Um amigo, farto de tanto comer churrasco e beber cerveja,
vendeu espetos, churrasqueira, barris de chope etc. e, com o dinheiro
arrecadado, comprou uma pequena casa na Toscana, mais precisamente na Maremma.
Na Maremma, assim como em muitas outras regiões
italianas, as prefeituras, de pequenas e semidesertas aldeias, tentam
revitalizá-las vendendo casas abandonadas a preços baixíssimos, simbólicos.
Meu amigo, não exatamente milionário, com poucos trocados,
comprou uma casa, a reformou e hoje vive, feliz da vida, em uma aldeia de 1.800
habitantes.
A Toscana sempre foi uma de minhas metas vinícolas preferidas
e a Maremma, apesar de não me seduzir com seus vinhos afrancesados, parkerianos
e caros, foi a que mais visitei, excluindo, é claro, a Val
D’Orcia e suas maravilhosas
Montalcino, Pienza, San Quirico, Montepulciano, Monticchiello, Castiglione
D’Orcia, Bagno Vignoni, Castelnuovo dell’Abate etc.
Se os vinhos da Maremma nunca me seduziram, suas aldeias
medievais, Massa Marittima, Pitigliano, Sovana, Sorano, Scansano, Bolgheri, Populonia,
Castagneto Carducci, me “obrigaram” a retornar inúmeras vezes a seu território.
A cada viagem, uma nova aldeia e uma nova surpresa.
Não foi diferente, desta vez, quando, após a visita o amigo,
resolvi retornar a San Vincenzo, Bolgheri e conhecer mais uma maravilhosa
aldeia: Campiglia Marittima.
San Vincenzo, como sempre, foi escolhida como base para
percorrer a região.
Apesar de poucas belezas naturais, San Vincenzo, com seus
inúmeros hotéis, bares, restaurantes e ótima posição geográfica, satisfaz
plenamente minhas exigências.
Bolgheri está a 20 km, Campiglia Marittima a 10, Populonia a 18
Castagneto Carducci a 15 .... San Vincenzo é a base mais racional e recomendável
para percorrer a região.
Dicas de bares em San Vincenzo?
Não deixe de conhecer o “Zanzibar”, “Fronte del
Porto” e “Molo 20” e fuja, como Lula das
perguntas da jornalista portuguesa, do “Beppe Bistrot”: O “Beppe Bistrot”, além de ser um
muquifo, é um antro de ladrões que cobram até o que você não consumiu.
San Vincenzo, apesar da Toscana nunca ter sido uma de minhas
metas gastronômicas prediletas, abriga ótimos restaurantes.
Para qualificar San
Vincenzo, como importante meta gastronômica, bastaria lembrar que o mítico “Gambero Rosso”, do chef Fulvio
Pietrangelini, foi considerado, por muitos anos, o melhor restaurante da Itália.
Problemas familiares obrigaram Pietrangelini a fechar o “Gambero Rosso”.
Fulvio, resolveu viajar pelo mundo e organizar cozinhas de inúmeros
e estralados hotéis, mas seu filho, Fulvio Jr, parece ter herdado as qualidades
paternas e continua, em San Vincenzo, seduzindo os refinados paladares em seu belíssimo
restaurante “Il Bucaniere”.
O arquiteto, do “Il Bucaniere”,
foi extremamente feliz em seu projeto.
Moderna, clara, sem espaços inúteis, a sala do “Il Bucaniere”,
me deu impressão de estar navegando sobre as calmas águas do Mediterrâneo
no luxuoso restaurante de um transatlântico.
Um dos pratos mais famosos e icônicos do “Gambero Rosso”, “Vellutata di
Ceci e Gamberi”, foi revisitada por Fulvio Jr e ganhou novo nome: “Passata di Ceci e
Mezzancolle”.
Receita simples e extraordinária, que já publiquei e pode ser revista aqui:
https://baccoebocca-us.blogspot.com/2021/05/o-primeiro-ornellaia-ninguem-esquece.html
No “Il Bucaniere”, meu amigo e
eu, pedimos “Passatina di Ceci e
Mezzancolle”, “Ravioli di Pesce com Zucchine e Seppie” (Raviólis de Peixe com Abobrinhas
e Lulas).
Para acompanhar bebemos um Soave da “Pieropan” que, devo confessar, ficou devendo....
A “Pieropan” sempre
produziu bons vinhos, mas a garrafa, safra 2021, me decepcionou .....fuja
A conta?
Exatos 73 Euros
Na próxima matéria: Campiglia Marittima, Bolgheri, seus vinhos
e decadência.
Bacco