Espero que nenhum leitor pense que nutro sérias reservas, ou quase ojeriza, às figuras dos diretores comerciais, gerentes de marketing e enólogos famosos.
Quando uma vinícola evolui, ultrapassa a soleira de seu
quintal, vai além do horizonte de suas vinhas, consegue se impor mundialmente,
com etiqueta de prestigio, a presença dos profissionais elencados se faz
necessária.
Imagine a Concha y Toro, Antinori,
Zonin, Guigal, Gaja, Chapoutier, L.V.M.H etc. sem a presença de
um (ou vários) “comandante” na área comercial, marketing e vinificação......
Tudo bem, meus parabéns pelo sucesso e desejo que as grandes
vinícolas continuem crescendo e enriquecendo.......mas sem a minha grana.
Quando o fanático bebedor de etiquetas resolver realizar, honestamente,
uma degustação às cegas (até o copo deveria ser preto), descobrir e classificar
o Barbaresco Gaja, como o melhor entre
outros 5 concorrentes, vou aceitar penitências medievais e declarar-me um
perfeito eno-idiota, caso contrário......
Para ajudar na degustação, “Adeus-Etiquetas”, indicaria, para o confronto, com o Barbaresco San Lorenzo-Gaja, que custa nada
irrelevantes 540 Euros, os seguintes
concorrentes:
Barbaresco Asili - Produttori del Barbaresco (65 Euros)
Barbaresco Vallegrande – Ca’ del Baio (35 Euros)
Barbaresco
Montestefano – La Ca’ Nova (30 Euros)
Barbaresco Rabajà – Giuseppe Cortese (50 Euros)
Barbaresco Pora – Produttori del Barbaresco (57 Euros).
Poderia sugerir dezenas de degustações, entre Barbera, Barolo, Chardonnay, Brunello di Montalcino e
inúmeros outros vinhos, para acabar, de uma vez por todas, com o mito dos
vinhos “Diretor
Comercial”.
Quando as rédeas de uma vinícola caem nas mãos de um “Diretor Comercial”, o vinho
deixa de ser paixão e passa a ser cifrão $$$$$.
O “Diretor
Comercial” anda de braços dados com o gerente de marketing (seu
colaborador mais importante) e o enólogo famoso deve produzir vinhos sempre
iguais, sem defeitos, fáceis de “entender”
Os vinhos não podem surpreender, intrigar, emocionar, devem
ser apenas caros… quanto mais, melhor.
O gerente de marketing sabe, perfeitamente, que o bebedor de
etiquetas não entende bosta nenhuma de vinho, não discute preço, apenas procura
status, aprovação e reconhecimentos (inveja?) nas redes sociais.
O melífluo gerente de marketing, periodicamente, sai às compras de revistas, sommeliers, influencers (PQP), pontos, taças, estrelas e tudo o que encontrar e que possa inflar ainda mais o ego e tomar o dinheiro do eno-trouxa.
Para o “Diretor
Comercial” produzir vinhos ou cintos de segurança é a
mesmíssima coisa.
Algumas provas?
Renzo Rosso (Diesel) fabrica
calças, perfumes, cuecas sapatos, vinhos....
L.V.M.H produz desde calcinhas, passado pelos
perfumes, bolsas, joias e aterrissando no Cognac e Champagne.
Há dezenas de empresas com o mesmo perfil cujos sócios sequer
conhecem suas vinhas, as etapas da produção vinícola e deixam tudo nas mãos do “Diretor Comercial”.
Não há preocupação com nada além do faturamento, lucro,
expansão, diversificação.
Aí surgem as figuras mais importantes de todo este processo: os eno-tontos abonados que pagam, sorrindo e
orgulhosos, 1.000 Euros por um Masseto.
Os eno-tontos são os que financiam e proporcionam lucros
mirabolantes às L.V.M.H e Diesel da vida.
Parabéns ..... Eu continuo bebendo Gamba di Pernice- La Tenuta dei Fiori (12 Euros), Albarossa – Enzo Bartoli (6,50 Euros), Lessona – Tenuta Sella (24 Euros), Barolo Gramolere – Giovanni Manzone (40 Euros), Gavi Minaia – Nicola Bergaglio (5,50 Euros) e sorrio feliz por não ter que sustentar nenhum “Diretor Comercial”
Continua
Bacco
Quando surge uma nova vinícola o marketing começa a agir já no tombamento do terra de plantio. Lançam nas redes sociais aquele típico videozinho: “ aqui nasce o projeto de um sonho..” Depois, fotos do plantio, exaltação do sobrenome do abonado, sua paixão pelo vinho… e em dois anos já pode esperar que já vem o rótulo da primeira safra premiado em Bruxelas. É sempre a mesma coisa, virou um coqueluche
ResponderExcluirConcordo com o exemplo que vc deu.. quando estive no vilarejo de Barolo, fui conhecer um museu de saca rolhas, e lá tinha uma daquelas máquinas enomatic com 6 garrafas pra se tomar em copo. Uma delas era um Barbaresco do Gaja, e como nunca estupraria meu cartão de crédito comprando esse rótulo, aproveitei pra provar uma taça. O vinho era tão sem graça, que fiquei na dúvida se era pelo fato da garrafa estar acoplada naquela geringonça por sabe-se lá há quantos dias, ou se o vinho era ruim mesmo. Acho que agora fico com a segunda opção.
ResponderExcluirConcordo. Barbaresco do Gaja = pessimo vinho. Assim como o Barolo tbm.
Excluir"Não há preocupação com nada além do faturamento, lucro, expansão, diversificação."Concordo, B&B!
ResponderExcluirConcordo também que Vinho não é caridade, mas falando em "diversificação", é vergonhoso o marketing agressivo dessas grandes empresas, que a cada dia apresentam "novidades" em seu portfólio!
Com o intuito de "democratizar", "desmistificar" e IMBECILIZAR ainda mais o "ENO-IDIOTA preguiçoso paladar infantil", todos os dias somos bombardeados com aberrações do tipo: Vinho para tomar com gelo, "Vinho" sem álcool, Vinho (zurrapa) em lata, "Vinho" Azul, Vinho envelhecido em barril de bourbon (para mascarar defeitos), Espumante com colageno, Reservado (está na LEI brasileira, então é excepcional),
Drink com Vinho, traduzindo: compre um vinho duvidoso (quanto mais caro melhor, Rosé do Bon Jovi 300,00) para estagrá-lo com refrigerante, gelo e açúcar...
Viva o vinho de verdade! Sem Diretor comercial, sem "tendências", sem modinhas e mi-mi-mi!
Palmas!!!!!!
ResponderExcluirO mundo do marketing hoje é storytelling, nome bonito pra conto da carochinha. Não tenta se vender o vinho, mas uma história, quase sempre exagerada pra dizer o mínimo.
ResponderExcluirAgora, há um tipo de diretor comercial que faz sentido, aquele que tenta entender o paladar de determinado mercado alvo, estive em uma vinicola Chilena que me contaram da criação de um vinho focado no mercado Sul Coreano. Segundo essa vinicola, em função da comida local, eles gostam de vinhos extremamente amadeirados e com muito corpo. Foram e criaram um, com um nome que eles podem pronunciar. Isso eu respeito, foi esperto, mas vinicolas tradicionais do velho mundo não deveriam precisar disso.
Se a ideia é expandir e incentivar o consumo, penso que a educação seria o melhor caminho, mas nem todos estão dispostos, pois estudar exige tempo e dedicação, coisa que não faz muito sentido aqui no Bananal, pelo menos para a maior parte da população.
ResponderExcluirO brasileiro ainda acha que:
DV Catena Malbec e seus congêneres são os melhores vinhos do mundo.
Espumante Peterlongo é melhor do que Champagne, ou pelo menos, "não deve nada".
Pinot Noir é vinho de mulher.
Tannat faz bem ao coração, portanto não há problema se eu secar uma garrafa com escandalosos 15% de álcool debaixo de um sol de 40 graus.
O diretor comercial não quer incentivar o consumo, quer IMBECILIZAR e empurrar tremendas-bostas goela a baixo. O consumidor, inocente, abraça o que vier e ainda aplaude pois, na maioria das vezes, sequer teve acesso a um Vinho minimamente decente.
NADA contra as mega corporations que produzem e/ou vendem vinho. TUDO contra os eno-cornos que consomem esses produtos. Burrice, ignorancia, mau gosto, novo-riquismo? Nao sei, mas que se lasquem.
ResponderExcluirPara cada Taylor Swift do vinho temos muitos Mozarts no mundo. E baratinhos.
Em tempo: Vinho sul-americano se fosse artista seria a Gretchen (mae da Tammy Gretchen).
Con perdones al Tagarecha, nosso expoente Arrentino..
JJ Botelho.
Dupla sertaneja Chitãozinho & Xororó lança vinho comemorativo
ResponderExcluirhttps://revistaadega.uol.com.br/artigo/dupla-sertaneja-chitaozinho-xororo-lanca-vinho-comemorativo.html
Tagarela aqui. Eu não coloco todos os vinhos sul americanos no mesmo saco. Acho os Chilenos disparados os melhores, cito alguns rótulos interessantes: Milla Calla, Finis Terrae e Montes Alpha Cabernet Sauvignon.
ResponderExcluirDepois dos Chilenos vem os Argentinos que estão piorando a olhos vistos, ou melhor, a papilas degustativas. Os Uruguaios vem melhorando lentamente e só não passaram (e nem passarão) os Hermanos porque possuem poucas vinicolas e poucas cepas, os Hermanos tem mais ferramentas ainda que a qualidade venha caindo ano após ano. Por fim chegamos ao Brasil, atrás do Uruguai, que coloco na mesma prateleira do México - muito ainda o que melhorar e preços absurdos.
PS: Já falamos sobre DV Catena em outro post, muito nome e pouca entrega. Não aprecio e ele não representa o melhor daquele país.
PPS: Não é pq tomo vinhos sul americanos que não aprecio os Europeus. Consumo muito portugueses que chegam a ótimo custo/benefício aqui.
Acho que o tagarecha quer mesmo polemizar. Os chilenos citados por ele são carne de vaca. Tem coisa boa no Chile e Argentina, mas geralmente, pouco conhecidas pelos brasileiros bebedores de DV Catena comprado de fontes pouco confiáveis. O Uruguay, justamente por ser menor e ter menos vinícolas, produz coisas boas, além da protagonista Tannat. Mas tem que procurar coisas diferentes nestes paises. No entanto, a meu ver, são vinhos que perdem de europeus na mesma faixa, mesmo considerando o custo Brasil.
ExcluirNão sei o que carne de vaca quer dizer, mas são 3 rótulos interessantes e a preços pagaveis no Chile, principalmente os 2 últimos. Não faria sentido falar de vinho de R$1.000, acho bizarro. Não foi nada pada polemizar, asseguro que gosto e bebo esses e entre outros chilenos. Concordo com o que falou da Argentina e DV. Eu poderia falar muito dos problemas gerados pela crise, emergência hídrica de Mendoza, falta de dolares etc... mas outro dia. Quanto ao Uruguai, são bons vinhos mesmo, mas é samba de uma nota só.
ExcluirEuropeus quando chegam a bons preços eu não deixo de aproveitar. É que o meu trabalho me leva fisicamente a esses países citados e por isso estou sempre lá.
Tagarela aqui. Esqueci um detalhe no post resposta. Gostaria de pedir ao colega que citasse essas pequenas vinícolas que ninguém conhece no Uruguai e fazem vinhos maravilhosos que não Tannat. Ou os rótulos do Chile pequenos que ninguém conhece. Por favor, cite os nomes, irei visita-los.
ExcluirBoa, tagarecha. De mala já bastam as suas que a gol (xi, entraram em concordata) cobra uma fortuna por cada viagem.
ExcluirAlém do sommerdier e dos connoisseurs tem sempre essa figura do "eu conheço pequenas vinicolas quase secretas e maravilhosas que ninguém conhece e produzem heroicamente os melhores vinhos da região, colhendo de bicicleta". Mala sem alça. Não perca seu tempo com isso Tagarela.
ResponderExcluirQuem escreveu que conhece pequenas vinícolas que ninguém conhece? Agora o Tagarecha precisa de um defensor? Continuem bebendo DV Cab-Malbec vendido no instagram.
ExcluirJá teve publico melhor, Bacco! Agora está cheio de defensores ferrenhos de vinhos sulamericanos. Não que não exista um ou outro bebível (apesar de cobrarem caro por isso). Mas o pessoal não vê que com 150 moluscos se compra vinhos portugueses que ficam muito à frente de um sulamericano do mesmo preço???
ResponderExcluirVinho uruguaio eu passo. Os poucos bons são muito caros. Tannat não me conquistou. Argentina tem coisa boa, mas chegam muito caros aqui. Ou nem chegam
ResponderExcluirEu recorro então aos chilenos, sempre correndo dos carmenere . Da pra achar coisa boa, e fugir dos rótulos badalados. Mas consumo porque não tenho opção, morando aqui. Esqueceria com facilidade os vinhos chilenos, se tivesse acesso mais fácil a frances, italianos, alemães, etc. Consumo, claro, o que consigo achar de portugueses e espanhóis. Um ou outro italiano. Brasileiro? Algum espumante, também por falta de opção. É o que dá, por estas bandas.
Enfim, um comentário coerente! Se ainda não o fez, experimente novas produções do Albariño uruguaio. Vai gostar.
ExcluirNão há paixão ou se quer preferência por vinhos sul-americanos. Há apenas a realidade dos preços e condições dos vinhos vendidos. Como já comentei, viajo muito a trabalho pra esses países do cone sul e portanto compro a preços super em conta e direto das vinicolas, onde o transporte do vinho da vinicola a minha adega se resume a um voo de +- 3h. Os grandes rótulos do mundo, por exemplo os franceses, São bem melhores que os sul americanos, o problema que a longa viagem de importação combinadas as taxas, burocracias, calor e margem de lucro fazem com que cheguem aqui longe do seu auge e a preços astronômicos. Dada esta realidade, consumo mais os vinhos sul-americanos. Se eu viajasse regularmente a França ou Itália, minha adega seria diferente.
ResponderExcluirVou dar um exemplo numerico do tamanho da distorção. Um vinho mediano e comum (Almanegra) é vendido na Argentina a 9 dólares (45 reais), aqui o mesmo vinho (importado decentemente) custa na faixa de 180 reais. Claro, há as importações na mala quente do carro cruzando a fronteira, mas poucos vinhos aguentam esse castigo. Se eu for comparar este mesmo Almanegra a um vinho Francês que aqui custa os mesmos 180, pegaria o francês, mas o meu preço de aquisição é 45, aí complica pro Europeu. Expliquei?
Tagarela
Vamos tagarela, nao se misture com a gentalha.
ExcluirAlias, aptoveitando o comentário acima, eu gostaria de saber qual importadora mantem um galpao refrigerado em condicoes " pelo menos paracidas as ideais" durante o ANO TODO para manter a qualidade dos vinhos. A propósito Ba co, diesel faz charutos tambem...rsr...e oyvi dizer que já já vao lqçar a linha de camisinhas....estas já com anestésicos
ResponderExcluirPois é, amigo anônimo. Eu moro no RJ, não apenas o calor é cruel (40 graus) como a variação termica é absurda, um dia 40, o outro 23. O ideal de se manter um vinho é abaixo de 18 com variações mínimas de temperatura (não mais de 3 graus). Não é a toa que recebo tanto vinho nitidamente passado e nossos importadores só trocam se o vinho estiver amarelado e fétido, uma degradação da qualidade por temperatura não é aceita pela maioria mesmo que o sabor esteja nitidamente afetado, mas o preço vem cheinho. O vinho degustado na vinicola nao tem igual. Foi o que comentei. Tagarela.
ExcluirAlgumas importadoras trabalham com contêiner e galpões refrigerados. A Cellar é uma delas
ExcluirCansado de pegar vinho cozido, o que faço é ser prático. Durante os meses quentes não compro vinhos, loto a adega em Novembro e só volto a comprar lá pra Maio. Neste interim só adiciono o que vem de viagens. Meu "basta" ocorreu quando comprei uma caixa bem cara de vinhos Portugueses que foram literalmente pro ralo.
ExcluirChilenos nem passam perto da minha taça.....sou pré diabetico e geleias estao fora da minha dieta :)
ResponderExcluirAgora falta alguém falar que na Tasmânia tem vinho espetacular. Pinots e chardonnays excelentes. Uma vinícola visitada fazia 40 garrafas por ano. Uma melhor que a outra.
ResponderExcluirO fato de não conhecermos, não quer dizer que não exista. Talvez não espetaculares, mas há bons vinhos na Tasmânia. Bons Pinot Noir, mas o destaque atual são seus espumantes. Não! Não são os segundos melhores do mundo, mas os que bebi, são bons.
ExcluirSe a opção for somente vinho argentino, chileno ou brasileiro, bebo cerveja
ResponderExcluirLarga de ser esnobe, vai! Tenho certeza que beberia.
ExcluirTenha certeza de que me passaria por “esnobe” na ocasião com um copo bem gelado de Heineken
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