Sem grandes novidades (estou “preso” em Brasília) vou postando
matérias “enche-linguiças” de minhas viagens pela Borgonha e opinando sobre
alguns vinhos da região.
A primeira matéria quer demonstrar que, apesar de a cada dia mais caros, nem todos vinhos da Borgonha são top.
Gostaria de começar os comentários com uma grande esperança e
não menor decepção: Bruno
Colin
Colin não era um dos meus “tradicionais” fornecedores, mas,
através do Facebook, acompanhava muitas notícias de sua “domaine”: Localização
dos vinhedos, trabalho nas parreiras, desde a poda até as colheitas, cuidados
na vinificação etc.
Bom divulgador, simpático
e proprietário de invejáveis 1er crus, cativou minha atenção.
Em pouco tempo surgiu o desejo de conhecer seus produtos.
Chassagne-Montrachet é pequena (menos de 400 habitantes), 1/2
dúzia de ruas, duas praças, um parque infantil, dedicado à Michelle Bachelet,
cujos antepassados eram viticultores em Chassagne, nenhum bar e uma
impressionante lista de mais de 40 produtores de vinho.
É fácil perceber que é impossível comprar de todos
viticultores e a seleção se faz necessária.
Quem quiser comprar apenas algumas unidades, de diversos produtores,
o endereço certo é “Caveau de Chassagne”,
todavia eu, que disponho de bastante tempo, prefiro me dirigir diretamente ao
produtor e, se possível, negociar o preço.
Em 2015 resolvi, finalmente, conhecer a vinícola de Colin e
negociar algumas garrafas.
Recepção muito gentil, degustação limitada, mas agradável e preços
salgados.
Negociar preços? Nem pensar......
Apesar dos valores acima da média local (todos os vinhos
custavam mais de 60 Euros), 12 garrafas de “La Truffière”, “La Boudriotte”, “Les Demoiselles”
foram para o porta-malas e confraternizaram com os vinhos de Thomas Morey.
Como costumo, normalmente proceder, deixei descansar os vinhos
do Bruno Colin, durante alguns meses, em minha “adega”.
Um belo dia resolvi que o descanso já fora suficiente e abri
uma garrafa de “La Truffière” 2013.
“La Truffière” é um dos mais prestígios 1er crus
de Puligny-Montrachet e os vinhos, desta pequena denominação, são conhecidos e por
sua proverbial elegância, finesse e sua soberba estrutura.
O vinho que estava bebendo apresentava, sim, grande estrutura,
mas cadê a finesse e elegância?
As duas principais características
haviam sido substituídas por um tsunami de manteiga e madeira.
Tive a impressão que a minha taça falava inglês e com sotaque californiano.
Tentei
diversas vezes ser magnânimo, benevolente, menos cri-cri, mas infelizmente
nunca pude encontrar, nos vinhos do Colin, a proverbial elegância, “finesse” e
complexidade que caracterizam os grandes Chardonnay da região.
Muita
madeira, manteiga em excesso, álcool muito presente e agressivo…deixei de
comprar há seus vinhos há alguns anos; na região há dezenas de opções melhores
e mais baratas
Uma delas pode ser encontrada há pouco mais de
100 metros de distância da Domaine do Bruno Colin: Thomas Morey.
Bacco
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