Facebook


Pesquisar no blog

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

PECORINO


 


Leio e sorrio, “Giocondamente”, que na Sicília os produtores estão erradicando vinhas da “internacional” Chardonnay e plantando uvas autóctones, especialmente a Grillo.
 

Sempre considerei uma tremenda falta de visão dos viticultores europeus que, durantes décadas, privilegiaram o plantio de uvas francesas para poder agradar aos “Parker-boys” e ao mercado americano.
 

Países, como Itália e Portugal, donos de vastíssimo e incalculável patrimônio vinícola, não deveriam ter sucumbido aos apelos melífluos e imediatistas do volúvel mercado consumidor.
 

O buraco é mais embaixo….

O vento mudou e hoje, até o mercado americano, o maior e mais cobiçado do planeta, cansou do “estilo pasteurizado-parkeriano” e busca vinhos que exprimam o território e a diversidade.

Mais um dos meus discursos quixotescos?

Não, apenas uma pequena introdução ao “vinho do dia”: O “Pecorino”.
 

 A “Pecorino” (nossos sommerdiers e formadores de opinião nem sabem do que se trata) casta quase esquecida e abandonada retorna timidamente à cena em meados do século passado e reencontra, agora, o merecido reconhecimento.

Há diversas lendas sobre a origem do nome “Pecorino” (de ovelha).

 A mais difundida e talvez mais lógica, talvez seja essa: O vinho de baixa reputação, custava pouco, era bastante alcoólico e por isso os “pecorai” (pastores de ovelhas) o levavam em suas longas viagens pelos pastos nos Apeninos do Abruzzo e Marche.
 

 Vinho dos “pecorai” = “Pecorino”.

De fato, a “Pecorino” é uma casta autóctone do sul da região Marche e de todo o território abruzzese.

Injustamente delegado a um segundo plano a “Pecorino” foi durante muitos anos usada como uva de corte e adicionada aos vinhos mais leves e de pouca estrutura.

Nos anos 1980, finalmente, alguns viticultores de visão resolveram vinifica-lo em pureza e com os cuidados necessários.

 Nasce, então, um vinho fresco, de notável estrutura, suntuoso, importante.
 

O “Pecorino” não é um daqueles vinhos fáceis, que agrada de imediato e que os italianos classificam “ruffiano”.

O “Pecorino” não é banal, não é um daqueles vinhos que se bebem e se esquecem 5 minutos depois; o “Pecorino” é importante, marcante e não faz concessões.

 Notáveis notas minerais, poucos, mas resolutos aromas que lembram cítricos e ervas aromáticas (tomilho, hortelã).

Na boca é redondo, acidez decidida, grande persistência e intensidade.

Um vinho de grande caráter e generosidade.

O “Pecorino” que me impressionou profundamente e o melhor que bebi até agora, foi o “Giocheremo com i Fiori” (Brincaremos com as Flores” da vinícola Torre dei Beati.
 

Grande vinho que se apresenta no palco dos bons brancos italianos como ator predestinado à grandes papeis.

 Um belo vinho que custa (não fiquem putos, por favor....) 10-12 Euros.

Bacco

7 comentários:

  1. umani ronchi também gostei muito, mas minha dúvida é... vale a pena guardar este vinho alguns anos?

    ResponderExcluir
  2. Dois comentários:
    1) Nunca encontrei O Peccorino seco no Brasil. Só o bebi no Brooklin, em NY. Aqui, só vi o doce.
    2) Certa vez, perguntei, na Quinta do Noval, por que eles estavam usando Syrah no Douro. Inclusive, varietal. A resposta confirma o que vocês dizem: O mercado.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Com todas as grandes castas portuguesas o mercado busca o Syrah do Douro. Só rindo

      Excluir
    2. já achei um Pecorino seco no Brasil, da vinícola Ciù Ciù. bebi, mas não me agradou. vou procurar outros e arriscar pelo menos mais uma vez.

      Excluir
  3. Boa noite, eu importo vinhos da região marche e tenho 2 Pecorinos no portfólio. São excelentes vinhos, e tem preço justo. Fico a disposição a quem se interessar. Desculpem se fiz esse comentário em local indevido, espero não incomodar. Obrigado, Guilherme.

    ResponderExcluir
  4. Boa noite, sou importador de vinhos da regiao Marche, e tenho 2 Pecorinos no portfólio. Fico a disposição para atender quem quiser conhecer esses ótimos vinhos. Desculpem se aqui não puder fazer esse tipo de comentário, sou apenas um leitor do blog, e considero excelente por acaso ! Obrigado. Guilherme

    ResponderExcluir