Já sabia, mas a conversa com Enzo De Gasperi reforçou a
decisão de concentrar minhas atenções nos Pinot Noir produzidos no mais
elogiado cru da região: Mazzon.
Mazzon, distrito de Egna, abriga, em seu território, 68
hectares de vinhas, 45 deles de Pinot Noir.
Dos filares, desta famosa colina, saem as melhores garrafas
Pinot Noir da região e de toda a Itália e, antes de experimentar os vinhos, resolvi
visitar, com calma, as colinas de Mazzon.
Para variar, manhã fria, gelada e ameaçando neve.
O gelo, na estradinha
que sobe a colina, fazia meu carro, com tração traseira, sambar em cada curva e
durante alguns minutos e por alguns quilômetros me transformei em um daqueles
malucos que disputam provas de rally.
As vinhas de Pinot Noir, em Mazzon, que estão plantadas há
mais de cem anos, foram se aclimatando e se adaptando, aos poucos, revelando resultados
surpreendentes.
Surpreendentes quando as comparações são feitas com os Pinot Noir da Nova Zelândia, Oregon, Alsácia, Alemanha etc.,
mas......
O problema, o "mas", ocorre sempre e quando a
comparação é feita com os Pinot Noir da Borgonha.
Voltemos, por enquanto, ao Alto Adige.
Depois de percorrer as vinhas de Mazzon resolvi comprar
algumas garrafas, de alguns produtores locais, para guardar e beber aos poucos
e durante anos.
Se você quiser comprar meia garrafa de Pinot Noir em Mazzon,
desista: Em Mazzon não há uma vinícola sequer.
Perto do meio dia voltei para almoçar no Johnson & Dipoli
e conseguir mais informações.
"Você pode tentar
visitar a Hofstatter, a Elena Walch em Termeno, mas...... diga uma coisa: você
tem medo de cara feia? Tem seguro de vida?"
Os meus "não" antecederam a explicação.
"O pessoal de
Termeno, não é exatamente gentil com quem não é "alemão" e demonstra
antipatia, pelos italianos, sem nenhum constrangimento".
Alertado, mas incrédulo, no meio da tarde rumei para Termeno
para comprar algumas garrafas do famoso "Pinot Noir Barthenau Vigna S. Urbano" de
Joseph Hofstatter e do "Pinot Nero
Ludwig" da Elena Walch.
Fui recebido, na J. Hofstatter, por uma bela senhorita, loira,
alta e amável como uma jararaca do rabo branco.
Enquanto acompanhava, minha ondulante recepcionista, pensei
nos avisos de Enzo De Gasperi: Perfeitos!
Comprei três garrafas de "Barthenau Vigna S. Urbano" por 40
Euros cada e saí da vinícola antes de ser picado pela loira.
A experiência com a J. Hofstatter diminuiu muito meu desejo de
continuar as visitas nas vinícolas de Termeno e resolvi adquirir duas garrafas
do "Pinot
Nero Ludwing", da Elena Walch, (27 Euros) em uma enoteca local.
De volta, à segurança de Egna, comentei com Enzo, durante o
jantar, a recepção "calorosa" da loira na Hofstatter.
Muitas risadas, muitos vinhos, calorosos abraços e a promessa
de retorno, em breve.
Antes de deixar o restaurante, Enzo me presenteou com uma
garrafa de Pinot Noir "Mazzon" da vinícola Bruno Gottardi.
No dia seguinte, durante a viagem de regresso, comecei a
organizar, em minha mente, o resultado da viagem e classificar os vinhos
provados.
Mais uma vez o Pinot Noir de
Franz Hass não correspondeu à fama.
Seu Pinot Noir "top", o "Schweizer", como todos os outros da região, tem belíssimos aromas, mas na boca deixa a
desejar.
Hass ,
mais do que viticultor, é um grande marqueteiro que sabe vender, muito bem, seus
vinhos.
O Pinot
Noir de Elena Walch é o mais modesto de todos e também o mais barato.
Seu "Ludwig" é interessante, bons
aroma, fácil de beber, mas é apenas mais um na "multidão".
É um vinho
que beberia novamente, se alguém me oferecesse, mas não compraria... Há coisas
melhore e bem mais baratas.
O vinho,
da jararaca do rabo branco, Vigna S. Urbano disputa com o "Mazzon" da Bruno Gottardo,
minha preferência.
Bons Pinot
Noir!
Menos previsíveis, complexos, e mais próximos
aos da Borgonha, mas, sempre o famoso "mas", pelo preço encontro
garrafas muito melhores na Côte D'Or.
Minhas
impressões finais:
Os Pinot
Noir do Alto Adige se mostram interessantes, alguns são ótimos vinhos tintos, mas
nunca grandes Pinot Noir.
Falta-lhes
força, originalidade..... são previsíveis e redundantes .
Tenho a
sensação que sempre falta alguma coisa.
A Pinot
Noir é a casta mais complexa e de mais difícil adaptação do planeta (Nebbiolo, idem...) e na
Borgonha é cultivada há mais de mil anos.
É lá seu verdadeiro habitat.
É lá que lentamente
se adaptou e se exprime em sua real e total grandeza.
Os Pinot
Noir de Mazzon, são bons, estão no bom caminho e, possivelmente, em 2356
poderão ser confundidos com o Chassagne Montrachet Premier Cru "Morgeot".
A pergunta
que continua martelando em minha cabeça: Com tantas
e grandes castas, que a Itália possui, porque gastar tempo, energia e teimar,
quase como masoquistas, com Pinot Noir, Riesling, Chardonnay etc.?
Não vejo razão,
não vejo futuro.
Alguém conhece o azeite da Borgonha?
Pois é....
Última observação.
Há apenas um lugar, na terra, onde em menos de
5 anos aconteceu o milagre do Pinot Noir perfeito: Encruzilhada do Sul.
Um
misterioso deus das uvas resolveu atender as preces de nosso mais intrépido
viticultor e transformou um anônimo pedaço do Rio Grande do Sul em uma nova Borgonha.
Ali e
somente ali, o milagre do Pinot Noir perfeito, aconteceu.
O deus das uvas, com a ajuda de dois anjinhos das
vinhas, Didu Bilu Tetéia e Sir Edward Motta, fez surgir um dos melhores Pinot Noir do mundo.
É o Rio
Grande do Sul, humilhando, mais uma vez, os vignerons da Côte de Nuits (já
havia acontecido, antes, com o espumante...)
Bacco
Bacco,
ResponderExcluirquando li a primeira parte da matéria, pensei "caramba! ele achou no Tirol italiano uns pinot noir do nível dos da Borgonha!". fiquei bem curioso pela segunda parte e vi que não é bem assim, embora não sejam vinhos ruins. duro é justificar 40 euros neles, preço de muita coisa boa fantástica da Borgonha (aquele Morgeot, por exemplo). por aqui, com a Cellar pedindo 330 no pinot da jararaca, pior ainda.
e sobre as castas locais altoadeginas? muller-thurgau, schiava, lagrein, algo melhor?
Todos bonzinhos ,mas nada além de bonzinhos
ExcluirFala, Ba.
ResponderExcluirEssa regiao do planeta é realmente lindissima. Que lugar, com frio ou nao nao me incomodaria de passar algumas decadas em Bolzano.
Agora, o que acontece com as pessoas que falam alemao nas fronteiras perto da Alemanha? Todos se ofendem quando sao lembrados que nao sao mais prussianos, alemaes, etc. Kct, os italianos nao fazem a minima questao de falar a lingua do L. da Vinci.
Me divirto tirando sarro dos franceses alcasianos tambem.
E a turma da Catalunya que surta quando alguem os lembra que sao espanhois?
Auguri, avanti.
Mas se vocês acham que só se encontram coisas estranhas em blogs brasileiros, dêem uma olhada nisso:
ResponderExcluirhttp://www.blogdosyrah.pt/sobre_nos/
http://www.blogdosyrah.pt/2015/11/05/ao-longo-do-tempo-podemos-evoluir-como-ser-humano-da-mesma-maneira-que-um-syrah-parte-i/
Tentei ler ,mas dormi duas vezes antes do fim zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz
Excluirhahahaha... Eu também cai no sono.
ExcluirAs coisas acontecem em Brasilia:
ResponderExcluirhttp://www.bebideria.com.br/2015/11/medico-de-brasilia-produz-no-cerrado.html?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+Bebideria-TragosECausos+%28.%3A.+Bebideria+-+Tragos+e+Causos+.%3A.%29
Bordeaux treme
ResponderExcluirConheçam o blog mais lido no mundo e em todo o universo.
ResponderExcluirhttp://invinoviajas.blogspot.com.br/2015/05/in-vino-viajas-tres-anos-de-evolucao.html
http://invinoviajas.blogspot.com.br/2015/11/conheca-roberto-cipresso-o-criador-dos.html