Leio e sorrio, “Giocondamente”, que na Sicília os produtores
estão erradicando vinhas da “internacional” Chardonnay e plantando uvas
autóctones, especialmente a Grillo.
Sempre considerei uma tremenda falta de visão dos viticultores
europeus que, durantes décadas, privilegiaram o plantio de uvas francesas para
poder agradar aos “Parker-boys” e ao mercado americano.
Países, como Itália e Portugal, donos de vastíssimo e
incalculável patrimônio vinícola, não deveriam ter sucumbido aos apelos melífluos
e imediatistas do volúvel mercado consumidor.
O buraco é mais embaixo….
O vento mudou e hoje, até o mercado americano, o maior e mais
cobiçado do planeta, cansou do “estilo pasteurizado-parkeriano” e busca vinhos
que exprimam o território e a diversidade.
Mais um dos meus discursos quixotescos?
Não, apenas uma pequena introdução ao “vinho do dia”: O “Pecorino”.
A “Pecorino” (nossos
sommerdiers e formadores de opinião nem sabem do que se trata) casta quase
esquecida e abandonada retorna timidamente à cena em meados do século passado e
reencontra, agora, o merecido reconhecimento.
Há diversas lendas sobre a origem do nome “Pecorino” (de ovelha).
A mais difundida e
talvez mais lógica, talvez seja essa: O vinho de baixa reputação, custava pouco,
era bastante alcoólico e por isso os “pecorai” (pastores
de ovelhas) o levavam em suas longas viagens pelos pastos nos Apeninos do
Abruzzo e Marche.
Vinho dos “pecorai” = “Pecorino”.
De fato, a “Pecorino” é uma casta autóctone do sul da região Marche e de todo o
território abruzzese.
Injustamente delegado a um segundo plano a “Pecorino” foi durante
muitos anos usada como uva de corte e adicionada aos vinhos mais leves e de
pouca estrutura.
Nos anos 1980, finalmente, alguns viticultores de visão resolveram
vinifica-lo em pureza e com os cuidados necessários.
Nasce, então, um vinho
fresco, de notável estrutura, suntuoso, importante.
O “Pecorino” não é um daqueles vinhos fáceis, que agrada de imediato e que
os italianos classificam “ruffiano”.
O “Pecorino” não é banal, não é um daqueles vinhos que se bebem e se
esquecem 5 minutos depois; o “Pecorino” é importante, marcante e não faz concessões.
Notáveis notas minerais,
poucos, mas resolutos aromas que lembram cítricos e ervas aromáticas (tomilho, hortelã).
Na boca é redondo, acidez decidida, grande persistência e
intensidade.
Um vinho de grande caráter e generosidade.
O “Pecorino” que me impressionou profundamente e o melhor que bebi até agora,
foi o “Giocheremo com i
Fiori” (Brincaremos com as Flores” da vinícola Torre dei Beati.
Grande vinho que se apresenta no palco dos bons brancos italianos
como ator predestinado à grandes papeis.
Um belo vinho que custa
(não fiquem putos, por favor....) 10-12 Euros.
Bacco
umani ronchi também gostei muito, mas minha dúvida é... vale a pena guardar este vinho alguns anos?
ResponderExcluirNão. Beba após 4/5 anos . Estará no ponto.
ExcluirDois comentários:
ResponderExcluir1) Nunca encontrei O Peccorino seco no Brasil. Só o bebi no Brooklin, em NY. Aqui, só vi o doce.
2) Certa vez, perguntei, na Quinta do Noval, por que eles estavam usando Syrah no Douro. Inclusive, varietal. A resposta confirma o que vocês dizem: O mercado.
Com todas as grandes castas portuguesas o mercado busca o Syrah do Douro. Só rindo
Excluirjá achei um Pecorino seco no Brasil, da vinícola Ciù Ciù. bebi, mas não me agradou. vou procurar outros e arriscar pelo menos mais uma vez.
ExcluirBoa noite, eu importo vinhos da região marche e tenho 2 Pecorinos no portfólio. São excelentes vinhos, e tem preço justo. Fico a disposição a quem se interessar. Desculpem se fiz esse comentário em local indevido, espero não incomodar. Obrigado, Guilherme.
ResponderExcluirBoa noite, sou importador de vinhos da regiao Marche, e tenho 2 Pecorinos no portfólio. Fico a disposição para atender quem quiser conhecer esses ótimos vinhos. Desculpem se aqui não puder fazer esse tipo de comentário, sou apenas um leitor do blog, e considero excelente por acaso ! Obrigado. Guilherme
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