Há muitos anos, quando ainda acreditava (já bem pouco,
confesso) em guias, pontos, estrelas, taças etc., li, em uma revista, já não
lembro qual, onde o “Marcenasco”, da Renato Ratti,
fora premiado com sei-quantos-pontos e eleito o melhor Barolo do ano.
Por uma feliz coincidência, naquele mesmo dia, Massimo
Martinelli e eu havíamos programado almoçar em um restaurante (Osteria Veglio)
bem próximo da vinícola Renato Ratti.
Para os que não conhecem Massimo Martinelli, aqui vai um
pequeno currículo: Massimo, sobrinho de
Renato Ratti, em 1963 obteve o diploma de enólogo na “Scuola Enologica di
Alba”.
De 1964 até 1969 trabalhou como enólogo em Lugano (Suíça) na
“Casa Vinicola Fabbronidi”.
Em 1965, Renato Ratti, depois de alguns anos capitaneando a
Cinzano em São Paulo, retorna à Itália, compra algumas vinhas, próximas da “Abazzia
dell’Annunziata”, em La Morra, e começa a produzir vinhos.
Em 1969, convida o sobrinho,
Massimo Martinelli, para entrar na sociedade “Renato Ratti” e atuar na vinícola
como enólogo.
Com a morte do tio, Martinelli toca a vinícola até sua
aposentadoria, quando Pietro Ratti, filho de Renato, assume a empresa
adquirindo suas ações.
É sempre bom lembrar que Martinelli, por dois mandatos, foi presidente
do “Conzorzio di Tutela del Barolo e Barbaresco”.
Além das atividades na vinícola e no Consorzio, Martinelli se
dedicou, tambem, à pintura e. literatura
Um de seus livros, “Il Barolo Come lo Sento Io”, é
imprescindível para aqueles que desejam aprofundar seus conhecimentos sobre o
grande vinho piemontês.
Esta pequena introdução se faz necessária para que o leitor
possa entender o porquê de meu desprezo por pontos, estrelas, taças, os
melhores do ano, os 100 vinhos Top etc. etc. etc. que as revistas
e$pecializada$ continuam nos empurrando goela baixo (por uma questão de elegância
não revelo onde realmente empurram......).
Já acomodados no restaurante e bebericando uma taça de espumante,
que Martinelli não dispensa antes das refeições, resolvi mostrar ao amigo o artigo
da revista.
Esperava que Martinelli, ao ler a notícia do prémio, exibisse um
sorriso de satisfação e orgulho..
Tremendo engano......
Massimo, leu o artigo com nonchalance, fechou a revista e
exclamou “ Quanto será que nos custou? ”
Conhecendo Martinelli, há décadas, mudei rapidamente de
assunto.....
Moral da história: Nem os
produtores, que pagam, acreditam na seriedade das pantominas em que se
transformaram as apresentações dos incontáveis “Vinhos do Ano” e que periodicamente aparecem
nas revistas, ou blogs, dos formadores de opinião, sommeliers, puxas-sacos, arrivistas,
experts etc.
Faturar é preciso e...... quem paga o pato é sempre o enoloide
de plantão.
Depois deste acontecimento minha confiança, nas indicações dos
eno-gurus, despencou e nunca mais segui nenhum deles.
Alguém deve estar pensando: ”Tá bem, tudo bem, mas você já falou sobre o
assunto trocentas vezes.....”
Surgiu um fato novo que me tirou do sério.
Um assíduo e atento leitor, de B&B, me enviou a lista dos
melhores Barolo na opinião da WineEnthusiast.
Cada revista publica a sua e logicamente, privilegia quem paga
mais, mas a da WineEnthusiast
é de uma desfaçatez antológica.
Continua
Bacco.
Ué? Sumiu o outro artigo sobre os Guias que cegam????
ResponderExcluirPois é. Bebi um copo de Valduga 130 perdi o rumo e deletei a matéria. Quem leu,leu quem não leu......
ResponderExcluirAinda bem que consegui ler, excelente texto, pena que não consegui reler os links
ResponderExcluirde avaliações prévias de vinhos de Massimo Martinelli.
Grande abraço.
Você poderá reler os links. Abra o blog B&B. No cabeçalho há "pesquisar no blog". Escreva "tommaso canale" e releia as matérias: "Brasil exporta tecnologia vinícola" "Maluf da Liguria I" , "Maluf da Liguria II" Abraço.
ResponderExcluirNo aguardo do post sobre o ranking dos Barolo 2016, escrito por Kerin O´Keefe e publicado pela WineEnthusiast. ABraços a todos.
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