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segunda-feira, 31 de agosto de 2015

BAROLO II




O nascimento do Barolo, relatado na matéria anterior, é a versão a mais popular, mais romântica e mais conhecida, mas será a
verdadeira?

Há quem afirme que o Barolo nasceu em Torino e que os Falletti, já no século XVIII, produziam, além do Nebbiolo adocicado e frizante, parecido com o atual Lambrusco, um Nebbiolo seco.


O vinho seco, dos Falletti, não se chamava Barolo – era conhecido como “Nebbiolo Vecchio” ou “Nebbiolo Stravecchio di Prima Qualità Amaro”.

Há, na história do Barolo, inúmeras versões e lendas.

Eu, neste caso, faço como o jornalista, na intervista ao senador Ransom Stoddard (James Stewart), em “O Homem que Matou O Facínora” (grande filme de Jonh Ford): Quando a lenda é maior que o fato, publique-se a lenda”.


Continuemos agora com os fatos….

As primeiras garrafas de Barolo não eram vinificadas com o Nebbiolo em pureza.

Como todos sabem, o Nebbiolo é uma uva rica em taninos, mas pobre na cor.
Para melhorar a coloração, nos primeiros Barolo, eram adicionados, ao Nebbiolo, 10% de uva “Neiran”.

Hoje o Barolo é vinificado com 100% de uva Nebbiolo das subvariedades Lampia, Michet, Rosè.




O Barolo, através dos anos, passou por várias mudanças na vinificação sempre visando melhorar o ótimo vinho.

Os primeiros Barolo eram mais rústicos, muito tânicos, exigiam longuíssimos tempos de afinação, não raramente exalavam cheiros nada agradáveis e somente estavam “prontos” depois de 20 ou 30 anos.


Quando nascia um filho, ou filha, era costume comprar algumas garrafas de Barolo para comemorar o evento.

As garrafas eram guardadas, religiosamente, nas adegas onde aguardavam calmamente o 21º aniversario do rapaz, ou o casamento da moçoila.

O Barolo era o vinho das grandes ocasiões.





Ficava décadas esquecido no escuro das “cantine” e ….. ninguém bebia: “O Rei dos Vinhos e o Vinho Dos Reis” era mais admirado do que consumido.

O exagerado “respeito”, pelo grande vinho, inibia o consumo, os produtores acumulavam em suas adegas grandes estoques e os preços, consequentemente, não melhoravam.

Quando os viticultores deixaram de produzir Barolo com os pês e começaram a usar a cabeça, o panorama mudou.


Em 1980 o Barolo consegue a DOCG.

Os vinicultores já havia adotado técnicas enológicas mais racionais, nas adegas os cuidados higiênicos eram rigorosos e os equipamentos modernos resolveram antigos e graves problemas de controle de temperatura.

A modernidade assumiu seu importante papel e, sem desvirtuar os antigos ensinamentos herdados, os viticultores conseguiram desenvolver um Barolo que não mais precisava envelhecer 20 ou 30 anos para ser apreciado em sua plenitude (eu acho que 10 anos são suficientes)



O Barolo, já nos anos 80, é um vinho, importante, complexo, austero, mas não mais um vinho para ser bebido, apenas e somente, nas grandes ocasiões.


Com a “redescoberta”, por parte dos enófilos de todos os cantos do mundo, começa a escalada para a fama, sucesso e riqueza de toda uma região:

As “Langhe” do Barolo, Barbaresco, Barbera, Dolcetto, do “Tartufo Bianco D'Alba” e de sua gastronomia, finalmente conquistam o mundo 

3 comentários:

  1. Buenas.

    Alguma chance do tema chateauneuf ser abordado por voces? Ouvi dizer que os grandes vinhos dessa categoria ainda estao na base do "quanto mais tempo para abrir, melhor". Ja conversamos anteriormente ( e aqui no artigo sobre barolo voces reforcam isso) que por varios motivos o barolo teve o periodo de evolucao apressado.

    Estranho que no mercado Bananico exista mais mercado para Barolo (e mais chutador ou conhecedor tambem) que chateauneuf. Sao dois otimos vinhos e as faixas de preco sao similares (tanto para os bons, quanto para os horriveis). Sera que os eno-trouxas nao dao valor a chateauneuf?

    J.R.

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    Respostas
    1. Chateauneuf , grande vinho, como também o Hermitage. Ja faz alguns anos que não passo por aquelas bandas e para escrever, algo honesto, preciso retornar. Os eno-trouxas só compram vinhos "status" , etiquetas "simbol". O Chateauneuf não faz parte da lista.

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  2. Emerson Ramos Cassiano31 de agosto de 2017 às 08:25

    Poxa fiquei feliz, tenho um Barolo aqui em casa que compramos em 2013 e o abriremos daqui a 5 anos quando do aniversário de 18 anos do nosso filho, e acabei de adquirir duas garrafas de Chateauneuf, mas confesso que tanto quanto Barolo´s e Chateauneuf´s não conheço tanto, vou aprendendo por aqui. abraços.

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