouquíssimos anos, conseguiram alcançar resultados até melhores do que os de seus colegas europeus que, coitados, sem conhecimento e sagacidade de nossos vinhateiros, demoraram milênios para descobrir.



Exemplos?

“O espumante nacional é o segundo melhor do mundo”

“O Intrépido Syrah (de Cocalzinho) é uma aberração de tão bom… (Manoel Beato) ”  

“Espumantes nacionais ganham medalhas de ouro em concursos franceses”  

O inigualável Leopoldina Gran Chardonnay D.O 2017 da Casa Valduga recebeu medalha de ouro em concurso francês”,

 Vinícola Campestre é medalha de ouro em concurso na França”

 “Espumante 130 Blanc de Blanc é eleito melhor do mundo em renomado concurso francês”

 Vinícola Guaspari é premiada em dois grandes concursos internacionais”.

Poderia continuar apontando um sem número de reportagens, “quintos de verdades”, que nossos impolutos produtores compram, sem o mínimo pudor, de revistas, blogueiros, jornais, influenciadores, sommeliers etc.


Esta longa e repetitiva (já não lembro quantas vezes abordei o mesmo assunto) introdução precede o comentário que pretendo escrever sobre a matéria que uma caneta de aluguel escreveu no “El Pais”

O Brasil aprende a beber espumante e valoriza o produto feito em casa”

A caneta alugada, já no início, dá provas que o dinheiro embolsado será respeitado mesmo que a apologia aos espumantes nacionais seja um total desrespeito à inteligência dos enófilos.

“A primeira surpresa quando se toma um espumante produzido no Brasil vem do paladar. O sabor, normalmente leve e fresco, cumpre bem o papel de um vinho dessa categoria. A segunda, possivelmente, será seu cérebro confuso - ainda na primeira taça - não lá pelo final da garrafa, quando qualquer confusão já é de se esperar. O levantar de sobrancelhas é fatalmente precedido pela pergunta: Mas é brasileiro? ”

Minha opinião: Normalmente a primeira surpresa é o preço.

A segunda, concordo, aparece já na primeira taça onde a confusão cerebral e total especialmente quando se pensa na relação preço/qualidade.

Genial, mesmo, é o “achado” da caneta de aluguel: “O levantar de sobrancelhas é fatalmente precedido pela pergunta: Mas é brasileiro? ”

 A caneta de aluguel, levanta as sobrancelhas, freia sutilmente o entusiasmo, mas deixa transparecer que a pergunta poderia continuar com mais uma piada: “....Parece francês”;

Faltou coragem ou grana......

Outra pérola da caneta alugada é a sua incursão nas estatísticas

“......as vendas de espumante cresceram exponencialmente na última década. Enquanto em 2002, o consumo de espumante nacional foi de 4,2 milhões de litros, em 2012 esse número saltou para 14,7 milhões de litros”.

Para melhor informar, a caneta que a$$ina a matéria, deveria salientar que os 14,2 milhões de litros de espumante produzidos empalidecem quando comparados aos 140 bilhões de litros de cerveja que os brasileiros secaram em 2020 e ainda mais ridículos se comparados, por exemplo, aos 500 milhões de garrafas só de Prosecco que o mundo secou, também, em 2020.

A caneta alugada deve ter enxugado a garrafa de espumante nacional e seu cérebro, além da confusão, entrou em delírio e incorporou o mesmo espirito do “Samba do Crioulo Doido”

(os fanáticos, do politicamente correto, devem procurar e brigar com os herdeiros do Sergio Porto....) e começou a escrever um monte de merda como esta:

“Recentemente, o Vale dos Vinhedos, localizado na Serra Gaúcha, entre os municípios de Bento Gonçalves, Garibaldi e Monte Belo do Sul, recebeu o selo de Denominação de Origem, o que significa que os vinhos produzidos nessa região devem obedecer a regras específicas em relação à plantação da uva e elaboração do vinho, além de valorizar as peculiaridades da região. Para se ter uma ideia, o champagne, produzido na região de Champagne, na França, só leva este nome porque também tem um selo de Denominação de Origem”

O palerma que escreveu esta sandice deveria perder, caso a possua, a carteira da ABJ.

O palerma tenta comparar e atribuir a mesma importância, seriedade e rigor, da denominação de origem gaúcha, à “AOC” francesa.

Já vi tentativas tolas e ridículas de querer comparar os produtos e produtores gaúchos aos champenois, mas esta merece uma picareta de ouro....

Um palerma sempre atrai outros e nossa caneta de aluguel encontra facilmente dois: Frank Bischoff e Rosana Pasini.

Leiam, sem vomitar, por favor....

“Como o espumante brasileiro ganhou vários prêmios na França, ele está em paridade com os vinhos franceses”, compara o sommelier Frank Bischoff, que ao longo de seis anos trabalhando em uma loja de vinhos de São Paulo, viu a oferta de espumantes nacionais crescer 60% nas prateleiras.“Os críticos de vinho estão falando muito lá fora sobre o espumante brasileiro. Existe o champagne da França, o prosseco da Itália e a Cava da Espanha, mas faltava algo novo, algo do novo mundo, e o Brasil chega para tomar esse espaço”, explica a supervisora de importação da Aurora, Rosana Pasini.

O Frank deve ter caído, quando criança, em um barril de espumante “Salton Demi Sec” e perdido grande parte de seus neurônios.

A pérola do “sommerdier”, Como o espumante brasileiro ganhou vários prêmios na França, ele está em paridade com os vinhos franceses”, me causou importantes problemas intestinais.

 Quando começava a recuperar a normalidade aparece a pérola da Rosana “Rousseff” Pasini: “....mas faltava algo novo, algo do novo mundo, e o Brasil chega para tomar esse espaço”,

Aceito doações de papel higiênico..... o meu acabou

Dionísio.

PS> Para quem quiser ler na íntegra a linda e isenta reportagem

https://brasil.elpais.com/brasil/2013/12/07/sociedad/1386420296_182569.html

7 comentários:

  1. Putin já deu a ideia. Em breve, o governo decreta que só podem chamar "espumante" se for produzido no Rio Grande do Sul!!!

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  2. A cretinice, ops digo criatividade continua....

    https://www.venicewine.co/vai-passar-sauvignon-blanc-2021

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  3. Uma verdadeira obra de arte!!!!

    https://exame.com/casual/marca-nacional-lanca-vinhos-em-homenagem-a-tarsila-do-amaral/

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  4. O meu cérebro também ficou confuso vendo esse Bischoff escrevendo prosecco como "prosseco"...

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  5. INACREDITÁVEL! A picaretagem atige níveis galácticos. A Tarsila deve estar chorando de raiva

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