Final de semana, frio intenso (+3º)
e mais uma vez me encontrava no “Bar Enoteca Emiazico”, um dos meus bares
preferidos de Sesto Calende, aguardando ansioso que Marco, proprietário do
local, servisse uma taça do ótimo espumante Trento DOC “Altemasi Brut”.
Enquanto as “bolhas” alegravam a
minha taça, me perguntei por qual razão jamais comentara, mais detalhadamente,
aquele ótimo espumante do Trentino.
Apesar do tsunami de etiquetas,
muitas das quais emporcalham o panorama vinícola italiano (mundial, então, é melhor
esquecer…), desde sempre considerei os espumantes da DOC Trento e os da vizinha
Franciacorta, os melhores da Itália.
Território, tradição, seriedade,
microclima, etc., são características e predicados que distinguem as duas
denominações cujas melhores garrafas não temem comparações nem com as de Champagne.
Enquanto bebia lentamente, o meu
“Altemasi Brut”,
era fácil perceber as mudanças, para melhor, que o espumante revelava.
Sim, quando a temperatura,
gradativamente, aumenta, aparecem todos os defeitos ou qualidades que o frio esconde,
mitiga.
O gelo “camufla” todos os aromas,
sabores, defeitos dos vinhos e torna bebível até um pavoroso “Garibaldi Vero
Rosé”, mas o “calor” é severo, justo, inclemente e premia, apenas, as boas
garrafas
Mais um gole e, na empolgação do
bom beber, me perguntei por qual razão jamais publicara uma matéria comentando
o “Altemasi Brut”.
Estava degustando de um ótimo
espumante, com múltiplos e sofisticados aromas, muito elegante e complexo.
Altemasi Brut 2017 Trento Doc
Um belo Trento DOC que recomendo
com entusiasmo e que pode ser encontrado nas enotecas e supermercados por 15/19 Euros.
Enquanto escrevia, mentalmente, esta
matéria, um toque, no telefone, anunciou uma mensagem.
Quase automaticamente e sem muito
entusiasmo iniciei a leitura e........
Mais uma vez, um amigo, que muito
apropriadamente alcunhei “Marquês de Sade”, enviava uma matéria em que, a
revista “Exame”, devidamente e genero$amente “lubrificada”, informava que a “Miolo-Predadora-de-
Quase-Vinhos” anunciava sua mais nova picaretagem vinícola: “Under de Sea”.
Uma serie de redundantes e
ridícula informações, fornecidas pela diretoria da predadora gaúcha, revelava
que, após um ano poluído as águas do mar da Bretanha e mais dez repousando na
adega da predadora, a Miolo, generosamente, apresentava e oferecia, ao mercado,
540 garrafas de seu precioso líquido submarino por módicos R$ 3.500.
Quase sem voz e gesticulando
freneticamente pedi mais uma taça de “Altemasi Brut” para poder engolir
a notícia.
Parece que as predadoras vinícolas
nacionais disputam, acirradamente e sem nenhum pudor, um torneio para ver quem
consegue insultar, com mais desfaçatez, cinismo, a inteligência do consumidor
brasileiro.
O vinho da Miolo-Marítima não é
uma novidade e B&B, já em 2014 e 2017, publicava matérias sobre mais esta
picaretagem enológica.
https://baccoebocca-us.blogspot.com/2014/12/o-vinho-do-capitao-nemo.html
https://baccoebocca-us.blogspot.com/2017/10/mar-limpo.html
Não há muito o que comentar, mas
o passado não distingue a Miolo pela franqueza, seriedade, assim, jamais saberemos
quantas garrafas “Jules Verne” a vinícola mantém estocadas, por quantos anos,
meses, ou dias repousaram nas misteriosas catacumbas gaúchas, se realmente poluíram
o mar da Bretanha ou se tomaram banho nas águas do poço no Lote 43.
Sabemos, todavia, que a Miolo
consegue, com seu espumante de R$ 3.500,
um dos maiores insultos à inteligência do enófilo brasileiro.
Há mais alguém, além do Elon Musk, para ser homenageado pela nossa first-quase-lady.......
Voltei ao feliz mundo dos enófilos
normais e bebi mais um pouco do ótimo “Atlemasi Brut”
de 15/19 Euros.
Bacco
Mais uma bela descoberta 💡 nunca provei esses espumantes, vão ficar na minha lista, Abraço de Cascais!!
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