No mundo do vinho há os que sabem se “vender” e aqueles que,
ainda, não conseguiram encontrar o famoso e fácil “caminho das pedras”.
Os franceses são os mestres incontestáveis na arte de saber se
vender, mas com razão, pois seus vinhos são referências, paradigmas e norteiam milhares
de outros produtores espalhados pelo mundo.
Na Itália quem desde sempre soube se vender é a Toscana.
A Toscana, desde seu multissecular Chianti, até os mais
recentes Brunello
di Montalcino e os parkerianos “Supertuscans”, soube
vender e muito bem, suas garrafas.
O Piemonte despertou
mais tarde (o piemontês é bem mais lento e desconfia de mudanças bruscas), mas
quando acordou não deixou por menos e seus Barolo e Barbaresco invadiram todos
os cantos do mundo com preços que não param de subir.
Há o reverso da medalha dos que não sabem se vender e os mais
gritantes, que agora me ocorrem, são os vinhos portugueses e do Alto Piemonte.
Não sou um “expert” e não me atrevo entrar, despreparado, nas
vinhas lusitanas, mas sei que Portugal tem um riquíssimo patrimônio vinícola,
dois vinhos insuperáveis: Madeira e Porto, mas não sabe se vender e suas
garrafas nãos conseguiram, ainda, invadir as taças dos eno-deslumbrados
espalhados pelos quatro cantos do planeta.
Ótimos vinhos, mas que sofrem complexo de inferioridade quando
entram na disputa do mercado das “garrafas $$$$” francesas e italianas.
O Alto Piemonte é um Portugal vinícola na Itália.
Ainda bem, que o as DOCG GATTINARA, GHEMME, ERBALUCE; as DOC: BOCA, BRAMATERRA,
COLLINE NOVARESI, COSTE DELLA SESIA, FARA, LESSONA, SIZZANO e a mais recente
DOC VALLI OSSOLANE, não descobriram, como muito bem revelou Bacco, a fatídica
figura do “Diretor Comercial” e os grandes
Nebbiolo, do norte piemontês, podem ser facilmente encontrados em uma faixa de
preço que oscila entre 10 e 70 Euros.
É
sempre bom lembrar que os vinhos de 70 Euros são aqueles produzidos por dois
renomados predadores: Giacomo Conterno, que, em 2018, saiu às compras em Gattinara e “engoliu” a
vinícola Nervi e a família De Marchi, da famosa “Isole Olena” (Cepparello), que antecipando o
fim da farra na Toscana, em 1999 planejaram transformar o Alto Piemonte em um
novo “Superpiemonts” e se estabeleceram
em Lessona.
Os
dois esbarraram na total falta de apoio e entusiasmo dos desconfiados
produtores locais que não acompanharam a vergonhosa alta dos preços praticada
pelos predadores “importados”.
O Gattinara da Nervi, que custava 20/25 Euros, em um passe de
mágica e com a etiqueta “Conterno”, pulou para os atuais 60/70 Euros e o Lessona,
que valia, na região, 20/25 Euros, quando etiquetado “Proprietà Sperino” passou para os atuais e ridículos 70/80 Euros.
O
Gattinara Nervi-Conterno, de 60/70 Euros, leva uma tremenda surra quando
comparado aos de Mauro Franchino e
Paride Iaretti que custam 1/3 do preço.
O
Lessona “Proprietà
Sperino”, por sua vez, é sepultado pela classe e pelo
preço, bem menor, do ótimo Lessona engarrafado pela “Tenuta Sella”.
Vamos
deixar os eno-deslumbrados e voltar ao mundo dos normais e racionais
enófilos...
Sempre,
que posso, abasteço minha adega com vinhos do Alto Piemonte e incluo, nas DOC e
DOCG da região, o “Carema” que apesar de não fazer parte, “geograficamente”,
da denominação, é um ótimo Nebbiolo que apresenta as mesmas características de
qualidade e preço de seus “primos” Gattinara, Boca, Ghemme, Lessona, Sizzano, Fara......
Fara?
Passando
pelas gôndolas de um supermercado, meus olhos quase saltaram quando viram
algumas garrafas de Fara “Santo Stefano”, da vinícola Zanetta, por 12,50 Euros.
Sem
titubear comprei e.....
Continua.
Dionísio
No universo paralelo chamado Brasil, os vinhos Portugueses andam bem. Ocupam espaço quase equivalente aos Franceses e Italianos nas gôndolas. Claro, o Brasileiro tem uma conexão de amor estranha com Portugal, a ponto de escolher esse país pra residência Europeia mesmo sendo uma das economias mais fracas e sem perspectivas do bloco.
ResponderExcluirEnquanto os Portugueses continuarem a receber Brasileiros aos baldes, essa conexão de amor deve se manter.
Oi amigos, aqui fala seu amigo connoisseur, andei um pouco sumido, mas este é um tópico interessante. Os vinhos Portugueses não crescem tanto aqui na minha opinião pq temos maravilhosas vinicolas nacionais. O que a Miolo deixa a perder pra Cartuxa? Nada. Aqui temos qualidade similar, bons preços e incentivamos o mercado nacional, importante para ajudar nosso governo e o Brasil a decolar!!! Tim tim!!!
ResponderExcluirMaldita erva..
ExcluirA única erva que consumo são os aromas de capim limão, alecrim e folha de laranjeira no bouquet dos maravilhosos vinhos brancos nacionais. Tim-tim!!!
ExcluirPiemonte norte, vinhos macios e saborosos, provei um em Londrina na década de 90, fruto da viagem de pai de amigo, que delícia. Só depois conheci Barbaresco, Barolo, mas não perde de distância não. Parabéns pela escolha Dionísio
ResponderExcluirAlto Piemonte*
ResponderExcluirBacco, Dionísio, Bonzo e Zé, se fosse para produzir vinho, onde escolheriam?
ResponderExcluirEu, Bacco, escolheria o cerrado próximo da Papuda . Terrenos vigiados, livres de invasões dos sem terra e por mais tremendas bosta que produzisse ganharia uma reportagem do Correio Brasiliense : "Uma nova promessa vinícola nasce em nosso já tradicional e reconhecido mundialmente, terroir. Será Brasilia a nova Borgonha?"
ExcluirHahaha..boa! Mas seja sincero
ExcluirQuintal de casa, na europa. Compraria uva de quem quisesse, quando quisesse e faria 600 litros por ano. Como quisesse.
ExcluirBonzo Jones.
moro na Hungria e gosto do país e da viticultura. vejo um futuro promissor para os vinhos daqui, com muita gente jovem e disposta a aprimorar a produção. por isso, seria um lugar interessante para produzir vinho, caso um dia eu resolvesse tentar. a Romênia, aqui do lado, seria outra opção.
Excluirpara além desses dois países, o sul da Rússia (regiões de Krasnodar, Stavropol e Daguestão, além da Crimeia) me parece um bom lugar. terra barata e fértil, clima compatível, um mercado com dificuldades para importar vinhos estrangeiros por causa das sanções. aliás, seria interessante ver quantos gaúchos tiveram o estalo de vender vinhos para os russos, depois que a guerra começou. se o espumante deles realmente fosse o segundo melhor do mundo, os russos estariam fazendo fila para comprá-lo, dada a maior dificuldade de conseguir o primeiro.
mas os russos com grana preferem pagar mais pra conseguir champagne no mercado paralelo; os menos abonados compram o espumante do Château Tamagne, que deve estar custando o equivalente a R$ 40 (era R$ 30, quando morei em Moscou) e quebra o galho.
Zé
Bonzo Jones, muito radical?
ExcluirZé, jamais imaginaria esses lugares p produção de vinhos, legal. E as matérias, precisava falar mais sobre a região, os vinhos que degusta
Eu como questionador escolheria a Borgonha para produzir Bourgogne rouge de boa qualidade a bom preço até o fim
ResponderExcluirOs comentários continuam piorando. 🤦🏻♂️🤦🏻♂️🤦🏻♂️
ResponderExcluirVendido a R$ 161 mil, vinho mais caro do mundo é tudo isso ou só marketing?
ResponderExcluirhttps://www.uol.com.br/nossa/noticias/redacao/2024/02/20/vendido-a-r-161-mil-vinho-mais-caro-do-mundo-e-tudo-isso-ou-so-marketing.htm