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quarta-feira, 3 de julho de 2019

ENO-VOYEURISMO


 
Nada contra internet, Facebook, WhatsApp, Instagram etc. etc. etc., que tornaram a vida mais fácil, a informação mais rápida.

As redes sociais unem pessoas, de todos os cantos do mundo, democratizam comunicações, opiniões, comportamentos, mas tudo tem um limite: O limite é o bom senso.

“Oi pessoal vejam a ampola que detonei ontem”

 
“Sorry, mas esta garrafa é para poucos”
 
“Olhem a vertical deste final de semana”

“Viram minha última story onde enxugo um Ornellaia 1996? ”

 
Não sei se é enfado, inveja, irritação, ou outro sentimento qualquer, mas confesso que estou com saco transbordando de tanto presenciar, nas redes sociais, o incompreensível, inútil e quase doentio eno-exibicionismo.

Parece uma disputa, de egos inflados, em busca do nada.

Uma disputa constante, interminável e sem sentido.

É preciso fotografar, postar, comentar, como um troféu, a garrafa apenas aberta.

 
Compulsão, pura e incontrolável.

São fotos de Romanée-Conti, Monfortino, Cristal, Krug, Sassicaia, Masseto, Montrachet, Vega Sicilia, Barca Velha e outros “ícones” da viticultura, que surgem nas redes sociais todos os dias e a cada minuto.

Confesso que não sinto inveja, até porque, a maioria das garrafas “postadas”, nunca conheceram e nem molharam minha modesta e anônima taça....

Sinto apenas irritação, cansaço e desilusão, ao testemunhar o crescente voyeurismo e eno-masturbação que atacou, inexoravelmente, os exibicionistas do vinho.
 

Não há mais o prazer de compartilhar, comentar, apreciar uma bela garrafas, com amigos.

É preciso expor, ao “mundo”, o bom gosto e o bem gasto, a mais cara e rara garrafa e, assim, provocar estupor e inveja nos seguidores.

Quanto mais comentários e curtidas, mais “tesão”, mais baba caindo da boca

Será a vingança e a vitória de Onan?

Pessoalmente acho a atual eno-masturbação-virtual uma mastodôntica idiotice.

Não há mais o desejo, o prazer, a alegria de compartilhar conhecimentos, emoções e experiências que somente uma bela garrafa pode proporcionar; é preciso ostentar, emular, esnobar.

O vinho se transformou em um símbolo de ostentação, disputa idiotizante de eno-cegos-egos que se desafiam, no Instagram, Facebook etc., para ver quem posta a foto da garrafa mais cara e mais fora do alcance da maioria dos mortais.

Bons tempos em que nos bares, entre um whisky (com guaraná?), um Cuba Libre ou uma cerveja, nos gabávamos e muitas vezes mentíamos, de ter comido essa, aquela, aquela outra .....
 

Ainda bem que não existia o Instagram, Facebook etc. e não postávamos....

Dionísio

 

 

 

 

6 comentários:

  1. Fora o fato, não mencionado, de que várias dessas garrafas postadas por esses eno-exibicionistas devem ser falsas...

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    1. Conheço um blogueiro que faz postagens com fotos que pega da página do produtor ou da rede e posta como se tivesse bebido o vinho. Inclusive, com comentários de revistas ou da própria ficha técnica encontrada no site do produtor. Para que? Parece aqueles caras que compram Rolex falso no centro de São Paulo e saem se exibindo.

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  2. O pior é que está repleto disso nas mídias sociais. O cara escrever “Sorry, mas esta garrafa é para poucos”, é de lascar, não? Também não gosto quando chamam garrafa de "ampola". Lembra curso de ABS e cia. Tecnicamente, até que não é errado. Mas que é esquisito é.

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  3. Se houvesse como gravar o que fiz na epoca do colegial e faculdade eu estaria dormindo de conchinha com o sergio cabral e o maniaco do parque. Foi lindo. Sorry, agora vou tomar champan com ostras (incluindo as acompanhantes) no 4 seasons.

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    1. Fala a verdade: Você vai mesmo é a um motelzinho barato com o negão do whatsapp.

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    2. pode ser, mas sera motel em algum lugar que voce nunca pisara. sorry, motel com teto giratorio, vinhos de sonho, wi-fi que suporta streaming, pizza feita com pao de forma seven boys (isso aconteceu mesmo).

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