Por volta
de 2010, enquanto iniciava o jejum de vitórias brasileiras na Fórmula 1 e a
seleção brasileira sucumbia à esquadra holandesa, nas quartas-de-final da Copa
do Mundo, da África do Sul, Galvão Bueno o rei, do ufanismo esportivo, em
parceria com a gigante gaúcha, Miolo, iniciava a produção de um vinho com sua assinatura: Paralelo 31
A fórmula
era simples: um nome remete ao Paralelo 31 Sul, linha de latitude que corta Rio
Grande do Sul, Uruguai, Argentina, Chile, Austrália e África do Sul (ou seja, várias
regiões que produzem vinhos ou quase-vinhos) e um preço, bem gordo, inchado,
sinalizando que Galvão não tem dó nem de seus “bem amigos” na hora de vender sua zurrapa.
Na página da Bueno Wines, que comercializa os vinhos produzidos pelo locutor e mais alguns rótulos importados, o Paralelo 31 Gran Reserva 2022 custava, quando esta matéria foi redigida, R$ 415,33 (65 euros).
É sempre
bom lembrar que vivemos dias em que, a cada flato que o ministro da Fazenda solta,
o real perde valor.
Mas aposto
uma taça de Chalise que, Galvão Bueno, há quatorze anos, ao idealizar e lançar
o Paralelo 31,
não sonhava que sua fórmula de “linha de latitude mais
preços escorchantes” seria copiada por picaretas, do outro lado do
Atlântico – mais exatamente, no Reino Unido.
Ontem, navegando por uma página inglesa, deparei com um guia de compras para o final do ano.
Entre as muitas recomendações, da seção de bebidas, constavam três espumantes britânicos.
Um deles era o Fifty One Degrees North 2016, da
vinícola Gusbourne.
Depois de um tinto, no paralelo 31 Sul gaudério, um espumante no paralelo 51 norte inglês?
No Reino
Unido, uma garrafa do desconhecido espumante Fifty One
Degrees North somente borbulhará em sua taça por nada econômicas 195
£ (câmbio de quando a matéria foi escrita = 235 euros
ou 1500 reais)
Ou seja, os ingleses copiaram na íntegra a fórmula de Galvão Bueno!
Se eu fosse
um pouco mais ufanista, poderia ir até a janela e gritar “É TETRAAAAAA” ou tocar, em alto e bom som, o tema da
vitória dos brasileiros na Fórmula 1, mas não consigo disfarçar o mal-estar constatar
que os picaretas britânicos, também já se assanham e tentam vender espumante
pelo preço de Champagne Dom Pèrignon, Cristal, Grande Dame, Krug etc.
A Gusbourne
espera seduzir 4 mil trouxas com a picaretagem paralela de seu Fifty One Degrees North e, com isso, amealhar
780 mil libras esterlinas (R$ 6 milhões).
Haja
coração.....e KY
Zé
Oi amigos. Tagarela aqui. Jamais cogitei comprar esse vinho do Galvão, mas um colega me alertou que na ocasião da black friday ele estava vendendo o tal paralelo a algo como 86 janjas, com frente grátis.
ResponderExcluirPensei: posso me arrepender, mas 86 pode até ser "ok" para um vinho Brasileiro decente, bem longe da loucura dos R$400. A curiosidade falou mais alto.
Recebi o de safra 2022, ainda um pouco jovem. É um blend clássico de merlot e CS com um pouquinho de petit verdot. Passa na madeira e tem uma leve pimenta. Corpo médio. Vinho nada demais (como era de se esperar), mas a 86 não chega a decepcionar, é "ok", da pra acompanhar um prato leve e despretencioso. Obviamente se tivesse pago 400 estaria chorando no banho em posição fetal pensando na quantidade de coisas que poderiam adquirir com esse valor.
Um abraço
Taga
Os preços "normais" do site do Galvão são para inglês ver, pois ele fica constantemente "em promoção" com descontos de 60 a 75%. Hoje você pode comprar o Paralelo 31 por menos de 20 dólares (R$ 124,60)
ResponderExcluirFácil perceber, então, quão picareta é o Galvão
ExcluirVai se criando um clima terriiiiiiiivel
ExcluirPois é Unknown, e depois da compra ainda recebi "cashback" que daria pra comprar mais paralelos ainda mais baratos que os R$86, algo como 80 a garrafa. Nessa faixa de preço não faz feio. Ninguém vai se impressionar, mas também não causa decepção para um jantar simples. Ainda assim acho que há coisa dos vizinhos Chile e Argentina que chegam aqui nessa faixa de preço com um pouco mais de qualidade... pelo menos hoje porque quando começar o repasse do Dólar pros vinhos vai ser de chorar, vamos ter que tomar mais quase-vinhos nacionais
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