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terça-feira, 4 de março de 2025

SIMPLESMENTE O MELHOR .....CHAMPAGNE 3

 


Apesar de não ter nenhum apreço, pelo sistema de ponto$-parkeriano$, devo reconhecer que Parker foi o mais inteligente e influente crítico, vinícola, de sua geração. 

Parker captou o momento exato para entrar no mundo do vinho, inventou a pontuação e com seus pontos ditou modas, gostos, tendências, ganhou muita grana, foi respeitado e idolatrado por muitíssimos palermas e por uma multidão de não palermas.


Parker, com suas antenas sempre ligadas, percebeu, antes de todos os outros colegas, que as tendências e os gostos estavam mudando, a “ditadura” das garrafas e etiquetas, que ele havia imposto durante décadas, estava com os dias contados e as novas gerações começavam a abandonar vinhos pesados, impenetráveis, concentrados, com muito álcool e que custavam muitos $$$. 




Os jovens já não bajulavam, nem veneravam, os enólogos famosos, tão caros a Parker e já  nem sabiam quem fora e o que fizera o “eno-andarilho” Michel Rolland “Lero”.

As novas gerações queriam beber vinhos, leves, borbulhantes, alegres e baratos.

Estourava a nova e irresistível moda dos espumantes.



Todos, e em todos os cantos do planeta, até na Bolívia, começaram a produzir espumantes.



A proliferação desenfreada resultou em qualidade nem sempre recomendável, mas se o preço fosse acessível até as bolhas do Prosecco desciam bem.

O sucesso do Prosecco (660 milhões de garrafas em 2024), com suas bolhas, mais que banais, foi o grande responsável pelo tsunami de espumantes medíocres que invadiu o planeta, desde as montanhas, passando pelas planícies, até chegar no...... “Under the shit”.



Aliás, o que há de bolhas “tremendas bostas” é impressionante.

Todos os produtores têm como paradigma alcançar a qualidade do Champagne, mas a continua e obsessiva busca termina, quase sempre, em frustrante decepção.

Igualá-lo? Talvez.



Superá-lo? Nem pensar.....

  Apenas um país, de ridícula e periférica importância vinícola, teve a coragem de “inventar” um concurso, jamais realizado, em que espumantes, lá produzidos, conseguiram o 2º lugar, quase superando os da Champagne.



Se alguém pensou nos produtores-predadores-picaretas, de um certo estado brasileiro, acertou no “Álvaro”.

Devo confessar que, apesar de morar na belíssima Santa Margherita Ligure, quando quero beber, realmente bem, entro no carro, percorro os 15 km, que me separam de Chiavari e..... Em Chiavari, nada mais sofisticado e prazeroso do que libar no belíssimo e histórico “Gran Caffè Defilla”.



Na lista dos espumante, em taça, do “Defilla”, notei, entre outros, as presenças do “Ca’ del Bosco Prestige” e do “Bellavista Alma Cuvèe”.



É preciso salientar que as duas etiquetas são caras, renomadas, badaladas e frequentam taças abonadas, refinadas......”ma non troppo”.



Na segunda etapa do “desafio-das-bolhas” escolhi, justamente, as duas garrafas mais famosas para enfrentar, o nada banal, Champagne “Paul Bara”.

Um esclarecimento necessário: O Bellavista Alma Cuvée e o “Ca’ del Bosco Prestige”, ambos ostentando a DOCG “Franciacorta”, pertencem à elite dos espumante italianos e ostentam preços, também, elitistas.



As duas garrafas somente entregam suas bolhas por nada míseros 32/38 Euros e não considerei justo “duelarem” com Champagne “Gratiot-Pillière” de “míseros” 23 Euros.

Antonio, você poderia abrir uma garrafa de Paul Bara e me servir algumas taças? ”



O garçom, sem responder ou titubear, deu uma rápida olhada no refrigerador, agarrou uma garrafa de Paul Bara, abriu e me serviu uma abundante taça (se pagando indulgências até as portas do paraíso se abrem .... não há garrafa de Paul Bara que resista a 5 Euros de gorjeta....).



Garrafas com preços equivalentes, para uma degustação mais justa e...... lá fui, eu, naquela quarta-feira, bebericar o Champagne Paul Bara e o Franciacorta Ca’ del Bosco.

Já no primeiro gole percebi a inutilidade de ter optado pelo do Paul Bara: o Gratiot-Pellière, de 23 Euros, é superior ao badalado e glorificado Ca’ del Bosco de 39 Euros.



No dia seguinte foi a vez do Paul Bara X Bellavista Alma Cuvée e mais uma vez o Franciacorta foi ridicularizado sem dó nem piedade.

Enquanto o Paul Bara refletia, fielmente, o maravilhoso território no qual nascera e esbanjava personalidade, classe, complexidade aromática, um final longo e refrescante, seus dois oponentes indicavam um ótimo e bem conduzido trabalho de adega.



Espumantes bem feitos e sem defeitos, mas elaborados para agradar, de imediato e sem surpresas, paladares inocentes e menos experientes.

Os enólogos capricharam e conseguiram produzir espumantes fáceis de beber, agradáveis (as mulheres adoram o final quase adocicado do Ca’ del Bosco), mas nada além disso.



 Some-se, ao bom trabalho dos enólogos, a ajuda das costumeiras caneta$ de vida fácil e ........não deu outra: Ca’ del Bosco e Bellavista são considerados dois dos melhores espumantes da Bota.



Pode até ser, mas, além de levarem uma verdadeira surra do Paul Bara, em minha opinião, não são páreo nem para os “compatriotas “Camillucci Ammonites”, “Barone Pizzini Animante”, “Mattia Vezzola”, “Haderburg Brut” e muitos outros que ágora não recordo



 “Desafio dos Espumantes” realizado.

 Voltei à velha rotina, sempre no “Gran Caffè Defilla”, e.... “Cameriere.....Champagne”



Bacco

16 comentários:

  1. Não sei porque o pessoal insiste. Não há páreo para o Champagne. Mesmo os mais simples. No conjunto da obra, aí a coisa piora (para os concorrentes). É como o Chile querer competir com os EUA no basquete. Surra certa! Só por isso, vou abrir um Selosse hoje! Deu vontade!

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  2. Consegue ter uma boa rotina aí, parabéns Bacco, excelente série.

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  3. A confirmação da veracidade do início do artigo pra mim se confirmou ontem quando recebi uma oferta do Barolo Bussia do Aldo Conterno com preços bastante convidativos, digamos na média de outros Barolos menos badalados. Parece que a onda está virando mesmo...

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    1. Não confundir Aldo Conterno com Giacomo Conterno

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    2. Sim. Porém os Barolos do Aldo Conterno costumavam ser bem salgados...

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    3. Costumavam, não. São caros. Tente comprar um Granbussia barato.

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  4. Bacco, uma pergunta: já deu pra perceber que você considera o Paul Bara superior ao Gratiot-Pillière, mas como fica a comparação entre os dois?

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  5. O Gratiot é produzido com uma percentagem muito alta de Pinot Meunier enquanto o no Bara O Pinot Noir domina a cena. Para o meu gosto Paul Bara é superior, mais seco, frutado e elegante

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  6. Nos EUA esses espumantes que você elencou custam o mesmo que os muitos Champagnes.
    entre 35 e 50 dólares

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  7. "Sente as notas de machismo?
    O que significa dizer que um vinho é feminino? Que o mundo do vinho é terrivelmente machista"

    https://www1.folha.uol.com.br/colunas/isabelle-moreira-lima/2025/03/nao-e-facil-ser-mulher-no-mundo-do-vinho.shtml

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    1. "Terivelmente machista"....Adoro o "politicamente correto" onde cego é deficiente visual, biscate é modelo, boiola é gay, preto é afro-descendente e eu...sou machista. Não consegiu abrir o link de Trolha de São Paulo, mas há um velho cliché o qual
      afirma que as mulheres se sentem mais atraídas pelo doce do que os homens. Não consigo ver o "machimo' em minha afirmação, aliás desde quando gostar de doce é sinal de inferioridade? Quer ver de uma verdedeira afirmação machista ? Foda-se

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    2. Eu que não perco meu tempo com matéria de carente revoltadinha

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    3. Essa matéria está demais. Ela conta que foi a uma aula de vinhos e o professor disse que se a rolha não tivesse subindo, era pra não parar de fazer força, ela considerou isso uma apologia ao estupro. Depois conta que em outra aula o professor recomendou um vinho mais sedoso para as mulheres e ela considerou machismo... disse que o excesso de complexidade no mundo do vinho trabalha para afastar as mulheres, no fim ela termina falando que algumas das maiores críticas de vinhos do mundo e enólogas Italianas são hoje mulheres.

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    4. Seria legal ela elencar algumas moças da tão famosa lista dela que se envolveram com o sommerdier-escalador antes de despontarem (pelo menos 3)… sinal que dar pro chefe ainda vale a pena.

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  8. Precisavam tomar mais Cava. Ela consegue mais proximidade gustativa do incomparável Champagne do que o espumante italiano.

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    1. Já que saímos da Itália, recomendo um Sekt do Peter Jacob Kuhn.

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