“Pai, convidei quatro amigos para o almoço.... Se vira”
Domingo, 10 horas, brigando com as panelas, recebo o telefonema
de meu filho que, pelo tom de voz, não admitia e nem pensaria em um não.
Comida não é problema: meu filho e seus amigos são assíduos
frequentadores dos restaurantes brasilienses e estão acostumados com serviço e
cozinha ridículos.
O problema está na adega: os poucos vinhos, que lá repousam,
são raros, poucos e caros.
Algumas garrafas de Dents de Chien, Vide Bourse, Blanchot Dessus, Viña Tondonia,
Chateau Musar, Puligny Montrachet e mais algumas etiquetas preciosas
que poderiam desaparecer, em um passe de mágica, se eu escancarasse as portas
da escura adega.
Domingo lojas fechadas…Pânico!
Corri para o Carrefour esperando encontrar algo decente para
servir durante um almoço em que peixes e frutos do mar eram protagonistas.
Casal Garcia,
Alandra, Frascati, meia dúzia de chilenos menores, alguns argentinos esquecíveis
e os nacionais, caros e medonhos, de sempre.
Estava quase desistindo.
Caminhando para sair,
na prateleira dos franceses, dois vinhos brancos despertaram minha atenção: Chardonnay e Sauvignon da obscura “PH.
BOUCHARD & CIE”.
Etiquetas típicas da Borgonha me confundiram e por um instante
pensei que os vinhos eram produzidos pela grande vinícola “Bouchard Pere
& Fils” de Beaune.
Na pressa esquecera os óculos em casa e não pude ler, na
etiqueta posterior, que os vinhos foram engarrafados em Bordeaux pela vinícola “SEIGNOURET FRÈRES”.
Se tivesse lido a contra etiqueta jamais teria levado uma
garrafa de cada para provar e deixaria para trás uma grata surpresa.
Refrigerei durante meia hora o Chardonnay, abri a garrafa e
provei o vinho.
Já no nariz me animei: aromas elegantes, finos e com suave
presença de flores.
Na boca uma leve baunilha, avelãs tostadas, equilibrado e um
belo final.
Sem esperar mais retornei ao Carrefour e comprei as últimas 6
garrafas expostas.
Servi o vinho durante o almoço e o sucesso foi total.
Agora, a parte interessante.
O Carrefour, que importa e distribui os vinhos da “PH. BOUCHARD & CIE”, vende, o
Chardonnay e o Sauvignon, por exatos R$ 35,09.
Uma rápida consulta e Google me informou que os dois produtos
são vendidos na França por 3/5 Euros.
O Carrefour, que certamente pagou muito menos do que os
valores acima, obtém um bom lucro vendendo os vinhos por R$ 35,09.
O Chardonnay, produzido na França (sei lá onde), paga um
tsunami de taxas e impostos de importação, viaja 10.000 km, é distribuído no
Brasil, onde é novamente taxado e entra na minha taça por exatos R$ 35,09.
No mesmo Carrefour, na mesma prateleira, uma garrafa, de
pavoroso “Miolo
Reserva Chardonnay 2014”, ostentava, orgulhosa, em sua etiqueta: R$ 37,79.
Mais uma coisa: Os críticos, “ma non troppo”, nacionais deveriam
comparar o RP
BOUCHAR & CIE com os caríssimos
Chardonnay do sul (Villa Francioni, Casa Valduga, Salton etc.) e em seguida nos enviar comentários.
Sem comentários?
Pena....
Dionísio
Eu vou é correndo ao Carrefour daqui ver se encontro e compro umas garrafinhas deste Chardonnay para me distrair.
ResponderExcluirSalu2
Caros B&B&D,
ResponderExcluirDescobri vosso blog recentemente, num link do Enoblogs, que também desconhecia (quanta porcaria tem ali!). Após ler todos os posts (e comentários), quase que de uma tacada só, vejo que vocês tem uma longa história (8 anos?) na divulgação e educação (sim!) da verdadeira enofilia.
Faço uma primeira solicitação: após muito "gloogar", não consegui acessar os posts locados no hospedeiro anterior, acredito que os mesmos se perderam no cyber-espaço; haveria um link para recuperá-los?
Mas quanto ao post de hoje, creio que ele resume a busca ao Santo Graal de todo enófilo que habita esta terra inóspita, qual seja, descobrir o melhor vinho possível na relação-equação custo X benefício, sem cair na pior armadilha de todas, que é comprar vinho ruim, independente do preço; para mim, dói mais pagar barato num vinho ruim, do que pagar sobrepreço num bom vinho.
Como você, Dionísio, também fuço qualquer birosca que tenha vinho à venda; e se houver um vendedor com um mínimo de conhecimento, ou disposição de aprender com o cliente, até compro alguma coisa, para incentivar; gosto do "téte-à-téte".
Então faço outra pergunta: Vocês compram vinho pela Internet? O Bacco, que é habitante do Piemonte e vai frequentemente à Borgonha, certamente não; mas e um nosso amigo deste Brasilsão, poderia se aventurar em algum clube de vinho, ou isto é só marketing para tascar zarupa nos incautos?
Saudações,
M De Paolis
Respondendo: Todos as antigas matérias foram salvas e possivelmente serão, aos poucos, disponibilizadas no blog. Eu também sou um tremendo fuçador ,mas não compro pela internet. Viajo duas vezes por anos à Europa e , na companhia de Bacco , percorro os territórios degustando e comprando vinhos. Na volta, malas cheias de garrafas (20-30) .Para o dia-dia bons e baratos vinhos portugueses. Clube de vinho? Nem em sonho. Mais uma coisa : Bacco mora na Liguria .
Excluirbela dica, Dionísio. e o sauvignon, também vale a pena?
ResponderExcluirVale e como! Eu achei o Chardonnay melhor , , mas o Sauvignon é válido
ResponderExcluir30 reais em Porto Alegre.Já garanti os meus.Abç
ResponderExcluirFui hoje a capital gaúcha, aproveitei e também visitei o Carrefour e notei que da mesma vinícola alem do Chardonnay e Sauvignon também havia Merlot e Cabernet Sauvignon, e com preço de 29,00 a garrafa....levei algumas para provar....
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