Parker e comparsas, ditaram, durante décadas, qual
vinho era o melhor, imperdível e que deveria ser bebido custasse o que
custasse.
Os eno-zumbis vagavam pelas enotecas,
supermercados, feiras e manifestações vinícolas, carregando livros, revistas,
listas, anotações, onde constavam os vinhos pontuados que deviam ser, sem
demora ou titubeio, degustados e comprado, apesar dos violentos estupros causados
ao cartão de crédito.
Parker e comparsas enriqueceram e fizeram
enriquecer muitíssimos produtores que, adquirindo pontos, taças, estrelas e
outros ícones, puderam turbinar, até a estratosfera, o preço de suas garrafas.
Várias etiquetas de Brunello
di Montalcino, Barolo, Barbaresco, Amarone, só para citar
algumas italianas, atingiam cifras insanas.
Barolo Monfortino Riserva Conterno 2010 16.000,00 €
Seguindo a mesma toada, o hectare, das denominações mais badaladas, chegou a custar 500 mil Euros e em muitos crus de Barolo os preços do hectare atingiram 3 milhões de Euros.
Quase todos os vinhos, tentando seguir fielmente o gosto parkeriano, foram padronizados, muito parecidos uns com os outros (quase iguais) e nas adegas, os enólogos, para agradar os novos “eno-tontos-parkerianos“, abusavam da química, com exagerada adição de aromas, sabores e leveduras industrializadas, soterrando o “terroir” (técnicas de plantio, vinificação, cultura e tradições centenárias etc.) jogando no lixo características territoriais de cada casta.
Foi a
vitória, enfim, dos vinhos “marmelada”,
impenetráveis, excesso de madeira, muito alcoólicos etc., mas o piora ainda
estava por vir....
Parker, pariu uma verdadeira multidão de críticos,
sommeliers, jornalistas, cursos, confrarias etc. que transformaram o simples natural
e prazeroso ato de beber um copo de vinho em um rito quase religioso.
Nascia a moda do vinho e o vinho da moda.
Em todos os cantos nascia um filhote do Parker e na
Itália não foi diferente: Luigi Veronelli foi o Papa dos abonados enófilos italianos.
Os bebedores comuns, normais, plebeus etc. continuaram
bebendo nos bares e durante as refeições, seus Barbera,
Chianti, Valpolicella, Lambrusco etc., e nunca deram bola a Veronelli
e Cia., mas Veronelli percebeu que um novo mercado, o mercado do “Vinho-Moda”,
estava surgindo e não perdeu tempo: “Inventou” dois vinhos que se
transformariam em icônicas e caríssimas etiqueta até hoje idolatradas por
numerosos eno-tontos espalhados pelo mundo: Sassicaia
e Bricco dell’ Ucellone.
Coincidência, ou não, ambos produtores, queridinhos
de Veronelli, Mario Incisa della Rocchetta
(Sassicaia) e Giacomo Bologna (Bricco dell’ Uccellone) são originários de Rocchetta Tanaro pequena aldeia piemontesa.
Com a ascensão dos vinhos-moda, de Parker e
Veronelli, iniciava o lento, mas inexorável declínio dos vinhos populares
italianos, entre eles e um dos mais prejudicados, o Dolcetto.
Continua
Bacco

Essa série está ótima e acredito que vá ser longa... até a virada.
ResponderExcluirExcelente a série. Curioso para ler o próximo episódio.
ResponderExcluirDe todas as coisas que esse modismo gerou, a pior foi o superfaturamento de determinadas etiquetas. Não me incomodo com pontos sem sentido, medalhinhas patéticas e colunistas que nada entendem falando de aroma de terra molhada com esterco de cavalo. O que me incomoda é a corrida de milionários boboes fazendo vinhos que já foram pagaveis se tornarem inacessíveis.
ResponderExcluirOs milionários não são bobões. Estão na deles, pois podem pagar. Bordeaux e borgonhas bons sempre foram caros e pouco acessíveis. Só ficaram ainda mais caros. 😩
ExcluirPor dentro da L'Origine, a Romanée-Conti Brasileira.
ResponderExcluirhttps://www.thenextbrazil.com/p/por-dentro-da-lorigine-a-romanee
Tudo que é uma coisa de outra coisa é ruim. Um engodo.
ExcluirA Romanee-Conti Brasileira
A Harvard do Canadá
O Warren Buffett do Paraná
As Maldivas do Nordeste
Etc etc...
Pedi para o chatgpt falar sobre o sistema de pontos e veja o que ele falou:
ResponderExcluirVocê disse:
Faça uma breve crítica aos malefícios do sistema de pontos para classificar vinhos
O ChatGPT disse:
O sistema de pontos para classificar vinhos, embora prático e amplamente adotado, apresenta vários malefícios. Ele tende a simplificar demais uma experiência sensorial complexa, reduzindo aromas, sabores e emoções a um número arbitrário. Essa padronização favorece estilos de vinhos que agradam a críticos específicos — geralmente vinhos mais potentes, encorpados e marcantes — e desvaloriza estilos mais sutis ou regionais. Além disso, o peso comercial das notas pode distorcer o mercado, influenciando preços e escolhas dos consumidores mais pela pontuação do que pelo gosto pessoal. Em suma, o sistema de pontos transforma uma arte subjetiva em uma competição numérica, empobrecendo a diversidade e a autenticidade da apreciação do vinho.
Sua pergunta foi enviesada, já partindo da premissa de que o sistema de pontuação traz malefícios. A busca da IA será enviesada. A propósito, assistentes de IA não pensam, só compilam informações já publicadas. A propósito, não gosto de sistemas de pontuação. Só fiz um comentário sobre o uso de IA para suportar uma hipótese.
ExcluirPalmas e mais palmas 😃😃😃😃😃
ResponderExcluirPalmas e mais palmas...
ResponderExcluiresxatamente o que penso e escrevo há anos.
ResponderExcluirCabe a questão: a quem você confiaria mais uma pergunta sobre vinhos? Chatgpt ou um enólogo nacional tipo Bilu teteia?
ResponderExcluirnenhum dos dois, aliás Bilu teteia nunca foi enólogo o máximo que ele conseguiu foi lamber botas de importadores e produtores
ExcluirO sistema de pontos nos vinhos (como as notas de 0 a 100 da Wine Spectator, Robert Parker, Decanter, etc.) é considerado bom para os consumidores por várias razões. Aqui estão as principais:
ResponderExcluirFacilita a escolha
Diante de milhares de rótulos, o sistema de pontuação ajuda o consumidor a identificar rapidamente quais vinhos têm melhor qualidade ou maior reconhecimento.
Uma nota alta dá mais segurança a quem não é especialista.
Padrão de referência
As pontuações criam um padrão comparativo entre vinhos de diferentes regiões, safras e produtores.
Mesmo quem não entende de terroir ou uva pode comparar objetivamente: um vinho de 92 pontos geralmente é considerado superior a um de 85.
Transparência e confiança
As notas vêm de críticos profissionais, com paladar treinado e métodos relativamente consistentes.
Isso gera uma referência mais confiável do que apenas propaganda de marketing do produtor.
Melhor relação custo-benefício
Consumidores podem buscar vinhos bem pontuados e com preço acessível, obtendo mais qualidade pelo dinheiro gasto.
Um vinho de 90 pontos a preço moderado costuma ser uma boa compra.
Estímulo à qualidade
O sistema de notas incentiva os produtores a melhorar seus vinhos, já que boas pontuações aumentam as vendas e a reputação.
Base para aprendizado
Para quem está começando, as pontuações ajudam a entender o que os especialistas valorizam (equilíbrio, acidez, corpo, complexidade etc.).
Com o tempo, o consumidor pode comparar suas próprias impressões com as dos críticos e formar seu próprio gosto.
👉 Em resumo: o sistema de pontos simplifica decisões, reduz riscos e orienta o consumidor — especialmente quem ainda não tem muita experiência com vinho
Xi, outro IA com outra opiniao.
Excluirhttps://globorural.globo.com/negocios/noticia/2025/11/marcas-brasileiras-estao-entre-as-melhores-do-mundo-no-oscar-do-chocolate-veja-quais.ghtml
ResponderExcluirO Brasil é demais! Temos o melhor espumante, os melhores queijos e agora, os melhores chocolates. Logo teremos o reconhecimento merecido de nossos excelentes vinhos tintos. Isso é resultado do empreendedorismo brasileiro e de um governo sério e competente.
ExcluirLogo o anônimo acima vai dizer que o Brasil tem as melhores universidades do mundo, fabrica os melhores carros, etc etc. É ilusão demais.
ExcluirO grande problema é o sujeito pegar um concurso aleatório que testa 1% das marcas existentes, premia vários e com base nisso se vender como "o melhor do mundo".
ResponderExcluirO cacau tem origem na America do Sul/Central. Por que o Brasil nao poderia um bom fornecedor de chocolate? Pais de dimensoes continentais que produz muita coisa boa, condizente com o clima das regioes.
ResponderExcluirPoderia sim ser um bom produtor de chocolate. Mas infelizmente, (ainda) não é. Pode ser que um dia seja, e torço para isso.
Excluirhttps://www.uol.com.br/nossa/noticias/redacao/2025/11/14/casillero-del-diablo-mostra-o-chile-ao-mundo-diz-marcelo-papa.htm
ResponderExcluirDolcetto: Conheça o Vinho Mais Incompreendido do Piemonte
ResponderExcluirLeia mais em: https://forbes.com.br/forbeswsb/2025/11/dolcetto-conheca-o-vinho-mais-incompreendido-do-piemonte/
Apenas meias verdades ..... Aguarde
ExcluirA Piemonte nunca decepciona kkkk
ResponderExcluirhttps://veja.abril.com.br/coluna/al-vino/o-vinho-gaucho-que-encontrou-seu-par-perfeito-na-mesa-amazonica-da-cop30/
É inacreditavél o que pode fazer um punhado de $$$. Se mostrarem 50 R$, para nossa anta piemontesa, ela elogia até o Chalise Branco Suave.
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