Em mais um final de semana, chuvoso e frio, resolvi cozinhar meu
“famoso” Coelho ao vinho.
Na realidade a receita é originária da minha avó que a repassou
à minha mãe e chegou às minhas panelas sem nunca sofrer grandes ou importantes
modificações.
Além do coelho o segundo ingrediente mais importante é o vinho
tinto.
Não é necessário utilizar um grande vinho, mas é preciso lembrar que
quando se usam bons ingredientes o resultado final é sempre mais satisfatório.
Seguindo este preceito evito, sistematicamente, vinhos
nacionais e recorro aos italianos, portugueses ou chilenos: o preço é menor e a
qualidade nem se compara...
Na pequena pilha, de pouco mais de meia dúzia de exemplares,
uma garrafa, mais empoeirada do que as outras, chamou minha atenção.
Na luz difusa (parece bolero.... “Que será da luz difusa do abajur lilás..... ”) da adega e com a ajuda dos óculos consegui ler
a etiqueta: “Valpolicella Cesari 2009”.
Pensei: “Um Valpolicella com
11 anos deve estar mais morto do que o PT nas últimas eleições, mas vou abrir”.
A surpresa me deixou de queixo caído: O Cesari definitivamente
não era petista; estava vivo, integro e mais que bebível.
A cor, bem mais carregada do que a dos normais Valpolicella,
anunciava um agradável e bem controlado envelhecimento.
Aromas diversos, complexos e importantes, revelavam que aquele
vinho nada tinha de banal; aquele era um grande Valpolicella que lembrava um ótimo
“Ripasso”.
Na boca, o Valpolicella Cesari 2009, se apresentou com bom corpo,
aveludado, envolvente, harmônico.
Uma bela surpresa, um vinho que nem por um minuto pensei em
utilizar na marinada e resolvi degustá-lo calmamente enquanto cozinhava.
Quem encontrar o Valpolicella Cesari não pode deixar de
comprar, beber e depois, se possível, me agradecer pela dica.
Bacco
PS. Todos os enófilos, com razoáveis conhecimentos vinícolas,
sabem que o método “Ripasso” é
uma prática enológica que consiste em adicionar o vinho Valpolicella durante 15/20 dias
ao bagaço das uvas utilizadas na vinificação do Amarone ou do Recioto.
Neste período, de 15/20
dias, ocorre uma segunda fermentação alcoólica.
A técnica, muito antiga, é usada há séculos pelos produtores locais,
mas o termo “Ripasso” somente foi adotando recentemente.
A “DOC
Ripasso” é também muito jovem
e foi aprovada em 2010.
O que poucos sabem é que o Ripasso nasce da antiga cultura dos
agricultores italianos: “tudo se aproveita e
nada se joga fora”.
O Ripasso nasce, então, do desejo de não desperdiçar os
preciosos aromas complexos, álcool, açúcares e taninos ainda presentes no
bagaço do Recioto
Sempre bom ter umas surpresas do tipo. Eu gosto bastante dos Cesari.
ResponderExcluirSalu2
Aliás aproveito par agradecer à dica do titular encruzado. Muito bom!
ResponderExcluirLembrei de você! Hj no mercado dou de cara com o Cesari! Nao perdi tempo. As duas únicas levei por míseros 47 pilas! Se for ruim, serve pra marinada..rs
ResponderExcluirR$ 47? Compre todas as garrafas e se não puder escreva o endereço
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