Pode parecer uma piada, algo irreal, mas há, na Itália, uma
cidade e um parque que limitam a entrada de turistas em seus territórios: Veneza e Cinque Terre.
O centro histórico de Veneza,
com seus atuais 56.000 habitantes, é tomado de assalto por 25 milhões de
turista a cada ano
Imaginem uma cidade, milenar e projetada para abrigar menos de
100 mil pessoas, que se transforma em um verdadeiro formigueiro nos meses de
alta estação turística.
Veneza, com seu inchaço estivo, enfrenta uma série de problemas
nada fáceis de gerenciar: lixo, água, esgoto, transporte, segurança etc...
Ainda bem que a prefeitura proibiu, na Praça San Marco, a
venda de milho.
Os turistas, loucos
por fotos-lembraças, ofereciam toneladas de milho aos milhares de pombos
cagadores que agradeciam as ofertas emporcalhando, a cidade......
As aldeias, que compõem as "Cinque
Terre", localizadas no parque homônimo, passam pelo mesmíssimo
problema: Os 5.000 moradores locais são
sufocados por quase 3 milhões de turista que todo o ano, literalmente,
depredam, destroem e deixam rastro de lixo por todo o território.
O turismo traz riqueza para os moradores, mas deixa, também,
uma conta em aberto.
Eu, por exemplo, já não suporto e nem visito Vernazza.
Vernazza, meta
predileta daqueles que percorrem as "Cinque Terre", parece um
shopping center medieval onde centenas de lojinhas vendem souvenirs "Made
in China" para turistas abobalhados.
Bares caríssimos, pessoas
se acotovelando para comprar uma fatia de pizza para encher a pança e fugir dos
preços astronômicos dos restaurantes, milhares de chineses, abonados e
deslumbrados, disputando um angulo favorável para bater uma foto sem a presença
de estranhos, alemães gigantescos, suados e pegajosos, caminhado e
"desbravando" todas as trilhas....
Um verdadeiro horror.
Monterosso é um pouco menos "assaltada", mas
está na mesma trilha de Vernazza e
pouco falta para se tornar insuportável, também.
Insuportáveis são os meios de transporte utilizados para
alcançar as "Cinque Terre".
Já não consigo encarar os trens que viajam lotados de turistas
suados, mal cheirosos e barulhentos (não há ar condicionado que resolva...)
Os barcos são mais humanos (o vento dissipa o bodum...), mas os
horários nem sempre são interessantes e o preço é bem mais salgado.
Há o carro.
Sim, o carro, para quem não tem pressa e conhece as manhas, é
a melhor opção para se apreciar, sem atropelos, as "Cinque Terre".
As estradas são estreitas, cheias de curvas, perigosas, nem
todas chegam até ao mar, mas, apesar de todos os inconvenientes, é uma boa opção.
Bem cedo deixo Santa
Margherita, em Rapallo pego a autoestrada até La Spezia, atravesso a cidade, na
bifurcação para Porto Venere entro na SP370 e deixo o carro percorrer, com
calma os belos caminhos.
Uma verdadeira teia de estradinhas revela panoramas raros, incríveis,
fascinantes, exclusivos e sem a presença da deprimente multidão da "pizza-coca cola-arroto"..... Credo!
Esqueça Vernazza, Monterosso e curta o seu dia percorrendo os
lindos caminhos que levam à Manarola, Corniglia, Riomaggiore, Volastra, Biassa.....
As fotos devem convencer mais que palavras.
Na próxima matéria : A picaretagem
do vinho "Cinque Terre DOC".
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