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terça-feira, 13 de agosto de 2024

OS "NATURAIS"

 


Sempre fui bastante refratário às modas que nas últimas décadas dominaram o mundo do vinho.

Depois de algumas infelizes experiências abandonei definitivamente críticos, premiações, conselhos, indicações, pontuações, todos os profi$$ionais, divulgadores e promotores do submundo vinícola.

 Pensei e cheguei à conclusão, que o melhor seria errar sozinho ou acertar sozinho



Não acredito em paladares e narizes perfeitos, universais e muito menos iguais aos meus, portando, indicações, julgamentos, pontuações (argh..) preferências etc. não devem ser necessariamente iguais as minhas e vice-versa.

Acertar ou errar sozinho custa muito menos, é mais prazeroso, mais confiável e não há $$$ envolvidos.



Dos inúmeros vinhos-modas dois se destacam por terem sido os que mais e sempre detestei: Biodinâmico, natural.

A moda mais ridícula foi, sem dúvida, a “biodinâmica” que se aproximou muito mais aos rituais de macumba do que à verdadeira enologia.

Como era de se esperar ninguém mais dá bola aos vinhos circenses do também circense biodinâmico Rudolf Steiner….

A mais pretensiosa, exaltada e seguida pelos enófilos do "enologicamente correto", foi e ainda é, a moda dos vinhos naturais, produzidos com pouca intervenção humana e tentando imitar os "imaculados e puros" (credo...) vinhos do avô 

Woody Allen acerta na mosca quando o personagem de seu filme, “Meia Noite em Paris”, recorda, com nostalgia, um passado que não viveu, mas acredita ter sido melhor e mais interessante do que o presente.



Seguindo este princípio há quem acredite que o vinho de antigamente, produzido sem muita ou nenhuma tecnologia, higiene e cuidado, era melhor do que as hodiernas e modernas garrafas

 Bobagens e mais bobagens..... Os vinhos do vovô eram quase sempre tremendas-bostas, frequentemente cheiravam mal, azedavam, refermentavam na garrafa etc.



A salvação veio através da moderna enologia que resolveu grande parte dos problemas que “torturavam” os vinhos do vovô.

Os defensores do “enologicamente-correto” acreditam que viver na natureza, como viviam nossos avós, é muito mais saudável, alegre, green, mas não dispensam carro, avião, estatinas, celular, Botox, Instagram, etc.

Green, sim, “ma non troppo......”



Para os apreciadores dos “naturais” os maiores vilões dos vinhos modernos, tem nome: Química, mecanização, sulfitos.

A quimiofobia dos defensores dos vinhos naturais não permite a utilização de nenhum fertilizante, pesticida, herbicida.

Além da quimiofobia os “naturais” abrem mão da mecanização em todo o processo de aração, eliminação das pragas, adubação, colheita etc.

Vade retro demoníaco trator....



Finalmente o grande “demônio” dos “naturais”: Sulfitos.

Os sulfitos, no imaginário do enófilo pouco experiente, é o demônio do vinho (brancos, então......) e que pode provocar grandes problemas à saúde.

Será?

 Os sulfitos estão presentes nos embutidos (salame, presunto, mortadela, etc.) queijos, frutas desidratadas, vinagres, frutos do mar, biscoitos, leites e derivados, gelatinas, cervejas, bacalhau, passas, etc. etc. etc., mas somente o vinho deve ser “natural”, sem sulfurosa.



Aviso aos cultores da quimiofobia, do vinho natural que muitas vezes lembra os odores de esgoto: Os sulfitos, no vinho, são utilizados há mais ou menos 200 anos para limitar a ação dos microrganismos que podem contaminar e alterar sua qualidade e protegê-los da oxidação.

Sem a presença dos sulfitos aumenta o risco de perda de qualidade e também compromete a conservação do vinho: sem sulfitos aumenta exageradamente a população de microrganismos indesejados como os bactérias láticas, acéticas e a levedura “brettanomyces bruxellensis”.



 Sem sulfitos os fenômenos da oxidação aumentam consideravelmente sua velocidade comprometendo, cor, aroma e a “vida”, especialmente, dos vinhos brancos

Para desespero dos “greens” os sulfitos são permitidos, nos vinhos naturais, em até 30 mg/l para os tintos e rosés, 50mg/l para os brancos.

Sem sulfitos? Nem pensar....

 Os “quimiofôbicos” são a alegria dos produtores que por não ter conseguido sucesso produzindo vinhos “normais”, inventaram os naturais e sabem muito bem como cobrar por suas “invenções”.

Mais uma coisa: o que acontecerá se e quando os “quimiofôbicos” descobrirem que além dos sulfitos os produtores picaretas, na calada da noite, adicionam dezenas e até centenas de produtos químicos nos vinhos “naturais”?  Próxima parada, terraplanismo.......



Dionísio  


 

10 comentários:

  1. Belo artigo!
    A propósito, o pessoal natureba vai para aquela feira deles em carroças, e os vinhos que tomam, vieram do exterior em barquinhos à vela. Seus celulares são de madeira (eucalipto) e os embutidos, frutas secas e queijos que servem lá, não devem ter sulfito. 🤔

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  2. O mercado de vinhos é um mercado saturado, por isso tanto desespero por fazer inovação pela inovação. Na verdade se quer um motivo pro consumidor comprar aquele vinho e nao o outro: um jeito inovador, um blend novo, ânfora, fundo do mar, vinho laranja, vinho com realidade aumentada no rótulo etc...etc...

    Eu só quero um vinho bom a preço justo.

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  3. A Salton está lançando o vinho sem álcool para aumentar sua linha "SEM" : Sem qualidade sem vergonha, sem cabimento......

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  4. Cozinha da 'nonna' é puro marketing? Um professor italiano diz que sim:

    https://www.uol.com.br/nossa/colunas/rafael-tonon/2024/08/14/cozinha-italiana-e-puro-marketing-um-professor-italiano-diz-que-sim.htm

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  5. Quando tem matéria sobre vinho natural, já fico esperando a tradicional foto dos "naturalistas"... Kkkkkkk

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  6. Uma foto impagável: Fazemos qualquer coisa por alguns trocados.....Didu Bilu Teteia e outros ridicúlos

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    1. Irônico que você tenha usado a palavra impagável.... dizem que a turma em geral não gosta muito de pagar boletos ao dia. Sommerdier de vinhos naturais, mas naturalmente adora caducar as contas....Ali não tem muito química com os bancos. Essa gente toda cheira a enxofre. Deveríamos filtrar melhor as pessoas e as mentiras que contam para nos.

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  7. Já fui um entusiasta de vinhos naturais e gostava até mesmo dos defeitos deles. Ainda bem que superei essa fase. O vinho tem que ser bom e pronto.

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  8. Hahhahhahahhahah aposto que ninguém conseguiu notar a diferença!!!

    https://www.otempo.com.br/economia/2024/6/25/golpe--fabrica-envasa-32-mil-litros-de-suco-de-uva-com-alcool-e-

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  9. somente poderá notar a diferença aquele cirugião com parkinson que deixou a medicina e agora faz propaganda das eno merdas gaúchas

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