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sábado, 30 de novembro de 2024

PEQUENO GUIA ENO-GASTRONÔMICO

 


Durante um ano e meio Budapeste foi minha casa “europeia”.

Cheguei à cidade por acaso, sem muitas referências, mesmo assim decidi me estabelecer, por lá, temporariamente.

 Como o vinho húngaro, no exterior, é quase sempre sinônimo de Tokaji Aszú, uma estada longa, na Hungria, era a ocasião perfeita para conhecer o que a enologia do país podia oferecer – idem para a gastronomia.

 


E, olha, há bastante coisa.... 

Longe de ser um guia exaustivo, as recomendações anexas são úteis para quem deseja passar uma rápida estada em Budapeste.

Para uma normal viagem de turismo recomendaria quatro dias, não pretendo, todavia, indicar museus, igrejas, ou pontos turísticos “obrigatórios”, desejo apenas escrever e descrever um pouco sobre vinhos e gastronomia da Hungria. 

Comecemos pelos vinhos e mais especificamente pelos brancos secos.

Nos supermercados a oferta de vinhos é farta e há boas garrafas a partir de 1500 florins (cerca de 4 euros) ou até menos. 

À exceção de Portugal e talvez Espanha e Itália, não lembro de tantos vinhos, de boa qualidade, sendo oferecidos por menos de 5 euros e vale lembrar que a produção húngara tem fama e projeção bem menores do que as dos países mencionados.

 

BRANCOS BARRICADOS

 


Com a crescente demanda, que provocou a escalada nos preços dos elegantes brancos da Borgonha, não é surpresa que outros países e regiões vinícolas, aproveitando o momento favorável, também produzam brancos barricados à moda francesa.

Essa onda chegou à Hungria e os resultados são animadores: se há alguns vinhos bastante cansativos, em que mal se consegue chegar ao final da taça, há também outros que talvez lembrem claramente um bom Meursault ou um Chassagne-Montrachet. 

Os meus preferidos:



- Battonage Chardonnay, da vinícola Kovács Nimrod (preço médio nas lojas: 6 mil florins, cerca de 16 euros). Fácil de achar, presente em inúmeras cartas de vinhos de restaurantes e wine-bar.

Redondo, com aromas de baunilha e aquele gostinho amanteigado.

Produzido na região de Eger, com uvas dos vinhedos Nyilasmár e Nagyfai. 



- Premium Zöld Veltelíni, produzido na região de Sopron, pela vinícola Steigler (preço médio nas lojas: 6 mil florins, cerca de 16 euros) é vinificado com uva Valtelina Verde, conhecida, na Áustria, como Grüner Veltliner e na Hungria como Zöld Veltelíni.

Um branco sofisticado e envolvente, que em nada lembra os vinhos herbais produzidos com essa mesma uva no território austríaco.

 


- Sárhegy Olaszrizling Barrique, da vinícola Dubicz.

A uva Riesling Itálico (em húngaro, Olaszrizling) é uma das cepas brancas mais cultivadas na Hungria, tanto no

Norte do país quanto nas proximidades do Lago Balaton. 

O Lago Balaton é uma instituição nacional e o mais perto que os húngaros têm de uma praia, desde o Tratado de Trianon, em 1920.

 


Apesar disso, nenhum exemplar de Olaszrizling me havia animado: há uma “oleosidade”, nessa uva, que não me agrada.

 Esse Sárhegy barricado, contudo, virou o jogo: não há nenhum sinal da característica “oleosa”, mas uma profusão de sabores e uma fluidez impressionante.

Delicioso!

Foi, sem dúvida, um dos melhores brancos secos que provei na Hungria e pode ser adquirido por uns 5,5 mil florins (14 euros). 

OUTROS BRANCOS SECOS 

A Hungria, também, produz brancos, não barricados, bem interessantes.

A uva Irsai Olivér tem despontado como base para vinhos leves e descompromissados apesar de esbarrar na forte rejeição dos enófilos húngaros, mais tradicionalistas, que a consideram uma cepa limitada. 

O Tokaji seco vinícola Zsirai, com paladar bem arredondado, notas de abacaxi, maracujá e compota, também merece particular atenção – e não custa caro, algo em torno de 3,5 mil florins (9 euros). 

Outra garrafa interessante é o Bio Kéknyelű da vinícola Dobosi Birtok;



Vinificado com a casta autóctone “Kéknyelű” o vinho acalma sua sede por 4 mil florins (cerca de 10 euros). 

Na segunda parte da matéria, falarei sobre outros vinhos húngaros. 

2 comentários:

  1. Excelente post. Muito obrigado por compartilhar conosco.

    Enquanto em Munique por um período um pouco mais longo recentemente, me dei a chance de conhecer ótimos vinhos austríacos, húngaros, eslovenos e da onda Sudtirol, que hoje se destaca na capital bávara.

    É uma pena que de volta ao Brasil é impossível ter algo parecido como experiência.

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  2. Oi amigos, aqui fala seu colega connoisseur. Trago excelente notícia: temos o melhor do MUNDO. Isso mesmo. Número 1 do PLANETA. Os fãs de franceses que andam de peugeot 206 passion e tomam os borbulhantes de Reims podem chorar.

    Vejam aqui:

    https://exame.com/casual/melhores-vinhos-catador-2024/

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