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sexta-feira, 29 de abril de 2016

CINQUE TERRE





Pode parecer uma piada, algo irreal, mas há, na Itália, uma cidade e um parque que limitam a entrada de turistas em seus territórios: Veneza e Cinque Terre.
 
 

O centro histórico de Veneza, com seus atuais 56.000 habitantes, é tomado de assalto por 25 milhões de turista a cada ano

Imaginem uma cidade, milenar e projetada para abrigar menos de 100 mil pessoas, que se transforma em um verdadeiro formigueiro nos meses de alta estação turística.

 
 Veneza, com seu inchaço estivo, enfrenta uma série de problemas nada fáceis de gerenciar: lixo, água, esgoto, transporte, segurança etc...

Ainda bem que a prefeitura proibiu, na Praça San Marco, a venda de milho.

  Os turistas, loucos por fotos-lembraças, ofereciam toneladas de milho aos milhares de pombos cagadores que agradeciam as ofertas emporcalhando, a cidade......
 

As aldeias, que compõem as "Cinque Terre", localizadas no parque homônimo, passam pelo mesmíssimo problema: Os 5.000 moradores locais são sufocados por quase 3 milhões de turista que todo o ano, literalmente, depredam, destroem e deixam rastro de lixo por todo o território.

O turismo traz riqueza para os moradores, mas deixa, também, uma conta em aberto.
 

Eu, por exemplo, já não suporto e nem visito Vernazza.

Vernazza, meta predileta daqueles que percorrem as "Cinque Terre", parece um shopping center medieval onde centenas de lojinhas vendem souvenirs "Made in China" para turistas abobalhados.

 Bares caríssimos, pessoas se acotovelando para comprar uma fatia de pizza para encher a pança e fugir dos preços astronômicos dos restaurantes, milhares de chineses, abonados e deslumbrados, disputando um angulo favorável para bater uma foto sem a presença de estranhos, alemães gigantescos, suados e pegajosos, caminhado e "desbravando" todas as trilhas....    Um verdadeiro horror.
 

Monterosso é um pouco menos "assaltada", mas está na mesma trilha de Vernazza e pouco falta para se tornar insuportável, também.

Insuportáveis são os meios de transporte utilizados para alcançar as "Cinque Terre".

Já não consigo encarar os trens que viajam lotados de turistas suados, mal cheirosos e barulhentos (não há ar condicionado que resolva...)

Os barcos são mais humanos (o vento dissipa o bodum...), mas os horários nem sempre são interessantes e o preço é bem mais salgado.

Há o carro.

 
 
Sim, o carro, para quem não tem pressa e conhece as manhas, é a melhor opção para se apreciar, sem atropelos, as "Cinque Terre".

As estradas são estreitas, cheias de curvas, perigosas, nem todas chegam até ao mar, mas, apesar de todos os inconvenientes, é uma boa opção.

 Bem cedo deixo Santa Margherita, em Rapallo pego a autoestrada até La Spezia, atravesso a cidade, na bifurcação para Porto Venere entro na SP370 e deixo o carro percorrer, com calma os belos caminhos.

Uma verdadeira teia de estradinhas revela panoramas raros, incríveis, fascinantes, exclusivos e sem a presença da deprimente multidão da "pizza-coca cola-arroto"..... Credo!
 

Esqueça Vernazza, Monterosso e curta o seu dia percorrendo os lindos caminhos que levam à Manarola, Corniglia, Riomaggiore, Volastra, Biassa.....

As fotos devem convencer mais que palavras.

Na próxima matéria : A picaretagem do vinho "Cinque Terre DOC".

 
Bacco

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