Talvez o preço do café expresso, no Brasil, seja um assalto
tão escandaloso quanto o cobrado pelo vinho nacional.
O brasileiro paga 40% a mais, por um expresso, do que um
italiano.
No vinho a roubalheira é tão descarada, ou mais.
As nossas indústrias vinícolas, que já aposentaram a picareta
e adotaram a mais eficiente e moderna retroescavadeira, desconhecem os limites
da predação.
Vale tudo!
Tudo é permitido!
Como demonstramos, na matéria anterior, a nova moda, de nossas
indústrias de quase vinho, é exumar os antepassados.
Os antepassados que, provavelmente, pegaram nas enxadas para
poder deixar uma boa e sadia herança aos atuais predadores das videiras gaúchas,
tiveram que deixar suas silenciosas tumbas para ajudar seus descendentes a
ganhar algum dinheiro extra.
A utilização da imagem dos fundadores das empresas é muito comum
na Europa e em inúmeras vinícolas o retrato dos veneráveis defuntos é estampado,
orgulhosamente, nas etiquetas dos vinhos.
Exemplos: "Veuve Clicquot", "Porto Dona Antonia",
"Chianti Ricasoli"......
Nada contra, então, que os ancestrais, dos atuais Valduga,
estejam presentes nas garrafas da vinícola.
O que choca são os preços estratosféricos e a malandragem dos
descendentes do Luiz Valduga.
Não sei se é uma tradição familiar, mas o patriarca dos
Valduga saiu do caixão cobrando caro pelo incômodo: R$ 475
Vamos deixar de brincadeiras e voltemos ao que importa.....
Você sabe quanto custa produzir uma garrafa de vinho na região
de Bordeaux?
Por um feliz acaso, antes de escrever esta matéria, acessei o ótimo
site "I Numeri del Vino".
O "I Numeri del Vino"
é uma página italiana especializada em estatísticas vinícolas e em sua última edição
trata, entre outras coisas, dos custos de produção em Bordeaux.
Com dados fornecidos pelo departamento agrícola de Bordeaux o
site revela que o custo de uma garrafa de vinho oscila entre 3 e 3,2 Euros (R$ 10,8/11,52).
O departamento agrícola de Bordeaux, para chegar ao resultado,
levou em conta: Insumos, mecanização, mão de obra, aluguel das vinhas (é muito comum, na
Europa, os viticultores alugarem vinhas de terceiros), seguro climático,
custos administrativos e de vinificação.
Não quero alongar o assunto, com muitos detalhes, quero apenas
demonstra que, se em Bordeaux uma garrafa de bom vinho custa R$ 11, no Rio Grande do Sul, com muita
boa vontade e mesmo atrapalhando o sono eterno do venerável Luiz Valduga, para
produzir uma garrafa de vinho não são necessários mais do que 4 reais
Castas secretas, edições limitadas, safras excepcionais,
apenas 1.000 garrafas etc. etc. etc., são conversas pra boi dormir e para tomar
dinheiros dos eno-patriotas-idiotas de plantão.
Para se ter uma idéia do assalto, praticado pela
retroescavadeira gaúcha, bastaria lembrar que um
Tignanello, vinho
mundialmente conhecido e badalado, custa, na Itália, 60/65 Euros (R$ 216).
Uma última coisa: Não venham encher o
saco com a costumeira ladainha dos impostos.
Dionísio
Só acho que esse custo do aluguel da terra (1200 euros/ha) talvez esteja meio subdimensionado, já que o preço medio do ha (tirando as top 5) de Bordeaux é de 34000 euros/ha (tirei os dados desse artigo - http://www.vinho365.com.br/2011/03/paradoxo-nas-terras-de-bordeaux.html).
ResponderExcluirPodemos não falar nos impostos, mas eles continuam lá...
Uma curiosidade: o "I Numeri del Vino" é editado por um tal de "Bacca". Será um parente?
Bacca não é parente. Se o custo do aluguel da terra está subdimensionado , pior ainda. Eu sabia que os impostos voltariam.....
ResponderExcluirhttp://www.divinoguia.com.br/miolo-gamay-nouveau-2017-est-arrive/
ResponderExcluirJá reservaram as caixas de vocês?
O Gamay da Miolo chegou e eu me mandei. Patético o comentário do Galvão: mais uma caneta comprada pelo Adriano Miolo.
ResponderExcluir