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terça-feira, 30 de julho de 2019

ÁGUA E VINHO


Até os anos 1970, quando o vinho era apenas vinho, não moda, símbolo de status e que para apreciá-lo ninguém frequentava cursos picaretas, pretensiosos e imbecilizantes, era muito comum adicionar um pouco de água ao vinho.
 

Durante as refeições, nos campos, fábricas, “trattorie”, restaurantes, ou em casa, muitos italianos costumavam adicionar um pouco de água ao vinho.

Ninguém criticava, torcia o nariz ou se escandalizava com o fato.

Ainda hoje, nas “trattorie”, é normal encontrar trabalhadores que, sem cerimônia, ou receio do insuportável “politicamente correto”, adicionam água ao vinho.

 
No Brasil, dos milhares de “sommerdiers”, experts, enófilos, formadores de opinião etc., esta prática é considerada uma verdadeira heresia.

E tome vinho de insanos 14º - 15º - 16º graus sem torcer o nariz.

Gradação perfeita para se beber em um país tropical, abençoado por Deus e pelo calor.

Tenho certeza que se eu adicionasse um pouco de água ao vinho, em um dos restaurantes da moda de Brasília, me transformaria imediatamente na Geni das cristalinas taças e em poucos segundos seria insultado, alvo de risos e chacotas no Instagram.
 

Pois bem, somente a título de informação e para o horror de nossos “puristas” do vinho, comunico que muitas vezes, especialmente quando a safra doa álcool em excesso, é pratica comum adicionar água ao mosto em fermentação.

Os “puristas”, que acreditam na pureza ou candor no (sub) mundo do vinho, precisam acordar: O que há de picaretagem no reino de Baco não está no gibi.
 

Agora que “derrubei” mais um mito voltemos ao assunto que motivou esta matéria.

Nunca acreditei, nem por um segundo, que sommeliers, degustadores, juízes, críticos, formadores de opinião, enófilos etc. etc. etc. fossem capazes, depois de degustar uma dúzia de vinhos, distinguir um Nebbiolo de um Nero d’Avola, um Freisa de um Bonarda, um Syrah de um Grenache ..... E por aí vai.


Aliás, há muitos degustadores-enganadores que não conseguem distinguir um Champagne de um Franciacorta.

Há dias, li matéria, em um site italiano (há alguns ótimos), que despertou minha curiosidade.

O responsável do blog, cansado de vinhos muito alcoólicos, excessivamente amadeirados e já sem paciência para ouvir lorotas dos amigos degustadores, resolveu testar os conhecimentos de dois experimentados sommeliers.

Para a experiência retirou, com cuidado, a cápsula e a rolha de um bom Ciliegiolo Toscano, derramou 1/5 de vinho em uma taça e completou novamente, a garrafa, com água mineral.

A escolha da água mineral visava evitar que o cloro, presente na água da torneira, pudesse “contaminar” o vinho
 


Garrafa envolta em papel alumínio, temperatura correta, taças de cristal e ........ os comentários.

“ Interessante. Lembra um Pinot Noir, mas não de uma “appellation” importante..... talvez um Givry”

“Eu acho que é um Pinot Noir italiano”

Nenhum dos dois sommeliers percebeu, nem remotamente, a adição e a presença da água e muito menos acertou a uva originaria.

A interessante experiência aguçou minha curiosidade e resolvi repeti-la no final de semana que passou.

O resultado?

Aguarde a próxima matéria.

Bacco

 

 

 

 

 

 

 

 

4 comentários:

  1. Essa eu não sabia.... Achava que misturar água ao vinho era somente um hábito das famílias francesas e italianas de outrora quando serviam um pouco de vinho às crianças. Hoje, nesse ambiente "politicamente correto", seria ainda assim um crime, passível de processos dessas "Delegacias de Proteção a Crianças e Adolescentes". Como está chato o mundo hoje!

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  2. A minha "iniciação" foi com neve e um pouco de timto

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  3. Matéria legal, Bacco. Uma vez, na Argentina, estranhei quando o garçom trouxe um pequeno balde com gelo e recomendou que eu adicionasse à taça, para refrescar e dar uma diluída no vinho, tornando-o mais palatável. Obviamente, não discordei e deixei que ele fizesse como de costume. Não morri por isso. Ai se fosse aqui no Brasil.
    Salu2,
    Jean

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  4. Peste, agua somente se adiciona a gasolina e chopp no bananal.....

    Auguri

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