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segunda-feira, 10 de julho de 2023

MODO-MONÁSTICO

 


Quanto retorno ao Brasil, após um longa estada em terras itálicas, para recuperar alguns órgãos do meu corpo, fígado em primeiríssimo lugar, entro em um programa depurativo que costumo apelidar “Modo-Monástico”. 

O “Modo-Monástico” prevê abstinência alcoólica, de no mínimo 15 dias, redução drástica de carboidratos, doces (nem pensar), longas caminhadas e um enfado tão grande que me provoca uma tremenda sensação de morte em vida.



O “Modo-Monástico”, todavia, não é ativado de imediato (freadas bruscas são desaconselhadas....), mas 4 ou 5 dias após o regresso em terras brasilienses.

Nos 4 ou 5 dias que antecedem a monástica clausura, para celebrar meu retorno à terra onde canta o sabiá e dar adeus (temporário, ainda bem ....) às libações alcoólicas, ofereço, aos amigos, um almoço de “de despedida” sempre regado com garrafas importantes.



As garrafas importantes não são apenas as de minha adega; cada participante é “ gentilmente convidado” a trazer um exemplar de sua coleção....

Uma pequena pausa para esclarecimentos.

Sempre há os que acreditam na superioridade de sua inteligência e sua esperteza, assim, em anos passados, alguns convidados se apresentavam trazendo garrafas de vinho argentino, chileno, italiano ou português de 5ª categoria e, pasmem, até nacional.



A desculpa esfarrapada e ridícula era sempre a mesma: “Eu não entendo muito de vinhos, mas o vendedor da loja garantiu que este “Casillero del Diablo” é ótimo”.



Os espertinhos gastavam R$ 50/60 para comprar vinho de 5ª categoria, mas só bebiam Puligny-Montrachet, Barolo, Brunello de Montalcino, Champagne, etc.

Gastavam R$ 50 e enxugavam garrafas de R$ 2.000.



O cinismo só perdia para o mau-caratismo

Vários “espertalhões” foram sumariamente eliminados das reuniões, alguns se “auto-evaporaram” e outros eu “eduquei” da seguinte forma: “Não entende de vinhos? Não sabe qual comprar? Sem problema.... Compre uma garrafa de Champagne”.

Hoje o “passaporte”, mínimo exigido, é uma garrafa de comum e banalíssimo Moet & Chandon.

Não deu outra.... Poucos sobreviveram.



A nossa última pre-monástica reunião contou com apenas 6 convivas que não reclamaram e aprovaram os vinhos que regaram o almoço:  Champagne 1er Cru “Michel de Belvas”, Fara “Santo Stefano, Gavi “Ciapon e “Bienvenues Bâtard Montrachet” Grand Cru.



Excluindo o fabuloso Puligny-Montrachet, do não menos importante produtor, Jean Claude Bachelet, que hoje custa uma pequena fortuna, todas as outras garrafas custaram abaixo do 30 Euros.

É preciso informar que as garrafas, do presente encontro, saíram de minha adega.



 As que os convivas “gentilmente” trouxeram serão degustadas nos próximos encontros.

O Champagne 1er Cru “Michel de Belvas”, que custou 29 Euros no supermercado “Coop”, de Santa Margherita, é um “Blanc de Blancs” (Chardonnay em pureza) que apresenta uma bela e delicada cor dourada, bolhas finíssimas, “ataca” o paladar com uma aguda e fresca persistência e resiste bravamente no paladar.

Belo Champagne, pouco conhecido, mas com excelente relação preço/qualidade (29 Euros)

O “Michel de Belvas” 1er Cru, pasmem, custa 46% menos do que um risível “Blanc de Blanc” da Valduga que os predadores gaúchos colocam no mercado por indecentes R$ 279.



Uma pequena observação: Sabe quando o Brasil será um importante mercado de vinho?

Não?

Nem eu.......

Na próxima matéria comentarei o “Ciapon”, “Fara” e “Bienvenues Bâtard Montrachet”.



Bacco

  

4 comentários:

  1. Podes me convidar pra próxima. Prometo não decepcionar... rsrsrs

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  2. Os preços no Brasil são uma piada. Viajo muito à Argentina a trabalho. Compro lá por 10 dólares vinhos que aqui são vendidos a 500 janjas. Não é modo de falar, nem arredondamento. É isso mesmo! O malbec argentino da Catena Zapata (também conhecido como caveira) que a mistral faz o desfavor de vender a 1.200 janjas compro a 50 dólares. Existe um programa de TV da PRF que só mostra contrabandos e a quantidade de vinho Argentino entrando ilegalmente pelas fronteiras não tá no gibi. Se as importadoras não fossem tão gulosas talvez o volume de contrabando seria menor.

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    Respostas
    1. será que as importadoras não contrabandeiam, também?

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  3. E quando o cara chega e diz “trouxe uma coisa diferente prá gente”? Uma tremenda b0sta diferente.

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