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sexta-feira, 12 de setembro de 2014

VERDICCHIO DI MATELICA II


Para “descobrir” o Verdicchio di Matelica é preciso deixar as colinas dos “Castelli di Jesi”, que quase se banham no mar Adriático e escalar os Apeninos.

Escrever para enófilos brasileiros, que recebem, daqueles que se auto proclamam “especialistas”, informações quase sempre erradas e incompletas, não é fácil.
 
 
 

É preciso aguçar a curiosidade do leitor com uma informação nova que vá além dos Cabernet, Merlot, Syrah, Supertuscans etc.

O Verdicchio di Matelica “Mìrum” vai aguçar a curiosidade e alegrar as taças daqueles que apreciam um grande vinho.

O Verdicchio, como já escrevi, foi vítima da inescrupulosa ganancia que sempre e infelizmente norteia a esmagadora maioria dos industriais do vinho.
 

A facilidade da venda, o lucro imediato e compensador, tapou os olhos de muitíssimos produtores.

Alguns poucos, e somente nos anos 90, perceberam que Jesi era um dos melhores territórios italianos com rara vocação para vinho branco.

Como se não bastasse, além da excelência encontrada nas colinas   de Jesi, o escondido, pequeno e quase introvertido território de Matelica, foi “redescoberto”, também.
 

 Jesi e Matelica fazem parte da pequena lista (5/6 denominações) que revela os melhores territórios italianos com vocação para grandes vinhos brancos.

Há diferenças: O Castelli di Jesi se apresenta, mais aromático, mais encorpado, mais frutado, já o de Matelica revela uma acidez maior, mais selvático e com o característico final de amêndoa amarga não tão acentuado.

A minha viagem, pelas terras que produzem oMìrum”, revela minha paixão por este grande vinho.

A vinícola “Monacesca” (dos monges) nasce em 1966 por vontade de Casimiro Cifola.
 

Em 1973 começa a produzir, com marca própria, o Verdicchio di Matelica.

Em 1982, Aldo, filho de Casimiro, se junta ao pai e suas novas ideias se revelam de extrema importância para a melhoria do vinho.

 Em 1988 nasce a perola da Vinicola La Monacesca: “MÌRUS” (maravilhoso em latim) que quase imediatamente passa a ser rebatizado “MÌRUM”.

Nas montanhas e longe da influência marina, a pequena denominação, apenas 300 hectares e dez vezes menor que a denominação Castelli di Jesi, “Verdicchio di Matelica” encontra no “MÌRUM” sua melhor expressão.
 

Não sinto nenhum receio em classificar o “MÌRUM” como um dos melhores brancos italianos e que pode, sem susto, rivalizar com os grandes franceses.

O clima continental reduz a produção de cachos, mas o vinho obtido é recompensado com proverbial complexidade e capacidade de envelhecimento.

Quem degusta, às cegas, o “MÌRUM” é levado a pensar (eu também pensei) que o vinho foi magistralmente vinificado e afinado em barrique.
 

Ledo engano: O “MÌRUM”, com sua “gordura”, complexidade, profundidade, equilíbrio, seus aromas múltiplos e quase indecifráveis, é vinificado apenas em inox e repousa seis meses em garrafa antes de ser comercializado.

Grande vinho que pode ser encontrado nas boas enotecas.

Antes de encerrar: Você está sentado, relaxado, já comprou seis garrafas de Nº 1 da Perini por R$ 190, bebeu uma e não sabe o que fazer com as outras cinco?
 

Bem, o “MÌRUM”, como estava dizendo, pode ser adquirido por 16/18 Euros.

Em sua próxima viagem, prove e comente.

Bacco.

17 comentários:

  1. mais um texto com ótimas dicas, Bacco, parabéns. fiquei curioso: além de Jesi e Matelica, quais outras denominações estão na sua lista de brancos italianos? imagino que Gavi e alguma coisa do Friuli... conta aí!

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    1. Eduardo, dê uma passada nas matéria mais antigas e verá que há outros bons brancos comentados

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  2. Não sinto nenhum receio em classificar o “MÌRUM” como um dos melhores brancos italianos e que pode, sem susto, rivalizar com os grandes franceses

    Voces estao loucos. No outro website eu disse que havia otimos vinhos italianos ao nivel de otimos franceses e fui execrado da face da serra gaucha. Agora aparecem dizendo (singular, aparece dizendo) justamente o que eu havia escrito.

    Nao me lembro quem foi ai que escreveu aquilo, mas me encheram de porrada pelo que eu disse.

    Exijo retratacao publica, seguida de uma degustacao de vinhos brancos catarinenses como desculpa. O sommelier Bilu Teteia sera o arbitro imparcial (como sempre, secondo me) dessa degustacao.

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    1. Se você foi execrado , você mereceu.......
      Há alguns italianos brancos tão bons quanto os franceses , mas no conjunto da obra os vinhos da Côte D'Or são insuperáveis.
      Secondo me, nossa punição é justa e merecida . Beber Villa Fanchona será nosso castigo.

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    2. Há alguns italianos brancos tão bons quanto os franceses , mas no conjunto da obra os vinhos da Côte D'Or são insuperáveis.

      Pois foi bem o que escrevi, exceto que nao dei nome ao boi cote d'or, mas sim me referi a borgonha em geral.

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  3. É um vinho para quem não pronuncia [gesi], naturalmente amigos dos que falam [xianchi] e [gaja]...

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    1. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

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  4. Muito bom Bacco! Mais uma grande matéria, parabéns!
    Eduardo

    PS: mas também lembro dessa discussão do antigo site e lembrei exatamente dela ao ler a matéria, antes de ver o comentário do AWESOMO 4000.

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  5. Opa, censuraram um comentário com uma pergunta para um dos comentaristas ali de cima (Jucelio) em que questionava se ele era o mesmo que havia debatido com o Danielle há tempos no yahoo groups. Não entendi...

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  6. VC tá louco? Censura em B&B? Nem sob tortura.
    Alguma coisa aconteceu ou deu errado. Quem postou e deu errado , poste novamente

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    1. A pergunta era justamente o que disse no post acima: se o Jucelio que postou um comentário ainda mais arriba, era aquele que, em priscas eras, discutiu fervorosamente com o Dani Ele.

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    2. É só você clicar sobre o nome, ler as informações do perfil do blogger e verá que é o mesmo.

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  7. Respostas
    1. Ah sim, obrigado pela resposta. E você chegou a experimentar mais algo dele ou parou naquele objeto da discussão travada entre vocês? Se sim, achou ruim também ou viu alguma qualidade?

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    2. Não provei e nem provarei! Explico: pagar fortunas para algo medíocre não é minha praia, ou seja, só volto a experimentar quando me for oferecido por alguém que tenha cometido a loucura da compra, ou que tenha sido seduzido pelo pesado marketing...

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    3. Novamente obrigado pelo retorno. Imaginei mesmo que não tivesse dado mais chances, especialmente em decorrência da calorosa discussão.

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  8. Falar sobre as tais tentativas de vinho só serve para dar mídia ao fotógrafo que nem seu nome real utiliza, enquanto ele tenta distratar pessoalmente qualquer um que ousar questioná-lo. Para os vinhos dele, faço que nem os tantos "críticos independentes": só tomo se me derem e me pagarem!!!

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