O título poderia ser: “O Primeiro
Ornellaia Ninguém Esquece”, mas já escrevi uma matéria com o mesmo
cabeçalho. Vamos, então, respeitar o original da série….
Depois de percorrer, incontáveis vezes, o “Piemonte-Vinícola”,
resolvi que era chegada a hora de “descobrir” as vinhas, vinhos e cozinhas da
Toscana.
Fiel ao princípio de somente comentar vinhos após aprofundar
meus conhecimentos sobre a região onde são produzidos, decidi que minhas
próximas viagens deveriam “desvendar” a belíssima região italiana.
Os caminhos vinícolas da Toscana são muitos e importantes.
Eis alguns: Chianti (várias denominações), Brunello di Montalcino, Nobile di
Montepulciano, Vernaccia di San Gimignano, Morellino di Scansano, Bianco di
Pitigliano e.......Bolgheri.
Sem muita pressa ou
dirigir como um louco, posso tomar meu café da manhã em Santa Margherita e às
11,30 beber uma taça de Sassicaia
na “La Bottega di Elena” em Bolgheri
Pela proximidade e
importância vinícola, decidi que minha primeira visita à Toscana (foram muitas)
deveria ser, então, na pátria dos famosos e caros “Supertuscans”.
Jamais escondi que nunca nutri muito entusiasmo pelos vinhos “afrancesados”
da “Maremma”, mas, naqueles anos, a moda,
promovida e bombada por Parker e seus sequazes havia eleito Bolgheri e
arredores o novo “Eldorado” vinícola italiano.
Enoloides, de todas as partes do mundo, acreditaram na
conversa melíflua do Parker e em pouco tempo transformaram bons (alguns) e
regulares (muitos) Merlot, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, da Maremma, em caríssimas e icônicas
etiquetas.
(Um “Masseto” 2015 custa, na Itália,
escandalosos 1.000 Euros e mesmo assim, há muitos idiotas que continuam
comprando.....)
Já no final dos anos 1990 não acreditava, não consultava e nem
dava bola para revistas, guias, pontos, “100 Melhores”, “Vinho do Ano” ou outras balelas e
picaretagens do género: meu nariz, meu paladar, minha sensibilidade e repertório,
já eram suficientemente evoluídos, não precisava, então, consultar “oráculos”
ou “experts” nem sempre isentos ou honestos.
No mundo das etiquetas pontuadas há muito dinheiro em jogo e nem
sempre a verdade aparece e prevalece....
A “Maremma”, na
província de Livorno, não é exatamente o que há de turisticamente melhor na
Toscana e seus atrativos não são comparáveis, por exemplo, aos da província de
Siena, Firenze, Arezzo.
Na “Maremma”, porém, além dos vinhos badalados, há uma refinada e importante cozinha e um bom número de ótimos restaurantes (4 deles estrelados Michelin).
Há época, na proximidade de Bolgheri (20km), mais exatamente
em San Vincenzo, havia um restaurante que por 10 anos consecutivos foi
considerado e reconhecido como o melhor da Itália: “Gambero
Rosso”
Aquela viagem, para mim, mais importante do que os vinhos “maremmani” era conseguir uma mesa no “olímpico” e prestigioso “Gambero Rosso” do multipremiado chef, Fulvio Pierangelini
San Vincenzo é uma das cidades italianas mais feias que
conheço. Uma marina para barcos e iates de médio porte, praia de areia escura e
dura, meia dúzia de ruas, 500 metros de largura, 2 quilômetros de comprimento,
duas dezenas de lojas comuns e sem atrativos ou importância, uma igreja
“shopping” (o pároco aluga todo o térreo para lojas de souvenirs e roupas baratas),
plana, como uma mesa de bilhar.…insossa, triste.
San Vincenzo e sua “feiura” recompensam os turistas com uma interessante
estrutura hoteleira, bons bares e ótimos restaurantes.
Come-se e bebe-se bem, em San Vincenzo......
Marinheiro de primeira viagem, percorri os vinhedos que
circundam Bolgheri, almocei “Zuppa di Fagioli Com Salciccia” (“Sopa
de Feijão com Linguiça) no “La Bottega di
Elena” e no final da tarde, depois de me hospedar, ancorei meu carro
no porto de San Vincenzo bem na frente do, então, ótimo “Zanzibar”
O “Zanzibar” foi sem dúvida o melhor winebar/restaurante que
conheci na região.
Ambiente informal e falsamente simples, escondia, em sua “planejada”
simplicidade, uma sutil sofisticação que podia ser percebida na grande variedade
e qualidade de suas etiquetas bem como na excelência de sua cozinha.
Para dar uma ideia, de como se bebia bem no “Zanzibar”, era
possível beber, em taças, além de inúmeros vinhos locais, meia dúzia de
etiquetas de Champanhe de boa qualidade.
Bebericando um Champanhe “Nicolas Feuillatte” (5 Euros…. Bons tempos aqueles), na varanda do “Zanzibar”, resolvi que aquela seria uma grande noite: Confiando e acompanhado pelo meu fiel cartão, decidi que jantaria no vizinho (50 metros) “Gambero Rosso”.
“Não aceitamos reservas antes de dezembro”.
Uma voz, com um toque de estudado “nonchalance”, me comunicou
que talvez Papai Noel poderia me presentear, em dezembro, com uma mesa no “Gambero Rosso”.......
Corria o mês de maio.
Continua na próxima matéria
Bacco
PS “Vellutata
de Ceci e Gamberi” (Creme de Grão de Bico e Camarões) foi
durante anos “Pièce de Résistance” do Gambero Rosso. A receita virá na próxima
matéria....
https://passeiosnatoscana.com/conheca-a-maremma-toscana/
ResponderExcluirAchei este post bem detalhado da região Maremma! Interessante. Tive o privilégio de realizar visita/degustação/almoço na Ornellaia, e foi inesquecível. A cidade de Bolgheri já vale pela estrada com os cipreste nas margens
Exato. Aquela estrada espectacular, ladeada por ciprestes centenários, já foi até cantada em versos por Giosuè Carducci na famosa poesia "Davanti a San Guido"
ResponderExcluirsaiba mais sobre os vinhos libaneses e as melhores harmonizações.
ResponderExcluirhttps://conteudo.zahil.com.br/zahil-e-book-libano?utm_source=facebook&utm_medium=cpc&utm_campaign=%5BLEAD%5D+Ebook+L%C3%ADbano&utm_content=00+-+Mix+LL+1%25&fbclid=IwAR1toRFGm7r4RqSaf4_dS1pV5VsAJRwvOcRsUMz91JIbS1lStHbtJN4LHfE
Que tal comprar uma garrafa de vinho que foi para o espaço por mais de R$ 5,4 milhões?
ResponderExcluirhttps://olhardigital.com.br/2021/05/04/ciencia-e-espaco/que-tal-comprar-uma-garrafa-de-vinho-que-foi-para-o-espaco-por-mais-de-r-54-milhoes/amp/
Agora decola! "Syrah da Guaspari, capa da Decanter, entre os grandes da America do Sul."
ResponderExcluirMas isso não foi em Outubro do ano passado?
ExcluirProdutores nacionais estão arrancando os cabelos. Declaração corajosa do Patrício Tapia sobre vinhos tranquilos brasileiros.
ResponderExcluirhttps://www.google.com/amp/s/revistaadega.uol.com.br/amp/artigo/tendencia-guia-descorchados-2021-mostra-o-caminho-do-no-ano-do-novo-normal_13086.html
Tapia/Descorchados 2021
ResponderExcluir" a experiência de provar vinhos (tintos e brancos, sobretudo os tintos) pode ser decepcionante no Brasil, primeiro por dificuldade do clima, depois da sanidade das uvas que resulta em pouca qualidade dos varietais e que a maioria dos tintos são desequilibrados em acidez e taninos".
Sobre a polêmica do Tapia e os vinhos Br.
ResponderExcluirhttps://www.instagram.com/p/CO-Ob4ug8C3/?hl=pt-br
Polêmica: 5 pessoas sem ter o que fazer comentaram a respeito. Ganhou da polêmica da morte do querido MC Kevin.
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