No palco do vinho há de tudo: astros de cinema (inclusive
pornô), locutores de televisão, cantores, comerciantes, industriais, banqueiros,
arrivistas, marqueteiros, picaretas e, pasmem, até viticultores
A visão, interpretação e conceito, do mundo vinícola, por
parte de um viticultor e bem diferente do industrial, locutor de televisão,
cantor etc.
Cada personagem olha para as vinhas de maneira totalmente diferente.
O mais confiável e melhor interprete, deste mundo, é sempre o
viticultor.
Os industriais (Concha Y Toro,
Miolo, Salton, Antinori, Zonin, Gallo etc.) pensam em números,
faturamento, despesa, lucro, lucro, lucro, lucro........
O vinho, para os industriais, é um meio e não um fim.
Na visão do viticultor ocorre exatamente o contrário.
O viticultor pensa, também, em faturamento lucro etc., mas a vinha,
território, tradição e herança cultural, são mais importantes e pesam mais do
que o dinheiro.
Quem duvidar tente convencer Jean Claude Bachelet, Gian
Alessandria, Fausto De Andreis, Sebastiano Catania, Thomas Morey, Jean Raphet,Pierre Antoine Jambon
e
outros milhares de verdadeiros viticultores, a mudar seus conceitos vinícolas.
Os industriais também são necessários, não importantes, mas necessários:
sem eles o vinho não conseguiria visitar todas as taças do planeta.
Os mais perniciosos e perigosos atores, que habitam o palco
das garrafas, são os picaretas e os marqueteiros.
No Brasil a picaretagem e o marketing, apesar de quase
infantis, produzem efeitos devastadores nas mentes dos enófilos nacionais: Prometem qualidade,
excelência e entregam mediocridades e mediocridades caríssimas.
Os americanos são mais sofisticados: Compram espúrios
Spurriers para derrotar os mestres franceses em seu próprio território e se
auto-proclamam, como de costume, os melhores do mundo.
Os italianos "inventam" caríssimos vinhos
"franceses" na Maremma, Chardonnay no Piemonte, Pinot Noir no Alto
Adige etc.
E por falar em picaretas italianos.....
Uma das maiores picaretagens que conheço, e sobre a qual já
escrevemos, é a palhaçada que a vinícola Bisson,
de Chiavari, apresentou no picadeiro dos espumantes: "Abissi" (abismos).
A Bisson, vinícola lígure de modestíssimos resultados
enológicos, ganhou notoriedade e dinheiro com uma inteligente jogada aquática: Mergulhou
um ridículo espumante nas águas da badalada Portofino.
Não há provas que o vinho na versão "Titanic" melhore, mas os turistas idiotas, que visitam a
bela aldeia lígure, disputam ferozmente as garrafas de "Abissi".
Resultado: O "Abissi" custa 40/45 Euros.
Quando a safra de eno-idiotas é farta..... Confira o absurdo
Abissi Metodo Classico dosage zero - Bisson Società Agricola
É sempre bom lembrar que o bom Champagne "Paul Bara", pode ser levado para casa por 35/38 Euros.
Quando a safra de eno-idiotas é farta..... Confira o absurdo
Abissi Metodo Classico dosage zero - Bisson Società Agricola
Annata: 2014
Disponibilità: Disponibile
Prezzo di listino: 108,00 €
Special Price 97,20 €
É sempre bom lembrar que o bom Champagne "Paul Bara", pode ser levado para casa por 35/38 Euros.
O "Abissi" é produzido com a "Bianchetta Genovese"
A Bianchetta é uma uva que pode, no máximo, revelar vinhos leves, baratos, rigorosamente regionais e que ninguém, 500 metros além do território lígure, conhece ou aprecia.
Os vinhos de "Bianchetta Genovese" "fan cagare", ou quase....
O pessoal da Bisson deve ter feito uma viagem pelo Brasil e percebido que, nas terras tupiniquins, há um exercito de enófilos imbecis que elogiam o espumante Valduga e desembolsam, sem remorso algum, R$ 195 (56 Euro) por uma garrafa de "Maria Valduga Brut".
Se um espumante brasileiro, mesmo custando mais do que um Champagne Jaquesson, consegue vender, uma Bianchetta Genovese, mergulhada nas águas do Tirreno, pode ter sucesso.
E assim foi.... A Biachetta com borbulhas atingiu preços estratosféricos.
O sucesso atrai concorrente.
Há poucos meses, em Recco, cidade próxima de Santa Margherita (10 km), apareceu uma sociedade vinícola, capitaneada pelo senhor Emanuele Kottakhs, até então proprietário de uma oficina especializada em parabrisas de automóveis, que, também, mergulhará milhares de garrafas nas águas de Portofino.
Nosso mais novo "Capitão Nemo" importou caixas e caixas de espumante francês e as afundará nas ondas de Portofino.
A Bisson, no início de sua incursão aquática, havia assinado um contrato com a administração do parque de Portofino.
O contrato estipulava um valor para cada garrafa submersa.
A Bisson, pra variar, não pagou um "aluguel" estipulado e Portofino mandou o "Abissi" e a Bisson para a.......
A borbulhante Bianchetta, da Bisson, hoje está em banho-maria nas águas de Sestri Levante e deixou livre, para a concorrente de Recco, seu antigo espaço em Portofino.
Já no próximo ano, uma multidão, de turistas-palermas, poderá levar para casa, quem sabe, o "Titanic II" pagando cifras pornográficas dignas do Brasil vinícola.
Enquanto isso os produtores de Maria Valduga (R$ 195), Abissi (43 Euros), Abissi II (?), Barbera Perini (R$ 80), Tannat Carraro (R$ 269), Masseto (650 Euros) etc., morrem de tanto rir dos eno-idiotas que compram suas garrafas.
Bacco
Seu post me lembrou desta notícia:
ResponderExcluirhttp://www.miolo.com.br/noticias/miolo-anuncia-campanha-internacional-do-espumante-cuvee-tradition-com-steven-spurrier-e-imersao-de-garrafas-em-mar-frances/
Ridículo
ExcluirBacco, você conhece um bom nebbiolo fora do Piemonte - não vale citar o Singular da Lídio Carraro (hahaha) - ou essa dupla é tão indissociável quanto Pinot Noir / Borgonha?
ResponderExcluirMais ainda. Pinot Noir é encontrado em vários países, o Nebbiolo ,menos. Fora do Piemonte há bons Nebbiolo na Valtellina (Lombardia)onde assume o nome Chiavennasca.Vinhos da Valtellina com Nebbiolo: Grumello , Sassella , Sfursat, Inferno etc.
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