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sexta-feira, 7 de novembro de 2025

VINHOS-MODA 2

 


Parker e comparsas, ditaram, durante décadas, qual vinho era o melhor, imperdível e que deveria ser bebido custasse o que custasse.

Os eno-zumbis vagavam pelas enotecas, supermercados, feiras e manifestações vinícolas, carregando livros, revistas, listas, anotações, onde constavam os vinhos pontuados que deviam ser, sem demora ou titubeio, degustados e comprado, apesar dos violentos estupros causados ao cartão de crédito.



Parker e comparsas enriqueceram e fizeram enriquecer muitíssimos produtores que, adquirindo pontos, taças, estrelas e outros ícones, puderam turbinar até a estratosfera o preço de suas garrafas.

Várias etiquetas de Brunello di Montalcino, Barolo, Barbaresco, Amarone, só para citar algumas italianas, atingiam cifras insanas.


Barolo Monfortino Riserva Conterno 2010  16.000,00 €


 Seguindo a mesma toada, o hectare, das denominações mais badaladas, chegou a custar 500 mil Euros e em muitos crus de Barolo os preços do hectare atingiram 3 milhões de Euros.

Quase todos os vinhos, tentando seguir fielmente o gosto parkeriano, foram padronizados, muito parecidos uns com os outros (quase iguais) e nas adegas, os enólogos, para agradar os novos “eno-tontos-parkerianos“ abusavam da química, com exagerada adição de aromas, sabores e leveduras industrializadas, soterrando o “terroir” (técnicas de plantio, vinificação, cultura e tradições centenárias etc.) jogando no lixo características territoriais de cada casta.



 Foi a vitória, enfim, dos vinhos “marmelada”, impenetráveis, excesso de madeira, muito alcoólicos etc., mas o piora ainda estava por vir....

Parker, pariu uma verdadeira multidão de críticos, sommeliers, jornalistas, cursos, confrarias etc. que transformaram o simples natural e prazeroso ato de beber um copo de vinho em um rito quase religioso.



Nascia a moda do vinho e o vinho da moda.

Em todos os cantos nascia um filhote do Parker e na Itália não foi diferente: Luigi Veronelli foi o Papa dos abonados enófilos italianos.



Os bebedores comuns, normais, plebeus etc. continuaram bebendo nos bares e durante as refeições, seus Barbera, Chianti, Valpolicella, Lambrusco etc., e nunca deram bola a Veronelli e Cia., mas Veronelli percebeu que um novo mercado, o mercado do “Vinho-Moda”, estava surgindo e não perdeu tempo: “Inventou” dois vinhos que se transformariam em icônicas e caríssimas etiqueta até hoje idolatradas por numerosos eno-tontos espalhados pelo mundo: Sassicaia e Bricco dell’ Ucellone.



Coincidência, ou não, ambos produtores, queridinhos de Veronelli, Mario Incisa della Rocchetta (Sassicaia) e Giacomo Bologna (Bricco dell’ Uccellone) nasceram em Rocchetta Tanaro pequena aldeia piemontesa.



Com a ascensão dos vinhos-moda, de Parker e Veronelli, iniciava o lento, mas inexorável declínio dos vinhos populares italianos, entre eles e um dos mais prejudicados, o Dolcetto.



Continua

Bacco

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