O
nascimento do Barolo, relatado
na
matéria anterior, é a versão a mais popular, mais romântica e
mais conhecida, mas será a
verdadeira?
Há
quem afirme que o Barolo nasceu em Torino e que os Falletti, já no
século XVIII, produziam, além do Nebbiolo adocicado e frizante,
parecido com o atual Lambrusco, um Nebbiolo seco.
O
vinho seco, dos Falletti, não se chamava Barolo – era conhecido
como “Nebbiolo
Vecchio” ou
“Nebbiolo
Stravecchio di Prima Qualità Amaro”.
Há,
na história do Barolo, inúmeras versões e lendas.
Eu,
neste caso, faço como o jornalista, na
intervista ao
senador Ransom Stoddard (James Stewart), em
“O
Homem que Matou O Facínora” (grande
filme de Jonh Ford):
“Quando
a lenda é maior que o fato, publique-se a lenda”.
Continuemos
agora com os fatos….
As
primeiras garrafas de Barolo não eram vinificadas com o Nebbiolo em
pureza.
Como
todos sabem, o Nebbiolo é uma uva rica em taninos, mas pobre na cor.
Para
melhorar a coloração, nos
primeiros Barolo, eram adicionados, ao Nebbiolo, 10% de uva “Neiran”.
Hoje
o Barolo é vinificado com 100% de uva Nebbiolo das subvariedades
Lampia,
Michet, Rosè.
O
Barolo, através dos anos, passou por várias mudanças na
vinificação sempre visando melhorar o já
ótimo vinho.
Os
primeiros Barolo eram mais rústicos, muito tânicos, exigiam
longuíssimos tempos de afinação, não raramente exalavam cheiros
nada agradáveis e somente estavam “prontos” depois de 20 ou 30
anos.
Quando
nascia um filho, ou filha, era costume comprar algumas garrafas de
Barolo para comemorar o evento.
As
garrafas
eram
guardadas,
religiosamente, nas adegas onde aguardavam
calmamente o 21º aniversario do rapaz, ou o casamento da moçoila.
O
Barolo era o vinho das grandes ocasiões.
Ficava
décadas esquecido no escuro das “cantine” e ….. ninguém
bebia: “O
Rei dos Vinhos e o Vinho Dos Reis”
era
mais admirado do que consumido.
O
exagerado “respeito”, pelo grande vinho, inibia o consumo, os
produtores acumulavam em suas adegas grandes estoques e os preços,
consequentemente, não melhoravam.
Quando
os viticultores deixaram de produzir Barolo com os pês e começaram
a usar a cabeça, o panorama mudou.
Em
1980 o Barolo consegue a DOCG.
Os
vinicultores já havia adotado técnicas enológicas mais racionais,
nas adegas os cuidados higiênicos eram rigorosos e os equipamentos
modernos resolveram antigos e graves problemas de
controle de temperatura.
A
modernidade assumiu
seu importante papel e, sem desvirtuar os antigos ensinamentos
herdados, os viticultores conseguiram desenvolver um Barolo que não
mais precisava envelhecer 20 ou 30 anos para ser apreciado em sua
plenitude (eu
acho que 10 anos são suficientes)
O
Barolo, já nos anos 80, é um vinho, importante, complexo, austero,
mas não mais um vinho para ser bebido, apenas e somente, nas grandes
ocasiões.
Com
a “redescoberta”,
por parte dos enófilos de todos os cantos do mundo, começa a
escalada para a fama, sucesso e riqueza de toda uma região:
As “Langhe” do Barolo, Barbaresco, Barbera, Dolcetto, do “Tartufo Bianco D'Alba” e de sua gastronomia, finalmente conquistam o mundo
As “Langhe” do Barolo, Barbaresco, Barbera, Dolcetto, do “Tartufo Bianco D'Alba” e de sua gastronomia, finalmente conquistam o mundo
Buenas.
ResponderExcluirAlguma chance do tema chateauneuf ser abordado por voces? Ouvi dizer que os grandes vinhos dessa categoria ainda estao na base do "quanto mais tempo para abrir, melhor". Ja conversamos anteriormente ( e aqui no artigo sobre barolo voces reforcam isso) que por varios motivos o barolo teve o periodo de evolucao apressado.
Estranho que no mercado Bananico exista mais mercado para Barolo (e mais chutador ou conhecedor tambem) que chateauneuf. Sao dois otimos vinhos e as faixas de preco sao similares (tanto para os bons, quanto para os horriveis). Sera que os eno-trouxas nao dao valor a chateauneuf?
J.R.
Chateauneuf , grande vinho, como também o Hermitage. Ja faz alguns anos que não passo por aquelas bandas e para escrever, algo honesto, preciso retornar. Os eno-trouxas só compram vinhos "status" , etiquetas "simbol". O Chateauneuf não faz parte da lista.
ExcluirPoxa fiquei feliz, tenho um Barolo aqui em casa que compramos em 2013 e o abriremos daqui a 5 anos quando do aniversário de 18 anos do nosso filho, e acabei de adquirir duas garrafas de Chateauneuf, mas confesso que tanto quanto Barolo´s e Chateauneuf´s não conheço tanto, vou aprendendo por aqui. abraços.
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