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terça-feira, 14 de março de 2023

SECOS & MOLHADOS

 


O nome da matéria não é homenagem à banda que foi sucesso nos anos 1970/80 e sim uma lembrança das lojas de bairro e interior, que vendiam arroz, macarrão, café, panela, pinga, latarias, balas, doces, lâmpadas.... De tudo um pouco.

Os tempos modernos (Chaplin?) sepultaram uma infinidade de atividades, produtos, costumes, negócios etc. e com eles se foram as lojinhas de secos e molhados.



As grandes redes de supermercados, com seus potentes tentáculos, foram determinantes e eficientes para acelerar o desaparecimento dos pequenos comércios de “Secos e Molhados”.

Alguém já deve estar se perguntado:  “..... mas o que lojinhas do interior, dos anos 1950/1970, tem a ver com vinho? ”

Muito a ver, creiam.



Semana passada, Enrico e Riccardo, sócios da tradicional “Vineria Macchiavello”, de Santa Margherita Ligure, insistiram para que os acompanhasse até San Cassiano, nas proximidades de Alba, para uma degustação na sede da tradicional vinícola “Ceretto”.



Enrico, responsável pela carta de vinhos da “Vineria”, está selecionando as etiquetas para a próxima primavera-verão que se aproxima.

O representante da “Ceretto” que está interessado em aumentar sua participação na lista das impressionantes 52 etiquetas que Enrico oferece, em taça, aos enófilos, organizou e patrocinou a degustação nas salas da “Ceretto Terroirs”.




A “Ceretto Terroirs” é o braço importador, de vinhos e destilados, em sua maioria franceses, da “Ceretto Aziende Agricole”.

A “Ceretto Terroirs” distribui, na Itália, mais de 60 etiquetas provenientes da Champagne, Borgonha, Alsácia, Loire etc.



Conheço, desde os anos 1970, as Langhe, seus vinhos, sua gastronomia e pude acompanhar, desde o início, a vertiginosa escalada que levou aquele território ao atual e impressionante sucesso.

É preciso lembrar que, no começo dos anos 1970, o Barolo não tinha o atual sucesso, não vendia facilmente e muitas vezes era oferecido, pelos produtores, como brinde para quem comprasse algumas caixas de Barbera ou Dolcetto.



Para que se tenha uma ideia, dos preços de então, é bom informar que um litro de Barolo era vendido por 1.000/1.500 Liras (0,50/0,75 Euro) e que na mesma época um café custava, no bar, 200 Liras.

É fácil perceber, então, que era possível comprar um litro de Barolo pelo mesmo valor de meia dúzia de xicaras de café.

Eram os anos dos “Secos e Molhados”........

Aos poucos, mas irremediavelmente, jogadores de futebol, cantores, artistas de cinema, milionários, empresários etc. descobriram que o mundo do vinho, além de ser um ótimo negócio, agregava status, charme, exposição midiática.



Havia chegado o lento e irremediável fim dos “Secos e Molhados”.

Enquanto dirigia meu carro, pelas estadas das “Langhe”, tentava lembrar quantas vinícolas familiares e tradicionais haviam sido compradas por empresários, grupos financeiros, investidores, industriais, etc. que nunca haviam pisado em uma vinha.



Vietti, Biondi Santi, Borgogno, Fontanafredda, Caparzo, Jerman, Masi, Isole Olena, Sella & Mosca, Val di Suga, Bertani, são algumas (há muitas outras) tradicionais vinícolas que foram “engolidas” pelos grandes grupos “alienígenas” que visam apenas faturamento, lucro e não hesitam em fazer todas e quaisquer concessões para agradar o “mercado”.



O vinho sério, artesanal, tradicional, o vinho “Secos e Molhados”, já era e abre passagem para o vinho “Instagram”, “Tik Tok”, Facebook.... Mas nem tudo está perdido, pois B&B vai continuar garimpado para encontrar pequenas pepitas vinícolas



Continua

Bacco

 

  

4 comentários:

  1. Já pesquei aqui neste blog várias dicas que desfrutei na Itália, França e Lisboa.
    Mas agora, quase em tempo real, vou “colher” as indicações que aguardo ansioso.
    Após a vindima estarei pela primeira vez em Turim, visitando a minha filha.
    Ah, As Langhes…

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  2. Mais uma dica: Se você estará em Turim procure uma garrafa de Doux D'Henry.

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  3. A maioria dos vinhos da minha adega são dicas de BaccoeBocca. Barolo: Manzone, Aurélio Settimo, Michele Chiarlo, Massolino, Fratelli Alessandria e por aí vai… mas tenho outros que gosto tanto quanto, do Alto Piemonte; Gattinara Mauro Franchino, Paride Iaretti, Monsecco; Ghemme, Fara, Lessona…

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  4. Dica de Secos e Molhados - Casa Agrícola Horácio Simões na Quinta do Anjo em Setúbal.

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