Sempre fui bastante refratário às modas que nas últimas
décadas dominaram o mundo do vinho.
Depois de algumas infelizes experiências abandonei
definitivamente críticos, premiações, conselhos, indicações, pontuações, todos os
profi$$ionais, divulgadores e promotores do submundo vinícola.
Pensei e cheguei à conclusão,
que o melhor seria errar sozinho ou acertar sozinho
Não acredito em paladares e narizes perfeitos, universais e
muito menos iguais aos meus, portando, indicações, julgamentos, pontuações
(argh..) preferências etc. não devem ser necessariamente iguais as minhas e
vice-versa.
Acertar ou errar sozinho custa muito menos, é mais prazeroso, mais
confiável e não há $$$ envolvidos.
Dos inúmeros vinhos-modas dois se destacam por terem sido os
que mais e sempre detestei: Biodinâmico, natural.
A moda mais ridícula foi, sem dúvida, a “biodinâmica” que se
aproximou muito mais aos rituais de macumba do que à verdadeira enologia.
Como era de se esperar ninguém mais dá bola aos vinhos circenses do também circense biodinâmico Rudolf Steiner….
A mais pretensiosa, exaltada e seguida pelos enófilos do "enologicamente correto", foi e ainda é, a moda dos vinhos naturais, produzidos com pouca intervenção humana e tentando imitar os "imaculados e puros" (credo...) vinhos do avô
Woody Allen acerta na mosca quando o personagem de seu filme, “Meia Noite em Paris”, recorda, com nostalgia, um passado que não viveu, mas acredita ter sido melhor e mais interessante do que o presente.
Seguindo este princípio há quem acredite que o vinho de
antigamente, produzido sem muita ou nenhuma tecnologia, higiene e cuidado, era
melhor do que as hodiernas e modernas garrafas
Bobagens e mais
bobagens..... Os vinhos do vovô eram quase sempre tremendas-bostas, frequentemente
cheiravam mal, azedavam, refermentavam na garrafa etc.
A salvação veio através da moderna enologia que resolveu
grande parte dos problemas que “torturavam” os vinhos do vovô.
Os defensores do “enologicamente-correto”
acreditam que viver na natureza, como viviam nossos avós, é muito mais
saudável, alegre, green, mas não dispensam carro, avião, estatinas, celular, Botox,
Instagram, etc.
Green, sim, “ma non
troppo......”
Para os apreciadores dos “naturais”
os maiores vilões dos vinhos modernos, tem nome: Química, mecanização,
sulfitos.
A quimiofobia dos defensores dos
vinhos naturais não permite a utilização de nenhum fertilizante, pesticida,
herbicida.
Além da quimiofobia os “naturais”
abrem mão da mecanização em todo o processo de aração, eliminação das pragas,
adubação, colheita etc.
Vade retro demoníaco trator....
Finalmente o grande “demônio” dos
“naturais”: Sulfitos.
Os sulfitos, no imaginário do enófilo pouco experiente, é o
demônio do vinho (brancos, então......) e que pode provocar grandes problemas à
saúde.
Será?
Os sulfitos estão
presentes nos embutidos (salame, presunto, mortadela, etc.) queijos, frutas
desidratadas, vinagres, frutos do mar, biscoitos, leites e derivados, gelatinas,
cervejas, bacalhau, passas, etc. etc. etc., mas somente o vinho deve ser
“natural”, sem sulfurosa.
Aviso aos cultores da quimiofobia, do vinho natural que muitas
vezes lembra os odores de esgoto: Os sulfitos, no vinho, são utilizados há mais
ou menos 200 anos para limitar a ação dos microrganismos que podem contaminar e
alterar sua qualidade e protegê-los da oxidação.
Sem a presença dos sulfitos aumenta o risco de perda de
qualidade e também compromete a conservação do vinho: sem sulfitos aumenta
exageradamente a população de microrganismos indesejados como os bactérias
láticas, acéticas e a levedura “brettanomyces
bruxellensis”.
Sem sulfitos os
fenômenos da oxidação aumentam consideravelmente sua velocidade comprometendo, cor,
aroma e a “vida”, especialmente, dos vinhos brancos
Para desespero dos “greens” os sulfitos são permitidos, nos
vinhos naturais, em até 30 mg/l para os tintos e rosés, 50mg/l para os brancos.
Sem sulfitos? Nem pensar....
Os “quimiofôbicos” são
a alegria dos produtores que por não ter conseguido sucesso produzindo vinhos
“normais”, inventaram os naturais e sabem muito bem como cobrar por suas
“invenções”.
Mais uma coisa: o que acontecerá se e quando os
“quimiofôbicos” descobrirem que além dos sulfitos os produtores picaretas, na
calada da noite, adicionam dezenas e até centenas de produtos químicos nos
vinhos “naturais”? Próxima parada, terraplanismo.......
Dionísio
Belo artigo!
ResponderExcluirA propósito, o pessoal natureba vai para aquela feira deles em carroças, e os vinhos que tomam, vieram do exterior em barquinhos à vela. Seus celulares são de madeira (eucalipto) e os embutidos, frutas secas e queijos que servem lá, não devem ter sulfito. 🤔
O mercado de vinhos é um mercado saturado, por isso tanto desespero por fazer inovação pela inovação. Na verdade se quer um motivo pro consumidor comprar aquele vinho e nao o outro: um jeito inovador, um blend novo, ânfora, fundo do mar, vinho laranja, vinho com realidade aumentada no rótulo etc...etc...
ResponderExcluirEu só quero um vinho bom a preço justo.
A Salton está lançando o vinho sem álcool para aumentar sua linha "SEM" : Sem qualidade sem vergonha, sem cabimento......
ResponderExcluirCozinha da 'nonna' é puro marketing? Um professor italiano diz que sim:
ResponderExcluirhttps://www.uol.com.br/nossa/colunas/rafael-tonon/2024/08/14/cozinha-italiana-e-puro-marketing-um-professor-italiano-diz-que-sim.htm
Quando tem matéria sobre vinho natural, já fico esperando a tradicional foto dos "naturalistas"... Kkkkkkk
ResponderExcluirUma foto impagável: Fazemos qualquer coisa por alguns trocados.....Didu Bilu Teteia e outros ridicúlos
ResponderExcluirIrônico que você tenha usado a palavra impagável.... dizem que a turma em geral não gosta muito de pagar boletos ao dia. Sommerdier de vinhos naturais, mas naturalmente adora caducar as contas....Ali não tem muito química com os bancos. Essa gente toda cheira a enxofre. Deveríamos filtrar melhor as pessoas e as mentiras que contam para nos.
ExcluirJá fui um entusiasta de vinhos naturais e gostava até mesmo dos defeitos deles. Ainda bem que superei essa fase. O vinho tem que ser bom e pronto.
ResponderExcluirHahhahhahahhahah aposto que ninguém conseguiu notar a diferença!!!
ResponderExcluirhttps://www.otempo.com.br/economia/2024/6/25/golpe--fabrica-envasa-32-mil-litros-de-suco-de-uva-com-alcool-e-
somente poderá notar a diferença aquele cirugião com parkinson que deixou a medicina e agora faz propaganda das eno merdas gaúchas
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