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domingo, 15 de setembro de 2024

LES DENTS DE CHIEN BOTOX

 



Já não lembro quantas vezes visitei a Borgonha vinícola nos últimos 20 anos.

Quinze, vinte, trinta?

Minha memória, para números, datas etc. é proverbialmente ridícula  



Para piorar, jamais me preocupei em anotar quando e por quanto tempo, percorri as estradas das famosas vinhas dos grandes vinhos da Borgonha.

Posso, todavia, afirmar que foram muitas e que Chablis, Côte D’Or, Côte Chalonnaise, Mâconnais, Beaujolais não tem grandes segredos para mim.



A paixão pelos grandes brancos e tintos da Borgonha, muitas vezes, me fizeram esquecer o “juramento” de limitar o valor das minhas compras e jamais ultrapassar o teto de 80/100 Euros.

Um Montrachet aqui, um Criots Bâtard Montrachet ali, um Charmes Chambertin acolá e.... a cada visita minhas promessas eram solenemente esquecidas, abandonadas, mas eu me absolvia, dos pecados vinícolas, prometendo que aquela seria a última vez (foram dezenas de “última vez”)



Um belo (mau?) dia chegaram os turistas russos e mais tarde os chineses, sempre cheios de dinheiro e vazios de cultura vinícola, mas sedentos de etiquetas raras e caras.

Resultado? Os preços dispararam quase alcançando os $$$$$$$ dos produtores-predadores nacionais.



Os novos “eno-abobados-abonados” fizeram a alegrias dos “vignerons”, mas provocaram terríveis pesadelos aos enófilos que, antes dos sedentos sino-russa, conseguiam sonhar e comprar, por preços quase humanos, as ótimas garrafas da Côte D’Or.



 Com magros $$ nos bolsos, transferi minhas atenções etílicas para as garrafas da Côte Chalonnaise onde ainda é possível beber bons Mercurey, Givry, Rully gastando 15/30 Euros.

Voltei com prazer às vinhas do Macôn onde pude saborear ótimos Saint-Véran, Pouilly-Vinzelle, Pouilly-Fuissé, Virè-Clessé por 12/28 Euros e dedico sempre maior atenção aos vinhos de Chablis onde, garimpando, com cuidado, encontro surpreendentes garrafas custando 15/30 Euros.

                                            12,00 €

Com o Euro flanando acima dos R$ 6 e piscando, sedutor, para R$ 7, voltei, sem mais delongas, aos velhos tempos e estabeleci que 50 Euros seriam o teto máximo de minhas loucuras etílicas.

Adieu, Puligny-Montrachet, Chassagne-Montrachet, Meursault, Gevrey-Chambertin, Aloxe-Corton, Vougeot, Chambolle-Musigny....



Sem grandes esperanças de retornar às vinhas de Chassagne-Montrachet, no final de semana, para recordar os bons tempos e impressionar três convivas, resolvi abrir uma garrafa de “Les Dents De Chien” 2013 adquirida, por 40 Euros, diretamente, de Thomas Morey, em Chassagne.



Desarrolhei o vinho,mas quando vi a cor do “Les Dents De Chien”, acusei um tremendo chute no fígado (minha proverbial educação freia o desejo de dizer onde fui realmente atingido.... )

O “Les Dents de Chien” 2013, já estava a caminho do necrotério onde seria, “mortinho-da-silva”, embalsamado e sepultado.



A "velha-prostituta-das-garrafas-perdidas", que dorme em um recôndito canto de minha mente, lembrou de antigas experiências, assim, resolvi “ressuscitar” o “Les Dents de Chien” com a quase esquecida técnica.... “Botox-Vinícola”

 Despejei em uma taça (veja foto) quatro dedos do vinho “moribundo” em seguida completeis a garrafa com a mesma quantidade de um vinho mais novo.



O vinho escolhido, para realizar o “Eno-Botox”, foi um Chardonnay “Ventisquero”.2022 que eu estava bebericado enquanto cozinhava.

O resultado?

O “Les Dents de Chien Botox” foi elogiado e apreciado por todos os convivas.....eu incluso



Alguns puristas, ao ler a matéria, torcerão o nariz, mas melhor um vinho “Botox” na taça do que uma garrafa de “Les Dents de Chien” na pia

Continua na próxima matéria

Bacco

PS. Derramei a taça de vinho, que retirara do “Les Dents de Chien, na garrafa do “Ventisquero”

Resultado? O melhor Chardonnay do Cone Sul.

segunda-feira, 9 de setembro de 2024

TORTELLINI COM ANCHOVAS


 

“Segunda feira é um dia nobre...”

A afirmação, de um dos amigos da confraria (6 no total) que se reúne sempre quando der ou puder, tentava me convencer que segunda seria o único dia em que todos poderiam mandar os compromissos às favas para poder participar  da comilança e libações.

“Estou no Rio, fulano está em Belo Horizonte. Eu retorno na segunda e na quinta embarco para Europa. Fulano faz um pit-stop em Brasília, também na segunda e na terça viaja para Porto Alegre….”

A insistência venceu o bom senso, assim, concordei em realizar, na insólita data semanal, nossa reunião eno-gastronômica



O menu: “Cebolas com Alici e Parmigiano”, “Risotto com Gorgonzola de Cabra e Peras”, “Rãs à Milanesa”.

Para beber escolhemos o vinho que acompanha tudo e bem......Champagne.

Um esclarecimento...



A primeira opção, de todos, recaiu sobre o famoso espumante gaúcho “Viva la Vida”, mas a vinícola nos comunicou que Manoel “Cruzeiro Medieval” Beato, 32 salas Vip de aeroportos e a Azul já haviam reservado todo o estoque, assim tivemos que nos “consolar” com quatro garrafas de Champagne uma de “Chablis 1er Cru Vau Ligneau” Louis Moreau e mais outra de “Ghemme Santo Stefano”

“C’est la Vie....en Rose”.



Na opinião dos convivas o Champagne “Michel de Belvas” 1er Cru foi o melhor, em 2º uma surpreendente garrafa de “Moet & Chandon Imperial”, em 3º “Champagne 1er Cru “De Saint-Gall”, em 4º Champagne “Canard-Duchêne”.



O Chablis e o Ghemme comentarei mais adiante.

A Cebola foi devorada em tempo recorde e antes que eu iniciasse a preparar os ingredientes do risotto (picar o Gorgonzola de cabra, descascar as peras, aquecer o caldo......) os famélicos e sedentos convidados já estavam com garfos, facas, taças em posição de ataque.



Olhei para frigideira, onde sobrara bastante molho de anchovas e resolvi acalmar as mandíbulas impacientes preparando, em tempo recorde, um pouco de “tortellini” com molho de anchova.

Resultado: Sucesso total!



TORTELLINI COM ANCHOVAS

Ingredientes

1 pacote de tortellini ou outra massa qualquer: Penne, spaghetti, fusilli, tagliatelle...

 10 filés de anchovas (3 latinhas se possível importadas)



Azeite, farinha de pão tostada, um punhado de alcaparras, 10/12 tomates cereja.

Preparo



Em uma frigideira de bordas altas coloque uma generosa quantidade de azeite (1/2 xicara de chá, ou mais), junte os filés de anchova, acenda o fogo baixo e com um garfo esmague os filés até obter um creme.



Junte os tomates cortados, as alcaparras e cozinhe lentamente.



Quando a massa estiver quase pronta (“al dente”), coe, adicione ao molho, junte uma concha de água do cozimento, duas ou três colheres de farinha de pão tostado, misture bem e.....sirva.  


 

Continua

Bacco