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quinta-feira, 19 de novembro de 2020

VALPOLICELLA 2009

 


Em mais um final de semana, chuvoso e frio, resolvi cozinhar meu “famoso” Coelho ao vinho.


Na realidade a receita é originária da minha avó que a repassou à minha mãe e chegou às minhas panelas sem nunca sofrer grandes ou importantes modificações.


Além do coelho o segundo ingrediente mais importante é o vinho tinto.




Não é necessário utilizar um grande vinho, mas é preciso lembrar que quando se usam bons ingredientes o resultado final é sempre mais satisfatório.

Seguindo este preceito evito, sistematicamente, vinhos nacionais e recorro aos italianos, portugueses ou chilenos: o preço é menor e a qualidade nem se compara...

Visitei minha quase deserta adega (bebo sempre menos, mas melhor) à procura de um Cabernet ou Merlot chileno para usar na marinada.

Na pequena pilha, de pouco mais de meia dúzia de exemplares, uma garrafa, mais empoeirada do que as outras, chamou minha atenção.



Na luz difusa (parece bolero.... “Que será da luz difusa do abajur lilás..... ”) da adega e com a ajuda dos óculos consegui ler a etiqueta: “Valpolicella Cesari 2009”.

Pensei: “Um Valpolicella com 11 anos deve estar mais morto do que o PT nas últimas eleições, mas vou abrir”.

A surpresa me deixou de queixo caído: O Cesari definitivamente não era petista; estava vivo, integro e mais que bebível.



A cor, bem mais carregada do que a dos normais Valpolicella, anunciava um agradável e bem controlado envelhecimento.

Aromas diversos, complexos e importantes, revelavam que aquele vinho nada tinha de banal; aquele era um grande Valpolicella que lembrava um ótimo “Ripasso”.

Na boca, o Valpolicella Cesari 2009, se apresentou com bom corpo, aveludado, envolvente, harmônico.

Uma bela surpresa, um vinho que nem por um minuto pensei em utilizar na marinada e resolvi degustá-lo calmamente enquanto cozinhava.



Quem encontrar o Valpolicella Cesari não pode deixar de comprar, beber e depois, se possível, me agradecer pela dica.

Bacco

PS. Todos os enófilos, com razoáveis conhecimentos vinícolas, sabem que o método “Ripasso” é uma prática enológica que consiste em adicionar o vinho Valpolicella durante 15/20 dias ao bagaço das uvas utilizadas na vinificação do Amarone ou do Recioto.



 Neste período, de 15/20 dias, ocorre uma segunda fermentação alcoólica.

A técnica, muito antiga, é usada há séculos pelos produtores locais, mas o termo “Ripasso” somente foi adotando recentemente.

 A “DOC Ripasso” é também muito jovem e foi aprovada em 2010.


O que poucos sabem é que o Ripasso nasce da antiga cultura dos agricultores italianos: “tudo se aproveita e nada se joga fora”.

O Ripasso nasce, então, do desejo de não desperdiçar os preciosos aromas complexos, álcool, açúcares e taninos ainda presentes no bagaço do Recioto

 

  

4 comentários:

  1. Sempre bom ter umas surpresas do tipo. Eu gosto bastante dos Cesari.
    Salu2

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  2. Aliás aproveito par agradecer à dica do titular encruzado. Muito bom!

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  3. Lembrei de você! Hj no mercado dou de cara com o Cesari! Nao perdi tempo. As duas únicas levei por míseros 47 pilas! Se for ruim, serve pra marinada..rs

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  4. R$ 47? Compre todas as garrafas e se não puder escreva o endereço

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