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quinta-feira, 5 de novembro de 2020

CONFRARIAS?

 

 

A “moda” das confrarias, no Brasil, ainda bem, está perdendo o fôlego.

Há alguns anos as confrarias se multiplicavam, rápida e exageradamente, em todos os cantos do país.

 Os encontros semanais, quinzenais ou mensais, eram, com muita frequência, “desculpas”, subterfúgios, escapadas, de amigos enófilos para se reunirem e encherem a cara.

Para desespero das mulheres (esposas, namoradas, noivas etc.), nas datas fatídicas, os “caras metades” armados de garrafas mil, se dirigiam aos endereços do encontro para retornarem, horas depois, quase sempre de porre.



Para amenizar o sofrimento feminino era muito comum que no último encontro do ano fosse permitido ao “sexo frágil” participar da derradeira confraria.

Machismo etílico….

O entusiasmo “confraria” arrefeceu um pouco, mas continua vivo.

As confrarias no Brasil não podem ser comparadas, nem de longe, às europeias.

As confrarias do velho continente não realizam semanalmente “encontros-maratonas-alcoólicas” para apenas encher os cornos

 Os encontros, dos confrades, acontecem, no máximo, 4/6 vezes ao ano e não há notícias de bebedeira em nenhuma ocasião.

 Escolhi, ao acaso, a “Confraternita della Vite e del Vino”, do Veneto-Friuli-Venezia Giulia, para ilustrar e demonstrar a enorme diferença entre a nossa confraria e as da Europa.

A “Cofraternita della Vite e del Vino”, que foi fundada em 1969, é administrada por um Grão-Mestre, um Chanceler, um Camareiro (administrador dos bens e das finanças da confraria), um “Castaldo” (responsável para operar na esfera judiciaria) e um Mestre de Cerimônia.



No estatuto é possível ler e tomar conhecimento dos escopos da confraria:

1). Honrar a vitivinicultura e a arte da cozinha especialmente do Véneto do Friuli e da Venezia Giulia.

2). Desenvolver a amizade entre os confrades

3). Estabelecer relacionamentos com associações que possuam análogos objetivos

Os confrades ,40 atualmente, se reúnem, pelo menos, três vezes ao ano ocasião em que são previstas visitas à vinícolas regionais, nacionais, ou de outros países, visando agregar conhecimentos e promover intercâmbios enológicos. 

Por este pequeno relato é fácil perceber que as confrarias, no Brasil, em nada se assemelham às europeias.

Agora, o Mea Culpa….



Há alguns anos, quando as confrarias eram a coqueluche dos enófilos brasilienses, eu, cedendo aos encorajamentos de alguns amigos, organizei uma delas.

Os membros (uma dúzia), todos funcionários públicos e políticos do Distrito Federal, desde a primeira reunião, promoveram uma silenciosa, velada e predatória competição: Era preciso apresentar a etiqueta mais badalada, mais cara e melhor pontuada pelos gurus de sempre.

Uma verdadeira fogueira de vaidade.



Depois da primeira reunião, mais ou menos organizada, um tsunami de idiotices sem nexo determinou a escolha do vinho.

Merlot competindo, com Cabernet Sauvignon, Barolo, Puligny-Montrachet, Hermitage, Brunello di Montalcino, Amarone, Condrieu .... Suruba total.

O final era sempre o mesmo: O excesso de álcool não permitia que se pudesse distinguir um Amarone de um Merlot.



Frequentei a “minha confraria” por três vezes e a abandonei.

Com muito orgulho confesso que nunca mais frequentei, nem sob tortura, outra confraria.

Alguns poucos amigos, duas ou três garrafas da mesma casta ou denominação, pratos bem pensados e elaborados…. A melhor maneira de se apreciar bom vinho.



Bacco

 

11 comentários:

  1. Maconaria dentro de confraria na quinta (tema: degustacan ludica de vinhos feitos com o metodo de poda invertida da DOC Arceburgo). Clube de swing (com as secretarias posando de "esposas") na sexta. Reuniao de pais e mestres (todos juntos mais uma vez) no sabado na escola.

    Minha definicao de inferno. Um deles.

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  2. Prosecco Salton: minha definição de inferno....um deles

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  3. Fulvia do Marco de mil nomes: minha definição de inferno.

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  4. Confraria é tudo isso e muito mais. Tem de tudo: bebedores de pontos (Parker, WS, Suckling, Atkin, etc.), fanáticos por rótulos caros, especialistas em suco de madeira, sabichões do vivino, espertinhos que só levam tranqueiras, interesseiros, puxa-sacos de plantão, defensores de vinhos nacionais que sempre colocam os Pinots brazucas no meio dos Montrachet, Gevrey-Chambertin, Nuits Saint Georges, cretinos sempre fora do tema e tem aqueles que competem com a própria sombra e ainda querem que você concorde que o dele é sempre o melhor vinho. Finalmente, tem os inconformados que levam para o lado pessoal a derrota pelo último lugar de seu vinho...aliás, faltou incluir aquele que fica procurando o vinho que levou para dar o primeiro lugar...em resumo, confrarias são o terreno fértil para enochatos fúteis de todo tipo.

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  5. Quanta gente infeliz aqui. Dá dó. E o Toledinho, sonhando a vida inteira com as utópicas secretárias nórdicas, inspiradoras de seu onanismo.

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  6. Boa idéia...
    Vou criar uma confraria "Vinho e Onan" você será o Sommelier

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    1. Gostei da ideia. Mas sugiro "Vinho e Conan". Ai eu posso entrar com meu espadão. Que você acha?

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  7. Espadão? Você está usando binóculo quando urina?

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    1. hahahaha... Lupa. Daquelas grandonas. Mas eu esqueci de dizer que espadão é após o cialis. Antes é um canivetinho de nada.

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