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terça-feira, 11 de março de 2025

BEBER BEM EM SANTA MARGHERITA

 


Nas matérias anteriores afirmei que se e quando desejo beber bem, abandono Santa Margherita e corro até Chiavari no “Gran Caffè Defilla”.

Não é exagero nem preconceito, pois, Santa Margherita, pode ser considerada o cemitério dos enófilos.

Cidade, eminentemente turística, atrai, na primavera e verão, milhões de visitantes.



A proximidade de Portofino (5 km) e das “Cinque Terre” (40 km), dois dos mais badalados e visitados endereços da Ligúria, resulta em um constante e crescente fluxo turístico na cidade.



A quase totalidade dos bares, hotéis, restaurantes, boutiques, "focaccerie" etc. ganham tanto dinheiro, durante a temporada que, de novembro até meados de março, simplesmente fecham as portas.



Nos meses invernais, um cemitério, da “draculina” Transilvânia, é mais atraente e alegre do que Santa Margherita, mas é justamente na estação mais fria, livre das hordas dos “mordi e fuggi”, que a cidade mais me agrada.



Os “mordi e fuggi” (morde e foge) são os turistas que chegam de trem, ônibus, motos, bicicleta etc., invadem as calçadas, trocam de roupa na praia, comem enormes pedaços de “focaccia”, bebem Coca Cola litro e, ao entardecer, desaparecem com a mesma rapidez da chegada.

No inverno os preços estrelares voltam à terra firme, mas a qualidade dos vinhos, presentes na carta dos bares e restaurantes, reflete a pouca cultura vinícola e a total eno-cegueira de seus proprietários.



Os lígures são famosos, entre outras coisas, pela má educação e proverbial sovinice.

No quesito “má educação” os lígures somente perdem para os “valdostani” (habitantes da Val d’Aosta), mas na avareza são os campeões.



Frequento a cidade há décadas e conheço cada bar, restaurante, loja, supermercado, etc., assim frequento os estabelecimentos onde os bolsos sofrem menores estupros, mas da medíocre qualidade dos vinhos, servidos em taças, é difícil escapar.

Alguém argumentará “..... Mas não é uma cidade rica, glamorosa, sofisticada? ”



Sim, mas para beber uma taça de Champagne é preciso desembolsar, no mínimo, 15 Euros, por uma de Trento, Franciacorta, ou outros espumante DOC, 9/12 Euros, uma do mais prosaico Prosecco, 5/7 Euros.

Os donos dos bares e restaurantes não fazem nenhum esforço para oferecer Champagne ou espumante, pois lucram muito mais vendendo Prosecco.



Explicando: um Prosecco custa, no atacado, 3/5 Euros.   Uma garrafa de 750ml serve 6 taças, então, 6 X 5 Euros = 30 Euros = 500% de lucro.

Deu para perceber o porquê de minhas escapadas até Chiavari?

Mas nem tudo está perdido....

Há dois bares que, mesmo não sendo paradisíacos, fogem da medíocre mesmice que aflige os locais de Santa Margherita: “Piccolo Bar” e “Sun Flower”.



O “Piccolo Bar”, o mais popular bar da cidade e frequentado apenas por moradores (zero turistas), apresenta uma razoável quantidade de vinhos em taça e por preços bem mais acessíveis do que a maioria dos concorrentes. 

  


Quatro vinhos tintos (4/5 euros), cinco brancos (4/5 euros) e três espumantes (4/8 Euros), todos de boa qualidade (Prosecco, fora...) podem ser degustados, tranquilamente, no dehors na praça da prefeitura de Santa Margherita.

Francesco e Matteo, proprietários do “Piccolo Bar”, me aliviam de 6 Euros por uma bela taça dos Trento DOC “Levii” ou “Ferrari”.



Todas as manhãs o “Piccolo Bar” é minha meta predileta para um bom papo e um bom copo.

O “Sun Flower” é meu endereço vespertino.

Não procurem gentileza no “Sun Flower”, pois não a encontrará, mas a “rudeza” lígure é compensada pela ótima carta de vinhos que Roberto e Andrea, oferecem aos clientes.



Roberto, sommelier e bom pesquisador de raras etiquetas (no Sun Flower é possível beber até o fabuloso   Viña Tondonia), abre qualquer garrafa de Barolo, Barbaresco, Brunello, Champagne etc. desde que o enófilo não tenha problemas cardíacos ou bancários.......



No “Sun Flower”, uma taça, do ótimo “Mattia Vezzola Rosè”, um dos meus Franciacorta vespertinos prediletos, me alivia em módicos 7 Euros.

Em uma bela, fria e chuvosa tarde, Roberto, com sua costumeira gentileza e simpatia, trovejou: “Hoje você vai beber um desses dois vinhos”.

Roberto com seu 1,80 de altura de 95 kg não é exatamente um cara fácil de encarar, então…. “Ok....Qual o primeiro? ”

Continua

Bacco

 

5 comentários:

  1. Fiquei preocupado com o fechamento de bares e restaurantes no inverno. Irei passar com a patroa 20 dias na Toscana em dezembro.. Será que encontrarei muitos bares e restaurantes fechados nessa época também lá?

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    Respostas
    1. Nas aldeias e pequenas cidades praianas é a mesma coisa, , mas nas grandes não terá problema

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  2. A cultura italiana de ofertarem vinhos finos nos bares para degustar em taças ajuda muito no aumento do consumo diário da bebida de forma moderada.
    Quase que não temos isso no Brasil. Aqui as opções em taça em bar são pinga e long neck de cerveja

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  3. Nesses bares os vinhos ficam arrolhados ou em Enomatic?

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  4. Os vinhos baratos não precisam de rolhas epeciais , pois a rotação é alta e quase sempe a garrafa é consumida no mesmo dias. Nos vinhos mais caros , como Barolo, Brunello, Amarone, Champagne etc. sõa utilizadas bombas a vácuo e somente nos bares mais sofisticados é utilizado o Enomatic

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