Resolvi ampliar o leque de indicação de vinhos.
Nas próximas matérias vou percorrer diversas regiões e
comentar alguns vinhos que me impressionaram.
Abordei o Montepulciano D'Abruzzo, da homônima região, Carema,
do Piemonte, Rapitalà, da Sicilia, Ribolla Gialla, do Friuli e agora vôo para a
segunda maior ilha italiana: Sardenha.
Minha adega "italiana" é pequena, limitada abriga 15
ou 20 garrafas no máximo.
Para piorar, além as
limitações quantitativas, há as qualitativas. O estoque é limitado, mas repleto
de grandes e caras etiquetas: Dent de Chien, Blanchot Dessus, Criots Bâtard
Montrachet, Puligny Montrachet Premiere Cru, Barolo, Barbaresco, Champagne;
garrafas para ocasiões e climas especiais
Não estou tentando
impressionar..... é a realidade.
Não faz sentidos (o
bolso não aguenta....) abrir, todos os dias, uma garrafa de 30-50 ou 100
Euros...
Num mercadinho, perto de casa, há uma razoável variedade de
garrafas e é nele que normalmente me abasteço para acalmar a sede do dia-dia.
No mercado já comprei, entre outros: Barbera Bersano, Barbera
Monella e Rapitalà que aqui comentei e descrevi.
À procura de "novas emoções" resolvi abandonar o bom
Rapitalà e comecei a pesquisar nas prateleiras.
Uma garrafa, estranha e diferente, chamou minha atenção: Vermentino di Gallura 2014 "THILIBAS" produzido
e engarrafado pela vinícola "Pedres".
Vamos por etapas....
O Vermentino é um vinho que se posso evitar, não penso duas
vezes e evito
O Vermentino, na Itália, encontra o seu habitat predileto naquela
parte da costa do Mar Tirreno que vai desde a divisa da França até a Toscana.
Sinto dizer que nunca consegui beber um Vermentino lígure ou
toscano que me impressionasse e convencesse (difícil é saber qual o pior....), mas
quando a origem do Vermentino é sarda, a conversa é outra e.... O vinho,
também.
Quando o Vermentino é de Gallura
a conversa fica mais séria, ainda.
A Gallura, para quem não conhece
(será que os "professores da AB$ sabem do que
estou falando? Duvido....), é a parte mais ao norte da Sardenha, aquela que
quase parece tocar a Córsega.
Famosa, por sua fantástica costa, que oferece centenas de
pequenas enseadas de tirar o fôlego, a Gallura
abriga, em seu território, um dos mais badalados e sofisticados endereço da Itália:
"Costa Smeralda".
A "Costa Smeralda", continua
linda, mas perdeu muito de exclusividade e brilho dos anos 70/80.
Se nos anos 79/80 era frequentada pelos VIP, hoje se
transformou no endereço preferido dos jogadores de futebol e suas
"modelos"....
O interior da Gallura é
coberto por bosques de carvalho (Sobreiros, em sua maioria), extensos campos
verdejantes e formações rochosas impressionantes.
É, justamente, nesta região de grandes contrastes, de mar,
bosques e pedras, que nasce o "Vermentino di
Gallura".
Decidi comprar uma garrafa de "Thilibas" depois provar
e me surpreender com o vinho da casa de um restaurante que frequento em Santa
Margherita Ligure.
Sem muita vontade de gastar (na ocasião o Euro andava na casa
dos 5 reais) resolvi beber, no jantar, o vinho que serviam em taças.
Sem preocupação ou esperança, quase automaticamente, bebi um
pouco do branco que me fora servido.
Levei um susto.
O vinho era ótimo.
Perguntei ao garçom que vinho havia servido: "O
proprietário conseguiu um bom preço no atacado e estamos abrindo garrafas de
Vermentino da Sardenha".
O bom preço, o garçom confessou, era de aproximadamente 5
Euros.
Resultado: bebi três taças.
O "Thilibas" é infinitamente superior
ao vinho do restaurante e custa, no supermercado, 10,60 Euros.
O Vermentino di Gallura "Thilibas" 2014, da vinícola
Pedres, é uma pequena jóia enológica.
Apesar de sua intensa cor, amarelo dourado, o jovem "Thilibas"
nada tem de maduro, cansado ou oxidado.
O "Thilibas" esbanja juventude, acidez
e frescor.
Aromas intensos, florais, de ervas... difíceis de reconhecer.
É preciso um bom esforço para reconhecer perfume de ginestre e
ervas aromáticas: Os aromas mudam se sobrepõem constantemente e a complexidade é
impressionante.
Na boca a festa é ainda maior.
Opulento, aveludado, mineral com final muito longo e
persistente o "Thilibas"
é uma verdadeira festa para o paladar.
Não creio que o "Thilibas" possa ser encontrado no Brasil,
mas é uma boa dica para os que viajam pela Bota, gostam de beber bem sem gastar
os tubos.
Recomendo com entusiasmo.
Bacco.
Gosto quando alguém recomenda com entusiasmo. Vale muito mais que os famigerados pontos.
ResponderExcluirBelo artigo, Bacconildo. Além da ótima informação, belas paisagens. Aliás, a penúltima foto dá direito a um pezinho no cantinho inferior esquerdo. Tá vendo? Os leitores do B&B já conhecem o pezinho do Bacco.
Salu2,
Jean
Ainda bem que é só o pezinho
ResponderExcluir......
Bacco, você ainda não escreveu sobre a Ribolla Gialla, apenas falou de um almoço em que o pediu! fale mais sobre essa uva e seus vinhos, uma das melhores surpresas que já tive entre os brancos.
ResponderExcluirPois é.....Tô esclerosando. Tenho duas matérias no forno sobre a Ribolla Gialla ,mas não publiquei nenhuma. Desculpe e aguarde
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