Carta para o finado
Gurgel
Caro Gurgel, se você ainda estivesse vivo teria
arrependimentos, mil, por não ter descoberto, no estado de Goiás, o novo "Eldorado" vinícola do mundo ocidental.
Com um pouco mais de
visão e muita esperteza, teria mandado às favas sua fábrica de automóveis, de
Rio Claro, pego seu Xavante e, com um investimento mínimo, iniciaria o plantio
de videiras Barbera, Syrah, Tempranillo e
Sangiovese, em Cocalzinho.
Você, Gurgel, morreu sem indústria, sem Xavante e devendo 250 milhões.
Um médico goiano, mais
precisamente de Piracanjuba, terra de leite, queijo e manteiga, cujas
qualidades na profissão não são conhecidas ou reconhecidas, largou gargantas,
ouvidos e laticínios, investiu alguma grana, na também goiana Cocalzinho, e.......
Em poucos anos, atingiu a fama.
Hoje, nosso Gaja
goiano, já é a mais nova e badalada estrela do picadeiro vinícola nacional e
sua meteórica ascensão, no mundo dos vinhos, supera, até, a do Dani-dos-mil-nomes-Eller.
O Dani-Narciso-Eller
precisou de dez anos, ou mais, para despontar como "enfant terrible" das
vinhas nacionais.
Nosso Gaja goiano, em apenas seis anos, já conseguiu colocar Cocalzinho no cenário vinícola mundial.
As surpresas vão além: As primeiras garrafas de seus "Bandeiras"
e "Intrépido"
custavam R$ 65 e R$ 70 respectivamente.
Hoje, as famosas etiquetas, somente podem ser adquiridas,
pelos afortunados (imbecis?) apreciadores, por R$ 150 e R$170
É sempre bom lembrar que um ótimo Barbera, custa, nas lojas da
Itália, 4/10 Euros (R$ 14,40/R$ 36).
A pergunta que não quer calar: O que faz
um Barbera, nascido em Cocalzinho, custar 7 vezes mais do que um produzido em
Alba ou Asti?
As terras em Alba e região custam infinitamente mais do que as
de Cocalzinho
A implantação das vinhas no Piemonte é muito mais dispendiosa
do que em Goiás
É impossível comparar a qualidade de qualquer Barbera D'Alba
ou D'Asti com a do "Bandeiras" do otorrino goiano.
Apesar de todos os argumentos elencados, caro Gurgel, o vinho
goiano é mais caro do que os melhores Barbera do planeta.
Gurgel, já imaginou se você tivesse conseguido, em 1970,
vender seus carros por um preço cinco vezes maior daquele cobrado por um Mercedes?
Não teria conseguido, nem em sonho, até porque seus carros
pareciam com aquele usado pelos Flintstones.
Mas o "Bandeiras" , assim como seus
carros, "fa cagare", mas é um sucesso,
sucesso alimentado e inflado por revistas, blogueiros, sommeliers etc.
Para terminar, gostaria
de revelar mais um dado para confirmar que há um enorme exército de enófilos
brasileiros com claros sintomas de eno-oligofrénia: O "Bricco dell'Uccellone", o
mítico e mundialmente apreciado Barbera, de Giacomo Bologna (Braida), um dos
mais caros da Itália, custa 35/40 Euros (R$ 125/145).
O "Bricco dell'Uccellone", apesar
da fama, qualidade, história, etc., frequenta raramente as taças italianas:
Pouquíssimos italianos são suficientemente eno-idiotas ao ponto de gastarem 40
Euros por um Barbera quando sabem que, pelo mesmo preço, podem beber um grande
Barolo ou Barbaresco.
Caro Gurgel, você não deu a mínima para o potencial vinícola
das terras encantadas de Cocalzinho e não percebeu, também, quão enorme é o número
de eno-imbecis sempre prontos a pagar os tubos para exibir, em suas adegas, uma
garrafa de Barbera
"che fa cagare" goiana.
Gurgel, sua pouca visão e desconhecimento do mundo dos vinhos
nacionais não permitiram que você percebesse que cada real gasto, nas terras de
Cocalzinho, retornaria para seus bolsos multiplicado 10-20-100-200 vezes.
Gurgel, por sua ignorância você pagou um alto preço: morreu sem
indústria, sem um puto no bolso e com 250 milhões de dividas.
Enquanto isso, nosso Gaja goiano e seus vinhos, as piadas que
faltavam no cômico mundo vinícola nacional, fazem história e faturam alto
Caro Gurgel, descanse em paz..... se puder.
Dionísio
As terras de Cocalzinho, em breve, serão tomadas de assalto pelos produtores europeus
ResponderExcluirUma dúvida? Vocês chegaram a "degustar" essa maravilha? Eu nunca tive coragem nem interesse, mas adoraria ver uma degustação honesta desse vinho. Façam esse sacrifício, pelo bem dos leitores! Melhor ainda, em degustação cega com vinhos da Miolo e do Galvão...
ResponderExcluirSeria um desonesto se criticasse um vinho sem nunca o haver provado. Bebi um gole do Bandeiras: Uma bosta!
ResponderExcluirDeixo o privilegio da degustação às cegas , surdas e mudas ,dos quase-vinhos da Miolo Galvão, para os que gostam de emoções fortes e inesquecíveis.