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sexta-feira, 24 de março de 2023

SECOS E MOLHADOS 2

 


Ao entrar na faraônica sede da “Ceretto” não pude deixar de lembrar Adriano Ravegnani e seu livro “I cento Vini D’Italia”.

Ravegnani, em 1979, inseria o Barolo da “Ceretto” em sua lista dos melhores cem vinhos italianos.



Comentava que a tradicional e séria vinícola piemontesa mirava a qualidade e não a quantidade em suas garrafas de Barolo.

Adriano Ravegnani errou e errou feio..... A Ceretto conseguiu dar o pulo do gato e se transformar em uma potência vinícola produzindo o branco “Blangè”.

“Blangè”, para quem não sabe, é vinificado com uva autóctone piemontesa “Arneis” que até então apenas a Vietti, Bruno Giacosa e alguns pouco conhecidos, produziam.



Vinho de discreta qualidade, o Arneis, nunca entrou na “mira’ das vinícolas como produto de grande futuro.

Erraram todos!

A Ceretto apostou na casta branca, plantou 80 hectares de Arneis e em poucos anos invadiu o mercado com nada menos do que 600 mil garrafas de “Blangè”.

Boa publicidade, lubrificação das canetas certas, marketing agressivo, não deu outra.... o “Blangè”, em pouco tempo, se transformou em um sucesso em toda a Itália e também no exterior.

A vinícola familiar, que produzia grandes tintos, fez fortuna com um branco de escassa qualidade e preço vitaminado (o Blangè custa o dobro dos Arneis “normais”)



Com a montanha de dinheiro, ganha com seu “Blangé”, a Ceretto deixava de se dedicar somente às vinhas e iniciava sua corrida pelo mundo dos negócios, gastronomia, do eno-turismo, importação, distribuição etc.

Para se ter uma ideia do sucesso da empresa, até no ramo gastronômico, bastaria lembrar que uma refeição, no estrelado restaurante “Piazza Duomo” de Alba, de propriedade da família Ceretto e tocado pelo chef Enrico Crippa, pode custar nada econômicos 500 Euros ou até astronômicos 1.000 Euros por pessoa.



Acredite, se quiser e puder: há muitos abonados e outros tantos idiotas que se gabam após ter torrado os absurdos valores, acima mencionados.



A degustação, em uma das salas da vinícola, seguiu fielmente todos os cânones, a liturgia e os clássicos padrões que encantam e enfeitiçam os enófilos facilmente deslumbráveis e menos experimentados.



Recepção cordial, moças bonitas, percurso minuciosamente programado que serpenteia pelas adegas repletas de toneis, barriques e velhas garrafas, mesa de degustação impecavelmente posta para o evento, exclusivas e carismas taças “Zalto” (50 Euro cada) e maravilhosa vista sobre as vinhas de Nebbiolo.



Um desbunde!

A maratona “degustativa”, na qual duas dúzias de etiquetas de Champagne, Puligny-Montrachet, Chassagne-Montrachet, Mâcon-Fuissé, Chenin Blanc, Fixin, Chablis, Meursault, Barolo etc. foram oferecidas aos membros de nossa comitiva, impressionou a todos.



O sommelier, que comandava a degustação, não cometeu nenhum deslize e com impressionante segurança fez a apologia dos vinhos apresentados.

Repetiu até as vírgulas do que estava escrito no catálogo da Ceretto.....

 


As etiquetas escolhidas não me entusiasmaram…. Apenas o Fixin e o Chenin despertaram particular atenção.

Os preços, dos produtos oferecidos, me convenceram que: o Euro beirando R$ 7, inflação europeia rondando os 10%, escassez dos insumos etc., o enófilo brasileiro sofrerá sempre mais para beber bem.



O que sobrou da visita à Ceretto?

A certeza que a empresa está sendo preparada e pronta para ser adquirida por algum grupo, da alta moda, finança, investimentos etc. como já aconteceu com muitas outras vinícolas da região.

Para tomar uma ducha de realidade, em minha viagem de volta a Santa Margherita Ligure, parei em Gavi e comprei 12 garrafas do ótimo “Minaia” da Nicola Begaglio por 5,5 Euros cada.



Enquanto houver Bergaglio, Coroncino, Alessandria, Tenuta dei Fiori, Castello di Gabiano, Murgo, Produttori di Carema etc. há esperança.

Os eno-tontos podem continuar bebendo e adorando serem "roubados" por Gaja, Conterno, Dal Forno, Ornellaia, Quintarelli, Soldera, Ca’ Del Bosco, Roagna, Benanti, etc.



Barolo Monfortino Riserva - Giacomo Conterno 2015

1.250,00 €

Bacco


5 comentários:

  1. https://twitter.com/i/status/1639283605720408064

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  2. What is dry and wet?
    What is the meaning of a wet and dry climate?
    How do you teach wet and dry?
    What is a wet environment?
    P.R.O.

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  3. Grande Bacco, visita rapida em Milao em maio, alguma sugestao onde se possa comer e beber bem, sem ficar pobre?

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    Respostas
    1. Infelizmente fico devendo. Há anos deixei de visitar grandes cidades e Milão é uma delas. Preços absurdos, aumento da violência e um mar de turistas são algumas das razões de minha decisão. Na vizinha é linda Sesto Calende, 2 dicas: Holly Drinks para beber e 3 Re para comer

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