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sexta-feira, 10 de julho de 2020

A NOVA CÔTE-D'OR


Pode ser que exista, eu não conheço, outro território vinícola tão complexo e fascinante com a Côte-D’Or.

Na Côte-D’Or apenas alguns metros podem determinar grande diferença na qualidade e no preço de um vinho.

Explico: Saindo da praça, dedicada aos “Vignerons”, bem no centro de Puligny-Montrachet, há uma rua que se prolonga até as últimas casas da aldeia.

No limite da aldeia, a rua se transforma em uma estradinha que continua, seu percurso, ladeada, não mais por casas, mas por vinhas de Chardonnay.

A estradinha, reta, se prolonga por mais ou menos 300 metros e em seu curto percurso há dois cruzamentos.

Na segunda encruzilhada, quem virar à esquerda encontrará, depois de 2 quilômetros, Chassagne-Montrachet e aquele que optar pela direita, seguirá até Meursault.


Calma, não estou dando uma de “Google Maps”, mas apenas uma pequena descrição que nos ajudará a confirmar que poucos metros, na Côte-D’Or, podem determinam uma enorme diferença na qualidade e no preço do vinho.

Saindo de Puligny, como já afirmei, a estrada atravessa um “corredor” de vinhas que fazem parte da AOC “Puligny-Montrachet Village”

Vinho de boa qualidade, como quase todos os da região, mas nada excepcional e que custa 15/25 Euros.

Percorrido 200 metros encontramos a primeira encruzilhada e é exatamente neste ponto que termina o território da AOC “Village” e começa o “paraíso” dos Grands Crus e dos 1er Crus.


Um estreito caminho, de apenas três metros, determina uma grande diferença na qualidade e uma enorme diferença no preço do vinho: Uma garrafa de “Puligny-Montrachet-Village” custa 15/20 Euros.  Uma ampola de “Bienvenues-Bâtard-Montrachet” ou de “Bâtard-Montrachet”, cujas uvas foram colhidas do outro lado da rua, custa quase proibitivos 180/300 Euros.

O que e quem determinou os limites das denominações?

 Os religiosos (frades) que, durantes séculos, realizaram observações e estudos incrivelmente meticulosos.

Não quero prolongar a dissertação, mas é necessário salientar que os frades Circestenses, no século XI, se apropriaram das terras da Côte-D’Or com as melhores vocações vinícolas, estudaram suas potencialidades e demarcaram os limites dos melhores vinhedos com muros de pedras (clos) até hoje presentes no território (ainda presente apesar do nosso Átila e escalador de cruzeiros medievais: Manoel Beato “Salu”)

Para se ter uma ideia, da quase obsessiva busca pelo conhecimento, a lenda conta que os Cistercenses até “degustavam” as terras, dos diversos terrenos, para poder determinar quais fossem os melhores.

A ciência moderna sepultou a “degustação......”

Conclusão (para não encher ainda mais o saco do leitor...): A Côte D’Or é um mosaico de solos e microclimas que justificam a diversidades das inúmeras parcelas.

No século XVIII os beneditinos instituíram uma classificação dos vinhedos tendo como base seu potencial qualitativo.

O religioso, Dom Denise, escreve “.....as vinhas que produzem os melhores vinhos da Borgonha são aquelas localizadas nas baixas e médias colinas com leve inclinação....”.

Terminei minha breve ilustração de como e quando surgiram alguns dos melhores e mais caros vinhos do planeta

 Quem leu atentamente terá, certamente, percebido que foram necessários 1.000 anos para que os franceses alcançassem a quase perfeição.

Conclusão:  os franceses são viticultores incompetentes, obtusos e atrasados.

Por quê?

Em pouco mais de cinco anos, no cerrado do Planalto Central, nasce uma nova Côte D’Or.


 Como se já não bastassem os “eno-fenômenos” gaúchos, catarinenses,
 paulistas, mineiros e sei lá quais mais, surge, agora, em Goiás e DF uma
safra de novos gênios da viticultura mundial.

Continua

Bacco


7 comentários:

  1. Parla, Bacco.
    Essas regioes nao tem historico de vandalismo as vinhas tao preciosas em historia e valiosas em receita? Ja viu, um monte de lixo desocupado se rebelando contra o 'sistema, o 'capitalismo', vai que ja houve algumas tentativas de vandalismo por la.


    Ou por sorte maconheiro metido a protestante tem tanta preguica que nao sai dos cafes revolucionarios para ir ao campo. Alguem precisa para pagar para eles protestarem...

    ah que se fonda, hoje acordei sem saco, igual a filha da Gretchen.

    Auguri.

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  2. Olha essa, Dionísio! Notícia fresquinha!!! Já provou algum Vinho de Brasília (D.F)?
    ''Vamos ter vinhos melhores que os europeus'', diz vice da AgroBrasília.

    Matéria: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2020/07/10/interna_cidadesdf,871165/vamos-ter-vinhos-melhores-que-os-europeus-diz-vice-da-agrobrasili.shtml

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    1. Unica coisa do bananal melhor que europa sao os travecos. Ate os portugueses do bananal sao piores que os da terrinha.

      Va de retro essa conversa de terroir melhor que os europeus.

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  3. É exatamente sobre esse assunto que estou escrevendo a próxima matéria

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  4. Estava justamente pesquisando vinhos para comprar no site ChezFance. Vocês conhecem esta importadora? É especializada em vinhos franceses. Sabem se são confiáveis?

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    1. Já comprei na Chez France e recebi os vinhos corretamente e em curto tempo. Na época, comprei bons Champagne Vollereaux a ótimos preços. Agora, subiu bastante. O Rosé é muito bom. Lembro também de ter comprado um Cantenac Brown 2012 por belos 230 Reais. Nunca mais.

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    2. Valeu amigo. Vou fazer umas escolhas lá, inspirado no artigo sobre Côte-D'or. Esperando (sentado, obviamente) que a nova Côte-D'or tupiniquim faça cair os preços dos franceses, já que provavelmente produzirá vinhos melhores e provavelmente o mundo inteiro passará a comprar o terroir do planalto central.

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