Descobrir
vinhos obscuros é especialidade de B&B.
Como leitor voraz do site, vi Bacco, Bocca e Dionísio em incontáveis epopeias para achar Loazzolo, Gamba di Pernice, Blanc de Morgex et de la Salle, Rubesco, Picolit, Susumaniello e vários outros vinhos fora do radar do enófilo brasileiro.
Como também
os vi defender os bons Lambrusco, Dolcetto, Pinot Bianco e outros que, com a
fama e a proliferação, tiveram suas reputações manchadas.
Mas, que coisa: eu mesmo não esperava descobrir um pequeno grande vinho.
Mas, que coisa: eu mesmo não esperava descobrir um pequeno grande vinho.
Por questões burocráticas familiares, passei alguns meses na Calábria, envolvido com a burocracia italiana.
Com isso, e sem carro, resolvi aproveitar os vinhos
do dia-a-dia que os supermercados e enotecas locais ofereciam.
Da mesma
maneira, provar as especialidades locais e desfrutar do estilo de vida local,
bem menos acelerado que minha vida quotidiana em Brasília.
Além de ter dado a enésima chance ao Cirò calabrês - vinho que, na melhor das hipóteses, é medíocre -, conheci outros vinhos mundanos: Rosso Conero, Sannio, Locorotondo.
Além de ter dado a enésima chance ao Cirò calabrês - vinho que, na melhor das hipóteses, é medíocre -, conheci outros vinhos mundanos: Rosso Conero, Sannio, Locorotondo.
Sem lembrar se B&B tinha escrito algo sobre o vinho, resolvi pegar uma garrafa, da “Cantine Astroni”.
Ao chegar em casa, descobri que o Gragnano era um vinho da Campânia, frisante, feito com uvas locais da Peninsola Sorrentina e considerado, pelos napolitanos, a companhia perfeita para uma pizza.
Pensei duas coisas:
- primeira, que foi bom não ter percebido que se tratava de um vinho frisante,jamais o compraria;
- segundo, que, se os napolitanos, inventores da pizza, dizem que o Gragnano é o melhor vinho para acompanhar o prato, é porque o vinho é bom.
Dias depois, na primeira oportunidade que tive de assar uma pizza, abri a garrafa.
Que pequeno grande vinho!
A comparação imediata é com os bons Lambrusco, que raramente chegam ao Brasil e já foram merecidamente defendidos por Bacco:
- primeira, que foi bom não ter percebido que se tratava de um vinho frisante,jamais o compraria;
- segundo, que, se os napolitanos, inventores da pizza, dizem que o Gragnano é o melhor vinho para acompanhar o prato, é porque o vinho é bom.
Dias depois, na primeira oportunidade que tive de assar uma pizza, abri a garrafa.
Que pequeno grande vinho!
A comparação imediata é com os bons Lambrusco, que raramente chegam ao Brasil e já foram merecidamente defendidos por Bacco:
http://baccoebocca-us.blogspot.com/2019/05/lambrusco-i.html
http://baccoebocca-us.blogspot.com/2019/05/lambrusco-2.html
Um vinho frisante, leve, feito com uvas Piedirosso, Aglianico e Sciascinoso, com apenas 11,5% de álcool.
Impossível
não lembrar de um bom Lambrusco.
Entretanto, ao contrário do "primo" da Emília-Romagna, o Gragnano - que é safrado -, segue sendo um segredo bem guardado, cuja produção se concentra ao redor do Monte Lattari e da Península Sorrentina como um todo.
Entretanto, ao contrário do "primo" da Emília-Romagna, o Gragnano - que é safrado -, segue sendo um segredo bem guardado, cuja produção se concentra ao redor do Monte Lattari e da Península Sorrentina como um todo.
Mario Soldati, em seu "Vino al Vino",
assim descreveu o Gragnano:"Perfume de vinho e campestre; frisante e inclusive,
quando jovem, de uma espuma que caía rápido e, rapidamente, desaparecia para
sempre; pastoso e denso, mas, ao mesmo tempo, escorregadio; como um Lambrusco
mais encorpado, ou uma barbera menos encorpada (...) apesar da cor, não deve
ser bebido à temperatura ambiente, mas àquela de uma geladeira".
E foi assim que descobri um pequeno grande vinho,
capaz de te fazer secar a garrafa sem nem perceber (e te deixar bem alegre,
apesar do pequeno teor alcoólico) e que nem de grandes taças necessita.
Como já mencionado,
nunca vi um Gragnano chegar ao Brasil, e, mesmo na Itália, não é tão fácil de
encontrar.
Se estiver na bota, e
especialmente no sul, não há melhor companhia para uma pizza - nem mesmo
aquelas coisas da Maremma que seu amigo endinheirado anda ostentando no
Instagram.
Zé
Zé
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