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terça-feira, 11 de abril de 2017

RETROESCAVADEIRA II


Talvez o preço do café expresso, no Brasil, seja um assalto tão escandaloso quanto o cobrado pelo vinho nacional.

O brasileiro paga 40% a mais, por um expresso, do que um italiano.
 

No vinho a roubalheira é tão descarada, ou mais.  

As nossas indústrias vinícolas, que já aposentaram a picareta e adotaram a mais eficiente e moderna retroescavadeira, desconhecem os limites da predação.

Vale tudo!

Tudo é permitido!

Como demonstramos, na matéria anterior, a nova moda, de nossas indústrias de quase vinho, é exumar os antepassados.
 

Os antepassados que, provavelmente, pegaram nas enxadas para poder deixar uma boa e sadia herança aos atuais predadores das videiras gaúchas, tiveram que deixar suas silenciosas tumbas para ajudar seus descendentes a ganhar algum dinheiro extra.

A utilização da imagem dos fundadores das empresas é muito comum na Europa e em inúmeras vinícolas o retrato dos veneráveis defuntos é estampado, orgulhosamente, nas etiquetas dos vinhos.
 
 

Exemplos: "Veuve Clicquot", "Porto Dona Antonia", "Chianti Ricasoli"......

Nada contra, então, que os ancestrais, dos atuais Valduga, estejam presentes nas garrafas da vinícola.

O que choca são os preços estratosféricos e a malandragem dos descendentes do Luiz Valduga.

Não sei se é uma tradição familiar, mas o patriarca dos Valduga saiu do caixão cobrando caro pelo incômodo: R$ 475  

Vamos deixar de brincadeiras e voltemos ao que importa.....

Você sabe quanto custa produzir uma garrafa de vinho na região de Bordeaux?

Por um feliz acaso, antes de escrever esta matéria, acessei o ótimo site "I Numeri del Vino".

O "I Numeri del Vino" é uma página italiana especializada em estatísticas vinícolas e em sua última edição trata, entre outras coisas, dos custos de produção em Bordeaux.
 

Com dados fornecidos pelo departamento agrícola de Bordeaux o site revela que o custo de uma garrafa de vinho oscila entre 3 e 3,2 Euros (R$ 10,8/11,52).

O departamento agrícola de Bordeaux, para chegar ao resultado, levou em conta: Insumos, mecanização, mão de obra, aluguel das vinhas (é muito comum, na Europa, os viticultores alugarem vinhas de terceiros), seguro climático, custos administrativos e de vinificação.
 
 

Não quero alongar o assunto, com muitos detalhes, quero apenas demonstra que, se em Bordeaux uma garrafa de bom vinho custa R$ 11, no Rio Grande do Sul, com muita boa vontade e mesmo atrapalhando o sono eterno do venerável Luiz Valduga, para produzir uma garrafa de vinho não são necessários mais do que 4 reais

Castas secretas, edições limitadas, safras excepcionais, apenas 1.000 garrafas etc. etc. etc., são conversas pra boi dormir e para tomar dinheiros dos eno-patriotas-idiotas de plantão.
 
 

Para se ter uma idéia do assalto, praticado pela retroescavadeira gaúcha, bastaria lembrar que um Tignanello, vinho mundialmente conhecido e badalado, custa, na Itália, 60/65 Euros (R$ 216).

Uma última coisa: Não venham encher o saco com a costumeira ladainha dos impostos.

Dionísio

 

 

 

 

 

4 comentários:

  1. Só acho que esse custo do aluguel da terra (1200 euros/ha) talvez esteja meio subdimensionado, já que o preço medio do ha (tirando as top 5) de Bordeaux é de 34000 euros/ha (tirei os dados desse artigo - http://www.vinho365.com.br/2011/03/paradoxo-nas-terras-de-bordeaux.html).

    Podemos não falar nos impostos, mas eles continuam lá...

    Uma curiosidade: o "I Numeri del Vino" é editado por um tal de "Bacca". Será um parente?

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  2. Bacca não é parente. Se o custo do aluguel da terra está subdimensionado , pior ainda. Eu sabia que os impostos voltariam.....

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  3. http://www.divinoguia.com.br/miolo-gamay-nouveau-2017-est-arrive/

    Já reservaram as caixas de vocês?

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  4. O Gamay da Miolo chegou e eu me mandei. Patético o comentário do Galvão: mais uma caneta comprada pelo Adriano Miolo.

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