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quarta-feira, 6 de novembro de 2019

LE TORRI


Um amigo, que adora beber meus vinhos, mas que detesta compartilhar os seus, finalmente percebeu minhas indiretas, “ma non troppo…” e, após enxugar muitas das minhas, me presenteou com uma das suas.
 

Desconfiando da qualidade, das etiquetas marcadas pelo tempo e má conservação, IGT (indicação geográfica típica), 14,5º de álcool, o “Villa San Lorenzo”, produzido pela vinícola toscana “Le Torri”, foi diretamente para a adega e solenemente esquecido.

 

Tempos depois, precisando de vinho tinto para completar uma receita, resgatei a garrafa do “Villa San Lorenzo”

Abri a garrafa e já a rolha me surpreendeu.

Perfeita, de boa qualidade, mais longa do que o normal e personalizada, despertou minha curiosidade.

 Provei o vinho, provei novamente e....... provei até secar a garrafa.

Grande vinho!

Todos que acompanham minhas críticas, no B&B, já perceberam que os “supertuscans” não fazem parte de minhas preferencias, que considero um crime enológico o que os produtores fizeram com a denominação “Chianti” e a barbaridade o que tentaram fazer com o Brunello.

Resumindo: Não sou fã incondicional dos produtores toscanos.

Todavia, quando há seriedade e não apenas picaretagem, a Toscana surpreende com seus vinhos.

A vinícola “Le Torri”, com seu “Villa San Lorenzo”, é prova viva da grande vocação vinícola da Toscana.

O grande pecado, dos produtores da belíssima região italiana, foi exagerar na dose para agradar o mercado americano, se submeter ao gosto de Parker e os Parker boys e se entregar, demasiadamente, à moda dos vinhos “internacionais”.

Deu no que deu..... O Chianti virou piada, perdeu mercado e preço, os “Supertuscans” …. Bem somente os 4 ou 5 “Supertuscans”, de maior renome, o Ornellaia, Sassicaia, Masseto, Solaia, Tignanello, sobrevivem graças aos abonados turistas e eternos enoloides.

O restante dos oportunistas, que com seus “AIAS” inundaram a Maremma e tentaram trilhar os mesmos caminhos dos nobres toscanos (Frescobaldi, Antinori, Incisa, Ricasoli etc.), entraram pelo cano e não sabem como, onde e para quem vender seus Merlot, Cabernet Sauvignon, Syrah Petit Verdot......

A princípio pensei que “Villa San Lorenzo” fosse mais um dos famigerados “supertuscans” e não um belíssimo Sangiovese em pureza  que  lembra, imediatamente, um bom Brunello.

O vinho, com passagem em barriques de carvalho francês, foi vinificado com rara habilidade e não apresenta o insuportável excesso de madeira.

Sua cor grená, seus aromas complexos e seus taninos severos, mas perfeitamente incorporados, fazem do “Villa San Lorenzo” uma ótima opção e bem mais baratas do que os “Supertuscans” e até do Brunello.

O “Villa San Lorenzo”, que recomendo com entusiasmo, custa 15/17 Euros

Bacco

 

 

2 comentários:

  1. Agora que soltaram o bandido mor, vou procurar um desse para abrir e celebrar o fato de morar em um país de quinta categoria.

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