"Benvenuto Brunello 2018" começou
no dia 16 e terminou em 19 de fevereiro.
"Benvenuto Brunello" é a
feira-festa anual onde é apresentado o famoso vinho toscano engarrafado cinco
anos antes.
O "Benvenuto Brunello 2018"
dá boas vindas ao vinho, de Montalcino, de 2013.
Números, como de costume, estonteantes: O
faturamento da denominação, em 2017, foi de 180 milhões de Euros.
Dos 9 milhões de garrafas, 70% foram exportados (30% Estados
Unidos, 20% Europa, 12% Canadá e 8% restantes nos outros mercados).
O número de eno-turistas,
que visitaram Montalcino em 2017, foi de aproximadamente 1.500.000 (+ 25% que em
2016)
É fácil perceber, então, quanto o Brunello di Montalcino representa
para a economia da região.
A safra 2013 foi boa, mas de qualidade inferior a de 2012 e,
apesar da qualidade não excelsa, não espere preços mais baixos.... Os russos e
chineses adoram o Brunello.
O grande vinho toscano, um dos mais conhecidos e badalados do
mundo, segue sua trajetória de sucesso apesar dos problemas causados por alguns
picaretas..... Lembram
do "Cabernello di Montalcino" das vinícolas Banfi, Antinori, Casanova
di Neri, Frescobaldi, Argiano que falsificaram o Sangiovese Grosso com a adição
de Cabernet Sauvignon e Merlot?
O Brunello sobreviveu aos picaretas e continuou sua vitoriosa ascensão.
Mas o Brunello foi sempre um sucesso?
Não!
O vinho de sucesso, na região de Montalcino, até o século XIX
era o Moscadello.
O Moscadello, vinho branco, doce, levemente frisante, pouco alcoólico,
produzido com uva Moscato, era o mais consumido e apreciado na região.
É preciso esperar até meados de 1800 para encontrar a palavra "Brunello", mas não uma clara referência
ao vinho e, sim à uva Sangiovese assim conhecida em Montalcino.
Naqueles anos, o tinto
produzido com a Brunello e uma pequena percentagem de uva branca, não tinha as características
hodiernas de grande estrutura, grande corpo e aptidão ao envelhecimento, muito
pelo contrário, era um vinho que devia ser bebido bem jovem, leve, quase suave.
A enologia estava gatinhando, mas alguns viticultores já
percebiam que algo deveria ser mudado.
Um desses viticultores foi Ferruccio Biondi-Santi.
Ferruccio começou selecionar com mais cuidado os clones de
Sangiovese Grosso (Brunello), limitou a quantidade de cachos nas videiras, e
iniciou uma seleção das melhores uvas para a vinificação.
Na adega efetuou extenuantes experiências e demonstrou que o "Brunello"
poderia ser vinificada sem a presença das uvas brancas.
Durante a fermentação, para extrair aromas e doar estrutura,
Ferruccio deixou o vinho em contacto com as cascas por longo tempo, afinou o
Brunello, durante anos, em grandes tonéis de madeira até conseguir realizar, em
1888, seu primeiro grande "Brunello di Montalcino".
Da safra mítica, de 1888, ainda restam algumas garrafas
guardadas nas adegas da "Tenuta il Greppo".
O restante da historia é bem mais fácil, conhecida e até o "professor" do seu curso
poderá comentar (será?)
Uma ultima informação: O Brunello di Montalcino, conhecido e
reconhecido como um dos melhores vinhos do planeta, produzido em pouco mais de
2.000 hectares, hectares cujo valor médio é de 600/700 mil Euros, envelhece e
afina durante 5 longos anos antes de ser comercializado e pode ser encontrado
nas enotecas por 25/35 Euros (R$ 100/140)
O "Grande Vindima Tannat", da predadora Lídio Carraro,
com seus hiperbólicos e insanos 16º de álcool, custa, no "mercado dos
eno-idiotas", R$ 250,00.
Quando leio que a viticultura brasileira está em crise, só
posso declarar: Eles merecem.......
Bacco
Belo texto, ótimo desfecho, apesar de não ter novidade.
ResponderExcluirEm 2007, a matriarca da Lídio, em sua vinícola, foi firme comigo ( para não dizer arrogante) ao enfatizar que seu rótulo premium jamais seria encontrado em supermercados. Encontrei.
Comprou?
ExcluirNão.
ExcluirTêm vinhos sem medalhas e mais saborosos por meno$..
jesus do patrocinio, aquela mulher tem muito mau humor. ela olha para nos em eventos com "aquela" vontade de estar ali. nas fotos da vinicola ela parece tao contente e sorridente.
ExcluirDetalhe: Lidio Escárnio não usa barricas, o que torna o preço dos seus quase-vinhos ainda mais surreais. Pilantragem pura.
ResponderExcluirÓtima matéria como sempre. O melhor Brunello que já tomei foi o da Le Chiuse, cujos vinhedos foram herdados da Biondi-Santi. O rosso di montalcino deles inclusive é muito melhor que muito brunello que tem por aí.
Abs,
JP