Tenho uma norma: Evito escrever, comentar e criticar vinhos
sem ter, pelo menos, um razoável conhecimento da região em que são produzidos.
Algumas raras exceções: Château Musar, Viña Tondonia. Os dois
grandes vinhos, um libanês, outro espanhol, por suas soberbas qualidades, não
precisam de grandes incursões regionais para serem elogiados.
Não escrevo sobre vinhos da Austrália, Chile, Espanha, África
do Sul, Uruguai, Argentina etc.
Quando não conheço, suficientemente, o território, tradição,
filosofia vinícola, evito criticar ou elogiar.
Quando há falta de conhecimento há Google de sobra e nesse
caso é melhor calar.
O Google, aliás, é a grande fonte de conhecimentos e professor número um, de nossos blogueiros e
sommerdiers que muitas vezes nem copiar informações, sabem.
O senhor Davide Marcovitch, presidente da Moet Hannessy para a América Latina, Canadá, Caribe, África e Médio
Oriente, tem sob sua responsabilidade as seguintes marcas: Dom Perignon, Krug, Moet
& Chandon, Ruinart, Veuve Clicquot, Chandon, Cheval des Andes, Numanthia,
Terrazas, Ardberg, Belvedere, Glenmorangie, Hennessy.
UFA!!!!.
Nada mais justo, então, que uma garrafa de Cheval des
Andes, naquele contexto e naquela enoteca (Piantas), fizesse as
honras da Moet Hennessy.
Não sei qual a razão, mas fui escalado para provar e aprovar o
vinho.
Já no nariz percebi que o Cheval des Andes fazia
parte da numerosa e enfadonha família dos “vinhos mundiais”.
Os “vinhos mundiais” são aqueles
que, durante algumas décadas, moldaram e escravizaram os paladares dos enófilos,
de todos os cantos do planeta, ao gosto internacional amado e defendido por Parker e seus “Parker-Boys”.
Quanto mais impenetráveis, mais madeira, balsâmico, álcool, densos
(parecidos com compotas) etc., mais pontos e mais adeptos.
O gosto e moda mudaram!
Os vinhos “sabor internacional” resistem apenas nos redutos
daqueles que ainda precisam de pontos parkerianos para gostar, ou não, de um
vinho.
São os vinhos preferidos pelos enófilos de muita grana e pouco
conhecimento.
Sim, muita grana!
Quase sempre a alta pontuação eleva o preço e o eno-tonto
paga.
O Cheval des Andes é o típico vinho produzido para eno-tontos.
O processo é sempre o mesmo.....
· A grande
empresa contrata uma “estrela” da enologia (a Miolo cansou nossa beleza
com o Rolando-Lero), escolhe um território qualquer, vinifica uma casta
francesa (preferência por Chardonnay ou Cabernet Sauvignon), compra meia dúzia
de canetas e.....Voilà!
Vivas para o Cheval des Andes.
Cavalinho caro esse......
R$ 300, na Piantas.
O Cheval de Andes é
um ótimo vinho para os que precisam beber pouco: é impossível repetir mais de
duas taças....
O Cheval des Andes é
um vinho cansativo.
Certa vez o Gian Alessandria, passeando pelas vinhas do
Monvigliero, controlando a saúde de seus cachos de Nebbiolo, deixou escapar uma
frase lapidar “O bom vinho nasce nas vinhas. Na adega você só pode estragá-lo”.
O que Gian queria dizer?
Sem uma matéria prima de
boa qualidade não se pode fazer um grande vinho, mas o enólogo, na adega, pode manipular
com recursos técnicos, leveduras selecionadas, aromas, química etc. os vinhos e
desvirtuar todo o trabalho do viticultor no campo.
O Cheval des Andes é a prova mais que concreta do que acabo de
escrever.
O famoso e badalado enólogo francês Pierre Lurton, que assina
vinhos de inúmeras empresas espalhadas pelo mundo, não consegue repetir no Cheval des Andes,
o sucesso e muito menos a qualidade de seus dois vinhos mais badalados: Cheval Blanc e Château d’Yquem.
Para obter resultados extraordinários é preciso muito mais do
que um enólogo no escurinho das adegas.
É preciso tradição,
cultura, terra, clima e uva excepcional.
O Cheval des Andes é
mais um vinho de adega.
Um vinho que, se não
existisse, não faria falta alguma.
Bacco
Tá.igual aquelas pessoas que vão as festas de casamento e saem falando mal depois rs
ResponderExcluirO pior: falei mal durante, também
ExcluirMinha opinião é a seguinte:
ResponderExcluir- O Cheval des Andes não é ruim, mas nunca deveria custar o que custa; Abaixo de 100 não seria uma compra ruim.
- Concordo que é um vinho internacional e que agrada em cheio os novatos;
- Concordo que se não existisse não faria falta alguma;
- Particularmente, eu prefiro bons vinhos do Loire e Languedoc (até mais baratos), mas se me servirem o Cheval, eu bebo.
Ass. Anônimo número 1073