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quarta-feira, 26 de abril de 2017

FALTA CONCORRÊNCIA


Li, com interesse, a matéria "O CARTEIRO" que Bacco escreveu para o blog.

Nem em sonho consigo imaginar Bacco correndo para comprar vinhos, embalar garrafas, despachar, duas de cada vez, através do correio. 
 
 

Se a cena ocorresse há 30 anos séria imaginável, mas hoje, como disse, nem em sonho.

O melhor é continuar trazendo uma dúzia de ótimas garrafas na mala, esperar as liquidações das importadoras sempre rezando que os vinhos, em promoção, ainda respirem.
 
 

Então, como era previsível, ficamos na mesma: na mão de produtores e importadores predadores nacionais.

Já fui acusado de ser o inimigo número um dos vinhos nacionais.

 Declaro, veementemente, que não é verdade: sou inimigo dos produtores-predadores-picaretas nacionais.


Acreditar que o Brasil é ou poderá ser, nos próximos anos, um grande e sério produtor de vinhos é acreditar que os queijos da República Dominicana conquistarão, até 2020, os consumidores franceses.

Exagero?

Caro amigo, vamos fazer algumas contas para saber quantas vinícolas há no Brasil?

Talvez 1.000, 1.500, 2.000?

Difícil precisar.

 Buscar dados, nas obscuras entranhas da estranha estrutura vinícola brasileira, é dificílimo.

 

O que sei é que uma dúzia de grandes produtores domina e comanda o setor, sufocando as pequenas vinícolas que acabam fechando as portas (mais de cem deixaram de existir nos últimos anos).

Um setor que sofre com baixo consumo per capita, altos impostos, dominado por grandes indústrias, nunca poderá evoluir.

Os preços continuarão altíssimos, a qualidade risível, marcas registradas de nossos gigantes do setor.

Aguardo com interesse o aparecimento de uma JBS do vinho.

 

Por enquanto o pequeno produtor, no Brasil, se espelha e quer ser o próximo Miolo ou a Salton, ou seja: produzir vinhos que "Fan Cagare" por preços de Clos Vougeot.

Pequenos, no Brasil, diga-se, são aqueles que produzem 200/300 mil garrafas.

Na Europa, quem produz de 200/300 garrafas é considerado médio-grande.

Se não é fácil acessar estatísticas confiáveis, no Brasil, vamos para a Europa e tentar entender porque o vinho é muito mais barato lá do que cá.

Na União Européia há 2,4 milhões de empresas vinícolas que cultivam 3,2 milhões de hectares de vinhas.

Desses 3,2 milhões de hectares 2,5 milhões são destinados à produção de uvas viníferas.

 

A Espanha, com seus 941.000 hectares, é o membro da comunidade com maior área vinícola de vinhedos.

Em seguida vem a França com 830.000, a Itália com 610.000, Portugal 199.000, Romênia 184.000, Grécia e Alemanha com aproximadamente 103.000 cada.

Há outros, mas não tão significativos.

Agora o leitor entenderá o porquê de o vinho ser barato na Europa: CONCORRÊNCIA.

Mais alguns dados estatísticos impressionantes.

Numero de empresas vinícolas:

Romênia - 855.000

Espanha - 518.000

Itália -      299.000

A França detém a maior superfície por produtor: 10,5 hectares

Na Itália, a superfície media por produtor, é de 2 hectares.

Números gigantescos + Concorrência gigantesca = Preços baixos.

Pense e responda: Quantas vinícolas brasileiras você conhece?

Dez, quinze, vinte?

Pois é....estas dez, quinze , ou vinte , não temem a concorrência e fazem você de idiota.


Sabe quantas garrafas, de Lote 43, por 120 Euros, a Miolo venderia na, Itália, França, Portugal, Espanha?

Você está rindo?

 

A Miolo, Salton, Lidio Carraro, Casa Valduga, Vinícola Aurora e outras restroescavadeiras estão rindo muito mais.

Dionísio

 

6 comentários:

  1. Dionísio,

    é bem verdade que, como você disse, falta concorrência no mercado brasileiro de vinhos. como falta para telefonia, para vestuário, para restaurante "italiano" em Brasília e um monte de segmentos mais. mas, no caso dos vinhos, me parece que faltam outras coisas também: terroir, bom senso (de não tentar vender gato por lebre, de não vinificar uvas impróprias etc), foco (de não insistir nas mesmas zurrapas), muita coisa. mais concorrência é sempre algo bem-vindo, mas é só o primeiro passo na melhora do mercado de vinhos brasileiros.

    e, é claro, duvido muito que eu esteja vivo para presenciar alguma melhora nisso tudo.

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    1. Um amigo ingles falou que a England teve 2000 anos para se tornar um bom pais. Segundo ele Banania chega la. Raaaa.

      Estou com sua opiniao e digo um pouco mais: Falta tudo ai. O pais he de terceira linha. Veja os indicadores psico-sociais-economicos. Tabajara mesmo.

      E faltam diplomatas que falem ingles tambem. Raaaaa.

      Essa semana tive um job interview onde me perguntaram sobre o vinho brasileiro. Foi um silencio na sala maior que soundtrack daquele filme do clooney com a bullock. Abrazo.

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    2. Repito: os vinhos brasileiros terão boa qualidade quando os queijos da República Dominicana fizerem sucesso em Paris.

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  2. http://blogs.oglobo.globo.com/lauro-jardim/post/venda-de-vinho-nacional-despenca-20-no-primeiro-trimestre-de-2017.html

    depois dessa, não só aposto como continuará a faltar concorrência e alguma cabeça "privilegiada ao contrário" pedirá salvaguardas, como uns anos atrás...

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    1. Os consumidores já não aguentam as picaretagens , a péssima qualidade e os preços escorchantes dos quase vinhos nacionais

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    2. A ver se o preço médio FOB das importações continua caindo... se o ritmo de redução dos últimos 2 anos continuar, parece que estão trocando uma picaretagem por outra...

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